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Chef paraense dá aula em evento vegano em Brasília

A chef Petra Marron é vegana e criou a Verderosa, primeira padaria vegana de Belém FOTO: LAIS TEIXEIRA/DIVULGAÇÃO
A chef Petra Marron é vegana e criou a Verderosa, primeira padaria vegana de Belém FOTO: LAIS TEIXEIRA/DIVULGAÇÃO

TEXTO: ALINE RODRIGUES

Uma “Focaccia Sem Glúten” é o que a chef paraense Petra Marron irá ensinar durante uma aula-show hoje, 3, a partir das 10h, no Espaço Cultural Mapati, em Brasília, dentro da programação “Rolê Veggie”, um dos maiores eventos de gastronomia e feira vegana, que acontece no Distrito Federal.

“Vou ensinar a fazer uma focaccia, que além de vegana, também é sem glúten. Ela é extremamente saborosa e perfumada, impossível não gostar. Sobre a metodologia do ensino, vou focar em certos pilares importantíssimos da panificação sem glúten, como o mix de farinhas e a substituição dos ovos”, disse a chef.

Desde 2018, Petra está à frente da cozinha da Padaria Verderosa, a primeira padaria vegana do Pará, e considera o momento de participação no “Rolê Veggie” como muito especial.

“Confesso que quando recebi o e-mail com o convite, chorei de emoção. Trabalho com gastronomia vegana há bastante tempo, foi e é uma jornada de muito trabalho, muita plantação para colher frutos. Amo o que faço e continuaria fazendo independente dessas validações que trazem reconhecimento para o trabalho, mas é claro que uma oportunidade como essa coloca mais gás no propósito, me faz pensar que estou mesmo fazendo a coisa certa”, falou ela, que acredita que a cena vegana vem crescendo bastante e se fortalecendo no Brasil.

“No Norte, em Belém do Pará, também estamos construindo nossa história com uma relação mais consciente e sustentável de consumo e é incrível poder fazer o conhecimento circular. Eventos como o ‘Rolê Veggie’ são provas de que as pessoas estão mais abertas para essa forma de consumir e se relacionar com a natureza e com os animais. E vai ser assim cada vez mais, pois nós precisamos disso!”, reflete ela.

O objetivo da iniciativa, que tem patrocínio do Ministério da Cultura (MinC), é ajudar outras pessoas pelo Brasil a prepararem pão vegano, sem glúten e com sabor.

VEGANISMO É PARA TODOS

“Por base, o veganismo sempre busca oferecer opções de alimentação que sejam inclusivas e saudáveis para qualquer pessoa – seja ela vegana ou não. Como o glúten é uma preocupação crescente, é fundamental que a culinária vegana crie receitas livres de farinha de trigo e cereais que têm essa proteína – como aveia, centeio e cevada”, contou a chef, que com 15 anos se tornou vegetariana.

“Imagina não ter quase nada para comer nos restaurantes, casas de familiares e amigos. Tive que aprender a cozinhar, não tive outra saída! Daí pra frente o veganismo me escolheu, fui me apaixonando pelo reino dos vegetais, me encantando pelos sabores e texturas vindos das plantas”, acrescentou ela, que se tornou vegana por uma questão ideológica, mas se tornou chef de cozinha e padeira porque acredita que o veganismo a escolheu. “Me abraçou, me acolheu. Sou muito feliz com tudo que recebo a partir dessa decisão de vida. Recebo muito mais do que consigo dar. Sou muito grata!”, disse ela.

Como consumidora vegana, a chef buscou oferecer para a cidade aquilo que sentia falta. E a Padaria Verderosa também foi para ela poder acessar um lugar amigável para veganos, pessoas intolerantes à lactose, glúten, e todos aqueles que de alguma forma estão abertos para essa forma de se alimentar.

“Com o tempo a demanda foi crescendo, as pessoas buscam cada vez mais alimentos sem glúten, livres de ingredientes de origem animal. Acaba virando um ciclo virtuoso de saúde, cuidado e consumo consciente”, contou ela.

ALIMENTOS PLANT BASED SÃO ALTERNATIVA SAUDÁVEL

Segundo a nutricionista Jamile Barros, com o aumento do consumo de ultraprocessados e maus hábitos de vida, a saúde da população tem sido afetada por condições como sobrepeso, obesidade, desequilíbrio da saúde intestinal. Essas condições acarretam sintomas que podem ser temporários ou permanentes, entre elas, alergias cutâneas, acne, insônia, alterações hormonais, e sensibilidade à substâncias como glúten e lactose.

“Diante disso, o mercado gastronômico inclusivo tem ganhado espaço, pois cada vez mais as pessoas entendem que sua saúde depende do que faz parte da dieta habitual. Alimentos baseados em plantas são uma ótima alternativa, pois além de serem fontes de fibras, reduzidos em calorias e gorduras saturadas, também podem ser isentos de glúten e lactose. A escolha por uma alimentação mais saudável promove melhora na qualidade de vida, longevidade, e proporciona uma maior variedade alimentar”, disse Jamile.

Ainda segundo ela, é importante ter chefs capacitados e responsáveis para a produção e fornecimento de alimentos isentos de glúten, pois além das condições já descritas acima, existem os celíacos, que são pessoas que possuem alterações imunológicas que os impedem de consumir alimentos com essa proteína, esse contato pode causar muitos danos à saúde e ameaçar a vida desses indivíduos.

“A exclusão do glúten é recomendada para portadores de doenças celíacas, mas também para condições transitórias, com o adequado acompanhamento nutricional e médico. Indivíduos que não possuem sensibilidade nem intolerância ao glúten, não devem excluí-lo por conta própria. A gastronomia vegana tem aberto portas para uma alimentação mais inclusiva, sem alimentos de origem animal e agrega também pessoas com condições clínicas que as tornam um público muito especifico e que busca alternativas de consumo consciente”, finalizou ela.