
Em praticamente uma semana de tapete vermelho na croisette (como é chamada a parte litorânea da praia, por aqui), já passaram Denzel Washington, Benicio Del Toro, Benedict Cumberbatch, Michael Cera, Scarlett Johansson, Gabriel Leone, Maria Fernanda Cândido e Wagner Moura. Já foram exibidos 12 filmes da competição oficial, da corrida pela disputada Palma de Ouro e outros prêmios – Sound of Falling, Two Prosecutors, Case 137, Sirat, the Little Sister, Eddington, Renoir, Nouvelle Vague, Die My Love, O Agente Secreto, The Phoenician Scheme e Alpha. Do total de 21 filmes, sem contar outras dezenas que totalizam centenas nas mostras Un Certain Regard, Semana da Crítica e Quinzaine.
A repercussão, um dia após o Brasil vir subindo as escadarias do Palais e a duração das palmas após a exibição do filme de Kleber Mendonça Filho totalizar 15 minutos, segue sendo mais do que positiva, com resenhas elogiosas e notas boas como a do júri grid publicado diariamente na revista Screen e distribuído pelo festival. Será que Cannes nos reservará um final feliz?
Wagner Moura e o Cinema Brasileiro em Cannes
Na coletiva de imprensa do filme brasileiro, Wagner Moura ressaltou como está feliz de voltar a fazer um filme no Brasil como ator depois de mais de dez anos e como admira a capacidade de KLM em pegar os thrillers políticos e filmes de espionagem americanos dos anos 70 e mixar com algo muito nosso. O cineasta pernambucano reforçou que fez questão de incluir situações, anedotas e comentários muito pessoais e bem próprios da sua vivência no Recife ao longo do filme, que, de acordo com a produtora Emilie Lesclaux, teve um trabalho hercúleo de ambientação histórica que resultou muito autêntico e natural no resultado final.
No dia em que um dos grande nomes do cinema brasileiro, um dos pilares do movimento cinematográfico revolucionário que foi o cinema Novo, Cacá Diegues, completaria 85 anos, a mostra paralela Cannes Classics (dedicada a filmes de patrimônio e obras sobre personalidades cinematográficas) exibiu o documentário “Para Vigo Me Voy”, de Karen Harley e Lírio Ferreira. A sessão contou com a presença do filho e da filha do cineasta e da viúva, sendo um momento absolutamente emocionante de celebração do legado de um dos grandes sonhadores do nosso cinema. Ferreira apontou como Cacá foi um cineasta ‘da frontalidade, da humanidade e da generosidade’, responsável por filmes como Ganga Zumba, Deus é brasileiro, Quilombo, Xica da Silva, O Maior Amor do Mundo, A Grande Cidade e Bye, Bye Brasil.
*Por Lorenna Montenegro – Direto de Cannes, França