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Cine Curau retoma ações no Pará

Projeto que agrega cinema e educação para pensar a Amazônia a partir de seus habitantes realiza cursos. Foto: Reprodução
Projeto que agrega cinema e educação para pensar a Amazônia a partir de seus habitantes realiza cursos. Foto: Reprodução

Vidas são transformadas a partir do diálogo entre arte e educação com o projeto Cine Curau, que existe em Belém há cerca de três anos. Fruto de pesquisa e da atuação do músico e arte-educador Mateus Moura, o projeto funciona como um programa de cineclubismo, atuando em vários eixos, com uma mesma finalidade, que é de pensar o mundo a partir do cinema. Ao longo deste ano, o Cine Curau realiza diversas ações, entre elas, oficinas, cursos e formações continuadas com desdobramentos previstos para o segundo semestre. Hoje, 1°, o projeto inaugura suas atividades em 2024 com o workshop “Desinventando a Amazônia: a imagem de um território e suas ficções”, que será ministrado por Mateus Moura. Na outra semana, haverá outra formação com jovens cineclubistas nas escolas municipais Amália Paumgartten, no bairro do Guamá, e Manuela Freitas, em Canudos

O Cine Curau perpassa suas ações a partir de alguns eixos, com oficinas de criação cinematográfica, no intuito de fazer e exercitar a produção de filmes, além do desenvolvimento de poéticas. São realizadas também sessões cineclubistas, com exibições de filmes seguidos de debate.

“Tem um interesse educativo nessa ação. São sessões cineclubistas que podem se dar por uma sessão ou por mostras. Tem outro eixo, que é a oficina de formação jovem cineclubista, para ensinar ou fortalecer cineclubes que já existem ou iniciativas de cineclubes abertos em escolas, universidades, comunidades, centros comunitários, enfim, em qualquer lugar. Essas oficinas propõem o protagonismo da juventude, desde o processo de curadoria, de pensar o cineclube”, explica Mateus Moura atuante na área do cinema há 15 anos.

Formado em Letras, ele conta que já tinha interesse profissional na área do cinema e na educação desde 2010. “Com amigos, fizemos o Cine Uepa e desde lá, também faço filmes. Fiz parte de cineclubes, enquanto coordenador e colaborador, participei de uma associação de críticos de cinema, trabalhei em políticas públicas para a construção de cineclubes, fiz oficinas para fazer filmes e, há três anos, o Cine Curau nasceu. Ele é, digamos, uma síntese da minha trajetória”.

Os cursos, explica Mateus, são frutos das pesquisas dele no mestrado e doutorado, em que busca pensar o território da Amazônia e as representatividades desse território, “além de propor uma desconstrução disso”, diz.

EM ATIVIDADE

Entre abril e maio, a partir do Cine Curau, vão ocorrer oficinas de 12 horas que pretendem fortalecer os cineclubes que já existem, com formação continuada. “Vamos aprofundar certas questões de cineclubismo, de curadoria. O resultado vai ser a construção de uma curadoria para o segundo semestre. No mês de maio, vai acontecer um curso em parceria com o Sesc Ver-o-Peso, ministrado pelo Adolfo Gomes, que é um cineclubista e crítico importante da cidade. Ele vai discutir o cinema dos anos 1980 no Brasil, fazendo uma revisão crítica desse cinema, que muitas vezes é visto de forma estereotipada”, relata.

Outro curso é com o pesquisador da área de cinema Francisco Weyl, criador do Festival Internacional de Cinema do Caeté – Ficca, em Bragança. “É sobre cinema de guerrilha, um conceito que ele traz para falar de um tipo de cinema que acontece na Amazônia fora daquele grande eixo comercial, do cinema de quilombo, de assentamento, de comunidade e de aldeia. Transita por alguns conceitos que ele vai trazer, com estéticas da gambiarra, com tecnologias do possível”, detalha.

“Há uma discussão mais contundente da ideia de ‘amazonizar’ o currículo, de pensar a Amazônia e ainda o que foi essa construção dela. Também somos provocados a pensar quais são os estereótipos e estigmas que envolvem esse cenário, quem fala e quem é silenciado. Todas essas questões que envolvem a Amazônia enquanto território, enquanto imaginário, nesse momento histórico, estão na moda. Manter viva essa leitura crítica desse mundo já era urgente e agora parece que isso fica mais óbvio”, afirma.