Crítico e pesquisador de cinema com três livros publicados sobre o assunto, o médico e jornalista Pedro Veriano morreu na tarde desta segunda-feira, 6 de janeiro, aos 88 anos de idade. Ele estava internado há alguns dias em um hospital particular de Belém, e teve agravamento do quadro clínico hoje. Casado desde 1961 com a socióloga, cientista política e também crítica de cinema, Luzia Miranda Álvares, com quem teve quatro filhas. O velório será no Cine Líbero Luxardo, hoje, a partir das 22h.
Apaixonado pela sétima arte, exibiu filmes na garagem de sua casa, que chamava de Cine Bandeirante, de 1950 a 1984.
São de sua autoria os livros “A Critica de Cinema em Belém” (1983), “Cinema no Tucupi” (1999) e “Fazendo Fitas – Memórias do Cinema Paraense” (2006). Foi colunista de cinema no extinto jornal impresso “A Provincia do Pará” entre 1963 a 2001, e também responsável pela coluna de cinema de “A Voz de Nazaré”. Autor de curtas-metragens entre os anos de 1951 e 1974, e videos de 2001 em diante.
Dirigiu o cineclube da Associação Paraense de Crítica de Cinema (APCC) – que depois se chamaria Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA) – entre 1967 e 1986. Presidiu a Associação de Criticos do Pará por largo periodo.
No perfil da Cinemateca Paraense, projeto independente de pesquisa, documentação e preservação do cinema e do audiovisual do estado do Pará, uma postagem foi publicada no início da noite desta segunda rendendo homenagens a Veriano.
Para o também crítico de cinema Marco Antônio Moreira, que foi presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), “Dr. Pedro”, como muitos o chamavam, é uma das pessoas mais encantadas pelo cinema que ele conheceu.
A relação com Pedro vem na verdade do pai de Marco Antônio, Alexandrino Moreira, falecido em 2007, outro apaixonado por cinema e que foi dono do circuito Cinearte – que abrangia os cinemas 1, 2 e 3 – na Trav. São Pedro, na Batista Campos, em Belém.
“O amor dele pelo cinema contagiava todos e tenho memórias desde criança com ele, meu pai, cinemas, cineclubes. Ele sempre entusiasmado pelo cinema, pelos filmes. A partida dele é uma realidade difícil de aceitar… Sentirei muitas saudades, eternamente. Nesse momento difícil só penso e sinto em ser grato à ele por tanto amor, carinho e consideração. Ele nunca será esquecido!”, declara, em tom de agradecimento.
O governador Helder Barbalho (MDB) publicou, nas redes sociais, nota de pesar. “Um ícone da cultura paraense. Médico, jornalista, crítico e pesquisador de cinema, Veriano foi pioneiro do cineclubismo e da crítica cinematográfica no Pará, deixando um legado inestimável. Neste momento de dor, nos solidarizamos com seus familiares, amigos e admiradores”, solidariza-se.
A titular da Secretaria de Estado de Cultura, Úrsula Vidal, também se manifestou em texto divulgado pela assessoria de comunicação da pasta.
“Pedro Veriano tinha um olhar raro e um amor tão grande pelo cinema que nos provocava sentimentos de reverência. Foi um homem obstinado, com um talento que lhe garantiu experiências exitosas em quase todas as frentes: na crítica, na pesquisa, na articulação do setor, na direção e na literatura que produziu marcos de história e memória sobre o audiovisual paraense. Uma pena, essa despedida… Mas é preciso celebrar sua trajetória incrivelmente profícua. Veriano nos deixa um legado intelectual que servirá de fonte de pesquisa para muitas gerações”, lamentou.