O samba perdeu neste sábado (14) um de seus maiores símbolos: Ubirajara Félix do Nascimento, conhecido como Bira Presidente, morreu aos 88 anos no Hospital da Unimed Ferj, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Fundador do tradicional bloco Cacique de Ramos e um dos criadores do lendário grupo Fundo de Quintal, Bira enfrentava complicações de saúde causadas por um câncer de próstata e pelo Alzheimer.
A notícia abalou o mundo do samba e da música popular brasileira. Nas redes sociais, artistas como Belo, Xande de Pilares, Marcelo D2, Paula Lima, Suel, Vavá, o grupo Art Popular e Tiee prestaram homenagens emocionadas ao mestre, celebrando seu legado.
Filho mais velho de quatro irmãos, criado no subúrbio do Rio de Janeiro, Bira respirou samba desde a infância. Aos sete anos, foi batizado na Estação Primeira de Mangueira. Cresceu cercado por lendas como Donga, Pixinguinha, João da Baiana, Carlos Cachaça e Aniceto do Império, amigos próximos de seu pai, Seu Domingos.
A Trajetória de Bira Presidente e o Cacique de Ramos
Nos anos 1960, ajudou a fundar o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, bloco que nasceu da fusão de pequenos grupos carnavalescos de Ramos e se transformou num dos mais importantes centros irradiadores do samba carioca. Bira ocupou a presidência do Cacique até seus últimos dias.
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No fim da década de 1970, Bira e outros músicos participaram de um show no Teatro Opinião. A apresentação, batizada de “Samba é no fundo de quintal”, deu origem ao grupo Fundo de Quintal, uma das maiores referências do samba de raiz. Ao seu lado estavam nomes como Ubirany, Sereno, Almir Guineto, Jorge Aragão, Sombrinha e Neoci. Em 1980, lançaram o primeiro álbum, e o samba jamais foi o mesmo.
O Reconhecimento Cultural do Cacique de Ramos
Graças à sua importância cultural, o Cacique de Ramos foi reconhecido como Patrimônio Cultural Carioca em 2005 e virou enredo da Mangueira em 2012. Frequentado por artistas como Beth Carvalho e Zeca Pagodinho, o espaço se tornou um verdadeiro templo do samba.
Legado e Família
Bira deixa as filhas Karla Marcelly e Christian Kelly, os netos Yan e Brian, e a bisneta Lua, além de uma multidão de amigos, sambistas e fãs. O local do velório e do sepultamento ainda não foi divulgado.
Diretor de Redação
Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.
