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Cia. Deborah Colker traz o espetáculo "Cura" para o Theatro da Paz

O espetáculo conta com 14 bailarinos no palco e trilha original composta por Carlinhos Brown. FOTO: LEO AVERSA/ DIVULGAÇÃO
O espetáculo conta com 14 bailarinos no palco e trilha original composta por Carlinhos Brown. FOTO: LEO AVERSA/ DIVULGAÇÃO

Deborah Colker dedicou seu tempo, nos últimos anos, a buscar uma cura. No caso, uma solução para a doença genética que seu neto tem, a epidermólise bolhosa. Dessa angústia pessoal nasceu o novo trabalho da companhia de dança que leva seu nome. No entanto, “Cura” é um espetáculo que vai muito além do aspecto autobiográfico, garante a bailarina, em entrevista ao DIÁRIO. Trata de ciência, fé, da luta para superar e aceitar os limites pessoais, do enfrentamento da discriminação e do preconceito.

“Desta questão pessoal nasceu ‘Cura’, mas na verdade é um espetáculo que vai muito além do autobiográfico. Porque, apesar do Theo, meu neto, ser uma das inspirações para o espetáculo, o conceito do espetáculo só tomou forma com a morte de Stephen Hawking, em 2018”, diz ela.

Apesar de sua doença degenerativa, a ELA (Esclerose lateral amiotrófica), o famoso físico, que tinha expectativa de vida de apenas mais três anos, viveu mais de 50 anos criativos e iluminados. “Foi então que me dei conta que há outras formas de cura além das que a medicina alcança. Foi então que entendi o que é a cura do que não tem cura”, elabora Colker.

O cenógrafo e diretor de arte Gringo Cardia criou rampas cuja inclinação: “simboliza a gravidade da imobilidade e do descontrole e suas palavras – emoção”. FOTO: LEO AVERSA/ DIVULGAÇÃO

Os outros personagens, explica, foram surgindo ao longo do processo de criação e experimentação, como por exemplo o Obaluaê, o orixá da cura e da doença, que a bailarina conheceu a história quando esteve na Bahia. “O espetáculo começou com uma inspiração pessoal, mas transcendeu esse campo”, reforça. Prova disso foram as colaborações recebidas para concebê-lo.

A dramaturgia é do rabino Nilton Bonder e a trilha original é de Carlinhos Brown. Convidado inicialmente para compor apenas o tema de Obaluaê, o músico acabou criando praticamente toda a trilha, inclusive a canção inicial, dos versos “Traga meu sorriso para dentro” e “Sou mais forte do que a minha dor”. “A música veio na minha cabeça logo depois da primeira conversa com Deborah. Eu pensei: ‘Isso é um chamado, não é uma trilha normal’”, disse o músico.

Brown canta em português, ioruba e até em aramaico. Os 14 bailarinos em cena também cantam, em hebraico e em línguas africanas. É algo que acontece pela primeira vez em 29 anos de história da companhia.

“Todos os elementos em cena são pensados para passar um sentimento e contar uma história. O espetáculo começa com Theo, meu neto, contando a história de Obaluaê. Obaluaê é o orixá da doença e da cura, da rejeição e da adoção. Após esse momento temos a bandagem, onde o bailarino utiliza bandagens na coreografia, simbolizando o curativo diário de fora e de dentro. Temos o figurino do obaluaê que faz alusão à pele ferida da história do orixá”, detalha a bailarina.

Os 14 bailarinos em cena também cantam, em hebraico e em línguas africanas. FOTO: LEO AVERSA/DIVULGAÇÃO

Em outro momento do espetáculo há rampas criadas pelo cenógrafo e diretor de arte Gringo Cardia, cuja inclinação, diz Colker, “simboliza a gravidade da imobilidade e do descontrole e suas palavras – emoção”. A assinatura do cenógrafo está também em caixas que, entre várias funções, formam um muro. “O muro passa a imagem de um grande obstáculo, mas ele se divide em vários pedaços. Então, é possível atravessá-lo. É como a gente faz nas nossas vidas”, disse Gringo por ocasião lançamento do espetáculo.

“Ao final temos o momento em que os bailarinos estão cantando e alegres, para simbolizar que devemos preservar a alegria, a alegria também é cura, o sofrimento também tem um fim. Todos esses momentos que pontuei, e outros momentos do espetáculo, seguem uma linha, uma história”, diz Colker.

O espetáculo terá duas sessões em Belém – sábado, às 20h, e domingo, às 18h, no Theatro da Paz, e a companhia não nega a expectativa para esse encontro com a cidade e um de seus principais cartões-postais. “É uma cidade maravilhosa, então voltar é sempre muito bom! Mas estamos especialmente ansiosos porque nunca nos apresentamos no Theatro da Paz, que é lindo e sempre foi um desejo nosso nos apresentarmos lá”, diz Colker.

*com entrevista da repórter Aline Rodrigues.

IMPERDÍVEL

Espetáculo “Cura” da Cia. Deborah Colker
Quando: Sábado (15), às 20h, e domingo (16), às 18h. Após o horário de início do espetáculo, haverá uma tolerância de 10 minutos, após não será permitido o acesso.
Onde: Theatro da Paz (Rua da Paz, s/n, Praça da República)
Quanto: R$ 40 (proscênio PCD), R$50 (paraíso), R$80 (galeria e camarote 2ª ordem), R$120 (frisa e camarote 2ª ordem) e R$150 (varanda e plateia), com vendas online (ticketfacil.com.br) e na bilheteria do teatro.