TEXTO; WAL SARGES
Dezoito xilogravuras compõem a exposição “Os Múltiplos e o Tarot”, resultado de mais de dois anos de pesquisa sobre as cartas de Tarot. A mostra está aberta até domingo, 18, de segunda à sexta, no horário das 9h às 17h, na Casa das Artes (ao lado da Basílica de Nazaré) . Palestras, live, rodas de conversas entre artistas e até uma defesa de TCC integram a programação, que conta com participações especiais, sendo uma delas, a da artista visual Elisa Arruda, no sábado, 17, tudo com entrada franca.
Entre os onze participantes da mostra coletiva, destaca-se a participação e iniciativa da artista Carolina Baiocco, bolsista pesquisadora do projeto Mordente e natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Bacharelanda em Artes Visuais pela UFRGS, ela está em mobilidade na UFPA e já participou de exposições em São Paulo, Leme, Suíça e Belém. Ela diz que a mostra tem dois grandes propósitos, que unidos deram forma a essa exposição.
“O primeiro deles é trazer a xilogravura para mais perto do público e da cena artística de Belém, fazendo com que o visitante possa ter contato com essa técnica, que para muitos ainda é desconhecida”, aponta Carolina. O outro propósito chega com a mensagem individual que cada artista depositou em seu trabalho, porém, uma questão é comum:
“Em contraponto com os baralhos de tarot mais conhecidos, que são de origem europeia e vinculados diretamente às cortes da nobreza da época, os trabalhos da exposição buscaram trazer o baralho do tarot para a realidade atual brasileira. Seja abordando questões políticas e sociais, seja abordando a cultura e natureza”, destaca.
Artistas participantes fizeram interpretações pessoais
Carolina diz que a mostra vai além das pesquisas coletivas. “Cada artista escolheu uma ou mais cartas do baralho de tarot e as pesquisou individualmente, trazendo para o seu trabalho na gravura, uma releitura e interpretação pessoal do significado daquela carta”, explica. O que dialoga com o seu Projeto Mordente (Núcleo de Pesquisa e Experimentação da Imagem Gráfica), que atua na pesquisa da imagem gráfica, ou seja, na área da gravura.
“Esta é uma técnica muito antiga, que remete ao século 2, na China. A gravura contempla uma diversidade de técnicas, como, por exemplo, a xilogravura, calcogravura, serigrafia, entre outras. Uma das características da linguagem é a de permitir a reprodução de uma imagem”, aponta. Uma vez que o artista produz a sua matriz com a imagem, ele pode imprimir um número de cópias, estas cópias também são chamadas de múltiplos.
“O nome da exposição vem desta característica da gravura, que é a possibilidade dos múltiplos, assim como as diversas interpretações presentes nos trabalhos”, acrescenta Carolina. A exposição conta com 18 gravuras, sendo 17 xilogravuras e uma serigrafia, e cada uma das obras representa uma versão de uma carta de tarot.
A importância desta exposição, diz a artista, “é a visibilidade e materialização de um projeto de extensão da universidade pública, que sai dos laboratórios e é apresentado à comunidade externa”.
O Mordente é um projeto de extensão que recebeu o III Prêmio Proex de Arte e Cultura/2021, e consiste na ativação do Laboratório de Gravura da Faculdade de Artes Visuais da UFPA, através de ações extensionistas. Dentre elas, a implementação da prática de “atelier livre” na universidade, através de encontros semanais abertos à participação de alunos, egressos do curso, artistas, pesquisadores e sociedade civil.