Aline Rodrigues
Mesas redondas sobre Memória e Sustentabilidade, mostra de cinema paraense e oficinas que vão desde “Presença digital e mídias sociais” a “Produção de biojoias”, além de apresentações de música e dança, estão na programação do Circuito Paracauary de Arte, Cultura e Sustentabilidade do Marajó Oriental, aberto nessa segunda-feira, 20, em Salvaterra, onde segue até quarta, 22, chegando a Soure, nos dias 23 e 24 de novembro.
“O objetivo do projeto é abrir uma janela de diálogos entre nós, marajoaras, para que a gente consiga preservar, deixar viva essa memória e essa ancestralidade dentro da arte, da cultura e do meio ambiente marajoara. A gente sabe que o Marajó é um território muito rico de ancestralidade e memória, rico de cultura e na questão de meio ambiente. Então, a gente pode usar arte e a cultura que são tão fortes dentro do nosso território, para proteger também a nossa biodiversidade rica, as praias, rios, igarapés”, disse Ícaro Éssi, produtor executivo do coletivo M’barayó, que é realizador do evento.
O Circuito Paracauary foi pensando por Ícaro e alguns amigos há muito tempo, quando eles ainda estavam no Ensino Médio, mas nada muito estruturado. Pensavam em fazer alguma coisa envolvendo arte, porque na escola em que estudavam, em Salvaterra, havia muitos projetos envolvendo arte.
“Antes de saber que queria fazer arte de verdade, a gente já tinha esse apoio da escola para ser artistas. O circuito foi pensado enquanto projeto em 2018, quando eu já estava na faculdade, mas enquanto sonho, ele está aí desde 2015. E já com toda a bagagem que tenho de cinema, do audiovisual, que faço faculdade, convidei alguns amigos artistas que conhecia e estamos construindo desde janeiro o circuito”, contou Ícaro.
Pela manhã, acontecem as mesas redondas falando sobre Memória e Sustentabilidade. Já à tarde tem mostra de cinema paraense e oficinas, e à noite, apresentações apresentações artísticas. Nesta quarta, 22, há a DJ Sanira na Taberna Marajó; na quinta, 23, o DJ Nat/Esquema, no Centro Comunitário do Pesqueiro; e na sexta, 24, é a vez dos Tambores do Pacoval, na Associação dos Moradores do Pacoval. Além de música, o projeto inclui pinturas de murais nas duas cidades.
“O projeto quer conversar com a galera que já está aqui, trabalhando há mais tempo nessa área de cultura, para ver como a gente pode preservar a nossa memória, as nossas raízes. A gente vem com essa ideia de pensar no coletivo, no que veio antes e de onde nós viemos”, pontuou Ícaro.
O Coletivo M’barayó – Marajó, Sociedade e Justiça Climática, formalmente criado em janeiro de 2023, busca o protagonismo marajoara dentro do contexto amazônico, ao preservar a cultura e a memória do Marajó Oriental, mais especificamente focado nas cidades de Soure, Salvaterra e Cachoeira do Arari. Formado por muitas mãos, estabeleceu duas frentes de ação: Frente de Arte e Cultura e Frente de Sustentabilidade e Justiça Climática.
“Nós somos um território riquíssimo no que diz respeito a artistas e fazedores de cultura. O que falta no Marajó – e aqui eu sempre falo do contexto Marajó oriental e Marajó dos campos – é fomento. Quando as pessoas começam a enxergar a cultura e a arte daqui como algo a ser realizado no dia a dia, elas percebem a importância de manter viva essa memória. E há tempos percebe-se que a memória vem se apagando num processo lento e curioso. Nossos jovens e adolescentes têm perdido o interesse no fazer arte marajoara e nossas atividades tentam falar sobre isso e sobre a importância de viver o Marajó e de ser marajoara pelo mundo”, destacou Ícaro sobre a importância de realizar o evento na região, graças ao Edital de Arte e Cultura da Fundação Cultural do Pará do Governo do Estado do Pará.