Wal Sages/Diário do Diário
No palco, apenas as vozes e os violões de Chico César e Geraldo Azevedo ressoam o símbolo que os dois representam para a cena musical brasileira. Ícones, os artistas se apresentam nesta sexta-feira, 24, às 23h, na Assembleia Paraense, em Belém. Anderson Reis é quem abre a noite com show às 21h.
Um é da Paraíba e o outro de Pernambuco, ambos estados localizados no Nordeste brasileiro. Juntos, Chico César e Geraldo Azevedo começaram uma parceria um pouco antes da pandemia, e há um ano transformaram isso em circuito pelo Brasil inteiro. Belém está novamente na rota da turnê “Violivoz” em um show que promete muitas novidades.
Uma delas é o registro em audiovisual gravado na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, que rendeu releituras de alguns dos maiores clássicos da discografia deles, além de mostrar a performance instrumental arrebatadora desses dois grandes violonistas. O produto será lançado em breve.
Com mais de 50 anos de carreira, Geraldo Azevedo é conhecido por canções emblemáticas, como “Dia Branco” e “Táxi Lunar”, duas das músicas que mais foram gravadas por parceiros e tocadas em diversos segmentos culturais, segundo estudo do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) feito no ano passado. Aos 78 anos, ele formou parcerias bem-sucedidas com nomes como Luiz Gonzaga, Geraldo Vandré, Alceu Valença, Elba Ramalho e Zé Ramalho.
As notas musicais, as rimas e toda a poesia usada por Geraldo refletiram seu tempo. Tanto é que a obra desse petrolinense contempla canções românticas e dançantes, além de retratar temas contemporâneos. Nos chamados “anos de chumbo” da Ditadura Militar, ele deu voz a composições como “Canção da Despedida”, composta com Geraldo Vandré, que ecoou entre as diferentes gerações. Depois de meio século de trabalho, ainda hoje essa música é entoada como hino de manifestações de protesto. Já “Dia Branco”, mesmo depois de mais de quatro décadas, ainda embala relacionamentos de apaixonados.
O AMOR É VITORIOSO
Chico César, por sua vez, é também um compositor que traz em suas letras as marcas de dramas sociais. Em seu novo álbum, “Vestido de Amor”, as 11 faixas inéditas produzidas durante o período da pandemia, o artista canta o amor a partir de uma visão positiva do sentimento. “As faixas tratam do amor vitorioso, não necessariamente do amor de uma pessoa por outra, mas o amor pela vida, pelo movimento, pelo gesto”, descreve.
Além de “Dia Branco” e de “Deus Me Proteja”, outros clássicos dos dois artistas estão no repertório do show. São eles: “Moça Bonita”, “Onde Estará o Meu Amor”, “Bicho de 7 Cabeças” e “Mama África”. Duas canções inéditas compostas pela dupla especialmente para a turnê também serão tocadas pelo duo: “Nem na Rodoviária” e “Tudo de Amor”.