
A fronteira entre o humano e o digital na música ganhou um novo capítulo com a chegada de Xania Monet, cantora totalmente criada por inteligência artificial que assinou um contrato de R$ 15 milhões com a gravadora Hallwood Media. A personagem é fruto da mente criativa da compositora estadunidense Telisha Jones, que utiliza a plataforma Suno para transformar suas composições em canções finalizadas, acompanhadas de identidade visual igualmente gerada por IA. O marco reforça a presença cada vez mais concreta da tecnologia no setor, em um momento em que a indústria busca novos formatos de expressão artística.
O primeiro álbum da artista, Unfolded, lançado em agosto, já mostra o potencial do projeto. A faixa How Was I Supposed to Know acumula mais de 5 milhões de reproduções no YouTube e Spotify, enquanto a sonoridade de Xania se aproxima de referências como Beyoncé e Alicia Keys, com forte influência do R&B. Além da música, sua imagem também foi pensada para dialogar com públicos diversos: jovem, negra e retratada em cenários urbanos, naturais e futuristas, todos concebidos por inteligência artificial. A proposta não se limita ao som, mas cria uma narrativa visual que acompanha a estética contemporânea da artista.
Desafios e Debates em Torno da IA na Música
Embora o impacto inicial seja expressivo, a chegada de artistas virtuais levanta debates sobre autoria, autenticidade e sustentabilidade desse modelo no longo prazo. Casos como a banda The Velvet Sundown, que perdeu quase metade de seus ouvintes após um pico inicial, ilustram os desafios da novidade. Além disso, plataformas como a própria Suno enfrentam disputas legais por suposto uso não autorizado de músicas para treinamento, enquanto serviços de streaming como o Deezer já adicionaram alertas para sinalizar conteúdos feitos por IA. Nesse cenário, Xania Monet representa tanto o entusiasmo quanto as incertezas de um futuro em que algoritmos podem dividir espaço com vozes humanas nas playlists globais.