LUTO

Cinema perde Pedro Veriano aos 88 anos

Pedro Veriano: uma vida dedicada ao cinema. Saiba mais sobre o crítico e pesquisador que marcou a história do cinema.

Apaixonado pela sétima arte, exibiu filmes na garagem de sua casa, que chamava de Cine Bandeirante, de 1950 a 1984.
Apaixonado pela sétima arte, exibiu filmes na garagem de sua casa, que chamava de Cine Bandeirante, de 1950 a 1984.

Crítico e pesquisador de cinema com três livros publicados sobre o assunto, o médico e jornalista Pedro Veriano morreu na tarde desta segunda-feira, 6 de janeiro, aos 88 anos de idade. Ele estava internado há alguns dias em um hospital particular de Belém, e teve agravamento do quadro clínico hoje. Casado desde 1961 com a socióloga, cientista política e também crítica de cinema, Luzia Miranda Álvares, com quem teve quatro filhas. O velório será no Cine Líbero Luxardo, hoje, a partir das 22h.

Apaixonado pela sétima arte, exibiu filmes na garagem de sua casa, que chamava de Cine Bandeirante, de 1950 a 1984.

São de sua autoria os livros “A Critica de Cinema em Belém” (1983), “Cinema no Tucupi” (1999) e “Fazendo Fitas – Memórias do Cinema Paraense” (2006). Foi colunista de cinema no extinto jornal impresso “A Provincia do Pará” entre 1963 a 2001, e também responsável pela coluna de cinema de “A Voz de Nazaré”. Autor de curtas-metragens entre os anos de 1951 e 1974, e videos de 2001 em diante.

Dirigiu o cineclube da Associação Paraense de Crítica de Cinema (APCC) – que depois se chamaria Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA) – entre 1967 e 1986. Presidiu a Associação de Criticos do Pará por largo periodo.

No perfil da Cinemateca Paraense, projeto independente de pesquisa, documentação e preservação do cinema e do audiovisual do estado do Pará, uma postagem foi publicada no início da noite desta segunda rendendo homenagens a Veriano.

“Hoje o cinema paraense se despede de Pedro Veriano, crítico, cineclubista e realizador que dedicou a vida ao cinema. Seus livros de memórias sobre o universo cinematográfico são nossas primeiras referências na pesquisa do cinema paraense. Veriano deixou um legado de amor ao cinema que atravessou gerações, exibindo filmes fora do circuito comercial com recursos próprios, realizando filmes como ‘Brinquedo perdido’, de 1962, marco do cinema paraense, e escrevendo sobre filmes há mais de 60 anos. Abraçamos a família e amigos deste homem do cinema”, diz o texto.

Para o também crítico de cinema Marco Antônio Moreira, que foi presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), “Dr. Pedro”, como muitos o chamavam, é uma das pessoas mais encantadas pelo cinema que ele conheceu.

A relação com Pedro vem na verdade do pai de Marco Antônio, Alexandrino Moreira, falecido em 2007, outro apaixonado por cinema e que foi dono do circuito Cinearte – que abrangia os cinemas 1, 2 e 3 – na Trav. São Pedro, na Batista Campos, em Belém.

“O amor dele pelo cinema contagiava todos e tenho memórias desde criança com ele, meu pai, cinemas, cineclubes. Ele sempre entusiasmado pelo cinema, pelos filmes. A partida dele é uma realidade difícil de aceitar… Sentirei muitas saudades, eternamente. Nesse momento difícil só penso e sinto em ser grato à ele por tanto amor, carinho e consideração. Ele nunca será esquecido!”, declara, em tom de agradecimento.

O governador Helder Barbalho (MDB) publicou, nas redes sociais, nota de pesar. “Um ícone da cultura paraense. Médico, jornalista, crítico e pesquisador de cinema, Veriano foi pioneiro do cineclubismo e da crítica cinematográfica no Pará, deixando um legado inestimável. Neste momento de dor, nos solidarizamos com seus familiares, amigos e admiradores”, solidariza-se.

A titular da Secretaria de Estado de Cultura, Úrsula Vidal, também se manifestou em texto divulgado pela assessoria de comunicação da pasta.

“Pedro Veriano tinha um olhar raro e um amor tão grande pelo cinema que nos provocava sentimentos de reverência. Foi um homem obstinado, com um talento que lhe garantiu experiências exitosas em quase todas as frentes: na crítica, na pesquisa, na articulação do setor, na direção e na literatura que produziu marcos de história e memória sobre o audiovisual paraense. Uma pena, essa despedida… Mas é preciso celebrar sua trajetória incrivelmente profícua. Veriano nos deixa um legado intelectual que servirá de fonte de pesquisa para muitas gerações”, lamentou.