Exibição de filmes e formação audiovisual formam as bases do Cine Quilombo, que chega neste sábado, 27, ao Quilombo São José do Icatu, em Mocajuba, localizado no nordeste do Pará. Logo em seguida, o projeto sai em itinerância. Ao todo, serão contempladas oito comunidades quilombolas da região Tocantina do Pará até outubro deste ano.
O Cine Quilombo é feito pela produtora Cine Diáspora, em parceria com a escola Ananse, que desenvolve uma formação continuada e conta com uma especialidade na formação de cinema antirracista, descreve Rafael Nzinga, diretor da produtora. “Na primeira vez que a gente foi para a região, em maio, fizemos uma formação com 20 pessoas, que tiveram aulas de assistência de fotografia, com equipamentos de primeira linha do audiovisual, com acesso a lentes, câmeras em 8k e a equipamentos de iluminação”.
Depois dessa formação, foi gerado um filme que será exibido nas comunidades, além de uma formação continuada na área da fotografia. Desde seu início, a produtora tem um trabalho muito forte voltado para a valorização do cinema negro, desenvolvendo ações em diversas partes do Estado, como foi o caso de uma formação que ocorreu anteriormente no distrito de Outeiro, mas com o tempo, passou a abranger outras localidades, como por exemplo, a região Tocantina.
“A ideia principal do projeto é formar e dar visibilidade para pessoas pretas e quilombolas, que estão dentro dessas comunidades, que abrangem uma região muito importante para a gente pela sua história e riqueza”, diz Rafael Nzinga, acrescentando que na programação será feita uma homenagem a Maria Felipe Aranha, que era uma líder dessa região.
Neste sábado, além do filme que resultou da última formação local, será exibido o filme “A Misura de Anhanga”, que foi o filme gravado dentro dessa oficina, e mais outros filmes, que são: o “Samba de Cacete”, gravado na região de Igarapé Preto, pelo cineasta paraense André Santos, e “As Mensageiras da Floresta”, da comunidade indígena Munduruku.
A primeira experiência de Rafael Nzinga, enquanto produtora, com os coletivos Munduruku ocorreu há três anos, a partir de uma formação em audiovisual. “Pra gente é muito interessante porque isso faz muito sentido dentro da nossa ideia, que é formar novas pessoas para o mercado audiovisual. Lembrando que o mercado audiovisual é a indústria que mais cresce no Brasil”, destaca.
“A gente tem muito recurso, muitas pessoas sendo contratadas, mas quando a gente vai ver quem está sendo contratado, a gente não tem muita participação de pessoas pretas e indígenas [neste mercado audiovisual]. Então essa formação é muito no sentido de preparar essas pessoas com o mercado crescente. Damos a elas algumas ferramentas de alta qualidade, além de informação para essa iniciação no mercado”, completa.
O Cine Quilombola ainda retorna para Mocajuba dia 14 de setembro, percorrendo, no segundo momento, o Quilombo Tambaí-Açu. Antes, seguirá para o Quilombo do Cardoso, no dia 3 de agosto, e para o Quilombo de Engenho, no dia 10 de agosto, ambos no município de Baião. Em Cametá, no Quilombo da Terra da Liberdade, eles chegam no dia 24 de agosto e voltam no dia 21 de setembro, mas desta vez, ao Quilombo de Mupi. No Quilombo do Igarapé Arirá, em Oeiras do Pará, encerram a itinerância, no dia 5 de outubro.
Para participar das programações com formações e exibições, é possível entrar em contato pelo perfil do projeto no Instagram (@cinediaspora). Selecionado pelo Edital de Fomento ao Audiovisual – Cinema de Rua ou Cinema Itinerante e Cineclubes, da Lei Paulo Gustavo, o projeto também conta com apoio das associações dos remanescentes de quilombo das oito comunidades participantes.