O repique dos tambores, a levada da guitarra que mimetiza a percussão e o bumbo que explode com seu grave nas caixas dos trios elétricos. O som que se tornou uma das principais marcas da Bahia, cujo marco inicial se deu há 40 anos, ditará o ritmo da festa.
Salvador vai às ruas neste Carnaval para reverenciar o axé, movimento musical que moldou a cultura da Bahia a partir de 1985 e se consolidou como uma miscelânea de ritmos que se ancora em frevo, galope, ijexá, samba-reggae e outras células rítmicas.
A festa, cuja abertura oficial está marcada para 27 de fevereiro, será o ápice de um longo verão. A temporada pré-carnavalesca inclui ensaios em festas privadas e shows em espaços como o Parque da Cidade e o Pelourinho.
Um dos destaques será um show da cantora e ministra da Cultura Margareth Menezes, que faz o seu ensaio neste sábado (15), no Candyall Guetho Square, com participação de Daniela Mercury e Ivete Sangalo. O mesmo espaço é palco dos ensaios da Timbalada.
A programação oficial destaca a celebração das quatro décadas do axé. O governo lançou o Verão Axé 40 para promover ações em meio às homenagens que acontecem até a Quarta-Feira de Cinzas.
A festa cultural inclui shows, desfiles percussivos, bailes carnavalescos com marchinhas e programação infantil.
“Queremos resgatar a história do axé, homenagear as pessoas que fizeram este movimento cultural acontecer e fazer esta ligação comas gerações atuais”, afirma o secretário estadual de Cultura, Bruno Monteiro. A estimativa é que Salvador receba cerca de 3 milhões de turistas na alta temporada, incluindo estrangeiros, visitantes de outros estados e também moradores de outras cidades baianas.
O calendário ganha tração a partir do dia 22 de fevereiro, no Fuzuê, quando a festa vai tomar as ruas dos bairros de Ondina e Barra nos desfiles pré-carnavalescos. A programação tranquila, com participação de famílias e crianças, inclui desfiles de grupos folclóricos de Salvador, Recôncavo e Baixo-sul. No dia 23 (domingo), será a vez do Furdunço com o desfile de minitrios.
A Melhor Segunda-feira do Mundo, ensaio liderado por Xanddy Harmonia, toma a avenida do dia seguinte. Na terça (25), será o dia de Leo Santana comandar um trio no mesmo trajeto entre Ondina e a Barra. Na quarta, saem os trios e entram as bandas de fanfarra.
A entrega simbólica das chaves da cidade para o Rei Momo acontece na quinta-feira (27), dia em que o Carnaval se espalha pelos circuitos Barra-Ondina, Campo Grande, Pelourinho e Nordeste de Amaralina, além de shows espalhados por diversos bairros.
Além do axé, o evento terá a celebração dos 45 anos do samba-reggae, ritmo criado pelo percussionista Neguinho do Samba. Outro motivo de festa serão os 75 anos do trio elétrico, invenção de Dodô e Osmar que se tornaria uma das maiores revoluções no modo de se fazer Carnaval.
Trios independentes, sem cordas que separam os foliões, vão percorrer os principais circuitos com artistas como Luiz Caldas, um dos precursores do axé. Os blocos com cordas, com abadás que custam até R$ 2.000 o dia, concentram-se no circuito Barra-Ondina, onde desfilam artistas como Ivete Sangalo, Cláudia Leitte, Bell Marques e Durval Lelys.
Outros blocos afro tradicionais como o Cortejo Afro, Didá, Muzenza, Malê Debalê e afoxé Filhos de Gandhy desfilam nos circuitos do Campo Grande e Barra-Ondina. Também vão ganhar a avenida os blocos afro e afoxés. Um dos destaques é a saída do Olodum, no Pelourinho, na sexta-feira de Carnaval. No dia seguinte, é a vez dos tambores Ilê Aiyê vibrarem no Curuzu, bairro da Liberdade.
JOÃO PEDRO PITOMBO/SALVADOR, BA (FOLHAPRESS)