Wal Sarges
Quatro décadas marcam a trajetória de uma das maiores bandas de rock do Brasil, o Capital Inicial. Belém é uma das 14 cidades escolhidas para receber a turnê comemorativa do grupo, em show que ocorre nesta quinta-feira, 20, às 22h, na Assembleia Paraense.
Intitulada “Capital Inicial 4.0”, a turnê rememora os hits, faixas preferidas dos fãs, traz novidades e versões inéditas dos clássicos da banda formada pelos irmãos Fê e Flávio Lemos (bateria e baixo), em 1982, em Brasília, como um dos desdobramentos do Aborto Elétrico (que também gerou a Legião Urbana), a qual se juntaram Dinho Ouro Preto (vocal) e Yves Passarell (guitarra).
“Essa turnê é uma das coisas mais ambiciosas que já colocamos de pé. Serão poucos shows e acredito que isso deixa mais irresistível tudo, o cenário, as luzes, a produção”, disse Dinho Ouro Preto sobre os shows iniciados no Rio de Janeiro.
Para o vocalista, a energia estará garantida na plateia. “Os shows do Capital sempre foram intensos e continuam assim, sendo uma celebração, uma catarse. Foi uma cumplicidade que desenvolvemos com os fãs e, com uma data tão especial, acho que tudo será amplificado”.
Os fãs paraenses já estão ansiosos para assistir a tudo. É o caso da professora Mônica Satiro dos Santos, 32. Apaixonada por pop rock, ela conta que estava contando as horas para a banda se apresentar em Belém. “Capital Inicial é uma banda completa. Eu amo as composições e isso inclui as letras, as melodias. Adoro a energia que eles transmitem”, opina. Antes do show, ela conta que se prepara ouvindo as músicas da banda para entrar no clima.
Várias canções embalaram a vida de Mônica, “uma para cada ocasião”, dispara. “Amo ‘Primeiros erros’ porque representa aqueles momentos que a gente se sente meio sem saída em alguns problemas e sente vontade de voltar ao começo para fazer diferente. ‘Natasha’ eu adoro porque me dá uma sensação de liberdade enorme, me sinto representada por essa música. Algo me diz que é como se todos nós tivéssemos uma ‘Natasha’ louca para se libertar de todas as amarras que vamos acumulando ao longo da vida”, analisa ela, que elege, em meio a tantas, as suas favoritas: “Fogo”, “Tudo que vai” e claro, “Natasha”.
O professor Victor Almeida diz que a qualidade das letras do Capital Inicial é o que chama sua atenção. “É uma letra que trata não só de relacionamentos amorosos, mas também da visão do jovem em seus questionamentos, dilemas. ‘Não Olhe para Trás’ é uma das que mais se enquadra nisso. São músicas que trazem muitas reflexões e às vezes, dependendo de como a gente interpreta, isso vai além. ‘Cai a chuva’ é uma música linda, de acolhimento. ‘O Imperador’ é outra música que gosto.”
Outra música que entrou na vida de Victor Almeida e parece ser hino para os fãs é “Tudo que Vai”, que para ele descreve o momento em que saiu de Breves, onde nasceu, com destino a Belém para cursar a universidade. “Estava morando na casa dos meus tios, enquanto minha mãe e minha irmã continuavam em Breves. Eu sentia muita saudade de casa. Era uma fase que a minha casa estava sendo vendida junto com os móveis. Fui a um festival na escola onde estudava, quando uma menina cantava ‘Tudo que Vai’ e caí no choro. Desde então, ela é a minha preferida”, detalha o fã.
Por que o Capital Inicial continua no coração de diferentes gerações de fãs ao longo de 40 anos? O professor acredita que a resposta está além da explosão do rock.
“Tem isso, mas tem o lado reflexivo e para mim é muito nostálgico. Em 2005, 2006, comecei a curtir mais o pop rock e conhecer o Capital pelas letras e musicalidade e o show, que é incrível. Foi um dos que eu mais curti e estou muito ansioso para esse momento”, completa Victor.