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Carnaval de Belém terá tema único em 2025: Amazônia

O professor e poeta Paes Loureiro é um dos profissionais que deu orientações às escolas sobre o tema central FOTO: ricardo amanajás
O professor e poeta Paes Loureiro é um dos profissionais que deu orientações às escolas sobre o tema central FOTO: ricardo amanajás

Texto: Wal Sarges

Amazônia será o tema do Carnaval de Belém em 2025, unificado para todas as escolas de samba do Grupo Especial, cada uma escolhendo seu recorte. A novidade foi anunciada no último sábado, 27, pela ESA-Escolas de Samba Associadas, durante evento com participação de representantes de diversas agremiações de Belém, além dos professores e pesquisadores João de Jesus Paes Loureiro e Paulo Pinho. No próximo dia 30 de maio haverá o lançamento oficial dos enredos das escolas, com uma grande festa.

O presidente da ESA, Fernando Gomes, o Guga, diz que as escolas são livres para criar seus enredos dentro do tema geral. “A partir de toda a amplitude que a Amazônia tem, a agremiação pode falar da nossa fauna, da flora, das mazelas, do nosso povo, do folclore, enfim. É muito amplo”, indicou. “E para que a gente consiga clarear as ideias dos nossos carnavalescos que vão criar esses enredos, a gente chamou essas autoridades no assunto, que são o professor, doutor, reconhecido mundialmente, o João de Jesus Paes Loureiro, e o Paulo Pinho, que também é professor e doutor em sustentabilidade”, citou Guga, sobre as palestras realizadas pelos dois pesquisadores durante o evento de lançamento do tema.

Guga explicou que Paes Loureiro pode ajudar os carnavalescos a partir de sua expertise sobre Amazônia e de sua relação com o carnaval. “Além de todo o conhecimento, ele é um carnavalesco que participou por muitos anos do Quem São Eles, que fez o samba tema da escola [em 2024], que é uma reedição de 1989, então é um homem que vive o carnaval. Ele faz esse elo entre a Amazônia e a forma como o carnaval pode apresentá-la”.

SUSTENTÁVEL

O tema foi unificado em decorrência da proposta do Carnaval Sustentável, lançado em parceria com o Governo do Estado e a Prefeitura de Belém. “Havia uma inquietação minha muito grande, de como fazer o nosso carnaval diferente, que chamasse a atenção da grande mídia e da sociedade em geral, não mais nesse formato que é uma cópia do que já existe em excelência no Rio de Janeiro. Teria que ser algo com as nossas cores, as nossas coisas e as nossas ideias, então surgiu a ideia do Carnaval Sustentável, muito antes, inclusive, da COP-30, que vem para cá no ano que vem. A ideia é que o nosso carnaval tenha realmente a nossa identidade como região amazônica”, disse Guga, lembrando que serão incluídas ações práticas em relação à sustentabilidade. “É um compromisso que assumimos juntos”.

Amplo e complexo, o tema possibilita várias ideias, analisa o carnavalesco Eduardo Wagner, da escola Boêmios da Vila Famosa. “A gente tem, no carnaval, inúmeras possibilidades de enredos, de crítica, de exaltação e assim por diante. Acho que quando a gente pensa no momento que a gente tem vivido na Amazônia e as escolas de samba aceitam fazer um tema único, mas de uma abrangência muito grande, a gente tem um exercício social e artístico ao mesmo tempo. Porque a gente pode falar das diversas dimensões das Amazônias, seja no âmbito do imaginário, no ambiental ou no social e cultural”, avaliou.

“Também tem um exercício de criatividade, que é uma característica do carnaval, porque nos faz refletir sobre como vamos apresentar, mas de forma criativa e divertida, porque o carnaval não é para ser pesado, nem triste”, completou o carnavalesco.

CRIATIVIDADE

O processo criativo requer uma dinâmica que, para ele, é particular de cada carnavalesco, mesmo com tema único. “Particularmente, fiz uma abordagem no enredo do Boêmios da Vila Famosa que não conta as coisas que a gente já ouviu contar, mas é uma crítica social, no sentido da exaltação do imaginário amazônico também e da comemoração de uma festa da cultura popular. Tudo isso falando de Belém como uma cidade com todas as suas mazelas, os seus problemas urbanos, artísticos, culturais, como uma cidade da Amazônia. Para a gente ter em mente que falar de Amazônia é falar também da cidade, por isso que ela também precisa ser cuidada, preservada, ser limpa, porque os seres vivos habitam também na cidade”, observou.

Segundo Fernando Guga, em 2025 serão nove agremiações integrantes do Grupo Especial na avenida. “De uma maneira inédita, estamos lançando um calendário todo antecipado. Isso nunca aconteceu. Agora, em abril, já estamos discutindo o tema e nós vamos fazer uma grande festa na Aldeia Cabana, no dia 30 de maio, para lançar todos esses enredos. No primeiro semestre, já estaremos lançando o carnaval e isso vai possibilitar que as escolas trabalhem com mais calma, tenham condições de organizar melhor os desfiles, fazer uma captação de recursos maior para que a gente realmente tenha um carnaval que vai ser um divisor de águas para a história do carnaval de Belém”, projetou.

As escolas contam com a confirmação das subvenções de Estado e Prefeitura, mas pretendem buscar outros meios de financiamento. “Estamos com projetos em andamento tanto da Lei Rouanet, as leis de incentivo, assim como já temos o aceno do Banpará, do governador, que vai ajudar nessa captação para que a gente tenha também recursos para começar a trabalhar cedo, porque isso baixa o preço das mercadorias. Todo mundo comprando ao mesmo tempo, em janeiro, o preço sobe, é lei de mercado. E a gente tendo a possibilidade de comprar ainda no início do segundo semestre, tem uma barganha muito maior”, argumentou o presidente da ESA.