MOSTRA

Bienal das Amazônias abre em Belém com arte viva e escuta radical

2ª Bienal das Amazônias abre em Belém com trabalhos de 74 artistas e coletivos de oito países Pan-Amazônicos

Gwladys Gambie Título da obra: MANMAN CHADWON crédito da imagem: Crédito da artista
Gwladys Gambie Título da obra: MANMAN CHADWON crédito da imagem: Crédito da artista

A 2ª Bienal das Amazônias abrirá ao público no dia 27 de agosto de 2025 em Belém (PA) com o conceito curatorial Verde-Distância. A mostra, que reúne trabalhos de 74 artistas e coletivos de oito países da Pan-Amazônia e do Caribe, seguirá aberta até 30 de novembro, com entrada gratuita. Esta edição apresenta uma constelação de práticas artísticas que atravessam territórios, sonhos, memórias, linguagens e escutas. A curadoria é de Manuela Moscoso (curadora-chefe), junto com Sara Garzón (curadora adjunta), Jean da Silva (cocurador do programa público), e Mónica Amieva (curadora pedagógica).

A 2ª edição conta com patrocínio master do Nubank, Shell e Vale, e patrocínio do Mercado Livre, todos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta ainda com o apoio institucional do Instituto Cultural Amazônia do Amanhã (ICAA) e da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa na Amazônia (FADESP).

A Shell acredita que a cultura é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento de um país. Através do nosso apoio à Bienal das Amazônias estamos possibilitando, juntos, a visibilidade e valorização dos artistas daquela região”, comenta Glauco Paiva, gerente executivo de Comunicação e Marca da Shell Brasil.

“Há 40 anos atuamos no Pará e temos buscado democratizar o acesso à cultura, valorizando a diversidade de expressões artísticas da região. A Bienal das Amazônias é um dos grandes momentos desse movimento, ainda mais relevante neste ano que antecede a COP30”, afirma Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale. 

Segundo Manuela Moscoso, a 2ª Bienal se orienta por atmosferas, forças relacionais e condições de escuta. O ponto de partida curatorial foi a expressão “verde-distância”, retirada do romance Verde Vagomundo, do escritor paraense Benedicto Monteiro. “Distância não é ausência. É matéria. É uma forma de relação que preserva em vez de isolar, que permite o cuidado sem domínio e a copresença sem fusão”, afirma a curadora. “Verde-distância é também uma ética de escuta — uma atenção ao que resiste à tradução, ao que se move entre corpos e mundos sem se deixar capturar”, analisa. Essa abordagem atravessa toda a exposição, que se articula em torno de três forças sensíveis — sonhosmemória e sotaque — já presentes, de diferentes formas, nas práticas dos artistas participantes.

A semana de abertura será marcada por uma programação intensa de performances e encontros públicos. Um dos momentos centrais será a homenagem ao artista acreano Roberto Evangelista (1947–2019), cuja trajetória combinou performance, vídeo criação, escrita e pedagogia como formas de resistência cultural e preservação de histórias afro-amazônicas e indígenas. Evangelista é reconhecido como figura fundamental e pioneiro da arte na região.

Durante a semana de abertura, o público é convidado a participar das Assembleias Verde-Vagomundo – rodas de conversa que reúnem artistas participantes, curadores e visitantes em torno de práticas, experiências e formas de escuta e conversa. Inspiradas na escrita de Benedicto Monteiro, as assembleias são espaços de pensamento partilhado, onde se cruzam vozes, percursos e territórios. Em cada encontro, os eixos sensíveis da Bienal – sonhosmemóriasotaque e distância – orientam os diálogos, que acontecem sem hierarquias e com atenção ao que se constrói entre as falas. São momentos em que a presença coletiva se afirma como método curatorial.

Manuela explica que a 2ª Bienal das Amazônias – Verde-Distância é fruto de um processo curatorial construído por meio de visitas, escutas e pesquisas em territórios brasileiros como Marajó, Amapá, Acre e Boa Vista, e pan-americanos como Guiana, Suriname, Peru, Equador, Colômbia, entre outros territórios. “Buscamos criar uma exposição que amplifique o trabalho dos artistas e que atue como experiência sensível e intelectual para quem a atravessa. Uma curadoria que se constrói como narrativa viva, feita de encontros entre práticas distintas, vozes múltiplas e presenças potentes da região pan-amazônica e para além dela”, afirma Moscoso.

A identidade visual da 2ª Edição da Bienal das Amazônias foi criada pela designer Priscila Clementti e pelo artista Bonikta. A expografia é assinada pela arquiteta Isabel Xavier, segundo a qual o projeto expográfico pensou espaços que convidam as pessoas a acessarem de maneira ativa e criativa o exercício do sonho. “O gesto construtivo preza pela bioeconomia amazônida e formas de presença conectadas ao território, agregando valor e fortalecendo as cadeias produtivas locais em consonância com a multiplicidade de sotaques proposta pela curadoria”, explica Isabel.

A mostra ocupa os oito mil metros quadrados do Centro Cultural Bienal das Amazônias (CCBA), reunindo obras que atravessam espiritualidade, sonoridade, corporalidade, narração e resistência. Em vez de impor um percurso fixo, a exposição se constrói como território em movimento, onde práticas artísticas se entrelaçam com histórias, ritmos e formas de viver. Conforme Manuela Moscoso, é um lugar que convida à presença, à pausa e à escuta. “Queremos criar uma experiência que se afirme com densidade e cuidado, um percurso encarnado, feito de encontros, intervalos e sentidos que não se fecham”, finaliza.

Paty Wolff
Título da obra: Sem título da série Raízes provocam fissuras
Crédito da imagem: Ana Dias
Paty Wolff Título da obra: Sem título da série Raízes provocam fissuras Crédito da imagem: Ana Dias

A 2ª edição da Bienal das Amazônias faz parte da Temporada França-Brasil 2025, evento que visa dar um novo impulso à relação bilateral entre os dois países. A França apoia artistas dos territórios ultramarinos franceses que expõem nesta edição.

Programação

Com uma programação vibrante e plural, a semana de abertura, de 27 a 31 de agosto, irá trazer uma série de ações artísticas e encontros reflexivos. Na quarta-feira (27), a programação no CCBA, a partir das 12h, inclui performance de Delfina Nina (ativação de obra, 2º piso); performance de Nathyfa Michel (ativação de obra, 2º piso); pintura-performance de Nathalie Leroy Fiévée (ativação de obra, 3º piso); Assembleia Verde-Memória, a partir das 15h30, com moderação de Manuela Moscoso; e performance de Akha (Sonhário) a partir das 18h.

Na quinta-feira (28), continua a programação no CCBA a partir das 15h30 com a Assembleia Verde-Distância moderada por Sara Garzón; e a performance Destemplado, de Wilson Diaz (Sonhário), a partir das 18h.

Na sexta-feira (29), o público poderá assistir no CCBA. a partir das 12h a performance de Mapa Teatro/Nukak e Mali Salazar, além de participar da Assembleia Verde–Sotaque, que reúne artistas como Astrid González, Dayro Carrasquilla, Emperatriz Plácido San Martín, entre outros, em uma conversa sobre linguagem, identidade e território.

No sábado (30), as performances continuam no CCBA a partir das 11h30 com Gwladys Gambie, Rubén Barrios e novamente Mapa Teatro/Nukak. A partir das 16h30, as programações ocorrerão no Ver-o-Rio, começando com a Assembleia Verde–Sonhos, mediada por Jean da Silva, com artistas indígenas e amazônicos discutindo o sonho como forma de conexão e saber. Às 18h ocorrerá uma performance de Roberto Evangelista, em que o público será convidado a interagir à beira do rio, encerrando com atividades até às 22h.

No domingo (31), a programação no CCBA segue com uma performance de Roma Rio às 12h30, marcando o encerramento do ciclo de atividades do fim de semana.

Serviço

2ª Bienal das Amazônias – Verde-Distância
De 27 de agosto a 30 de novembro de 2025
Centro Cultural Bienal das Amazônias – Rua Manoel Barata, 400 – Belém, PA
www.bienalamazonias.org.br | Instagram: @bienalamazonias
Imprensa: +55 (91) 99282-9518 / 99212-9882
[email protected]

Horário de funcionamento do CCBA: segunda-feira e terça-feira fechado; quarta e quinta-feira das 9h às 17h; sexta e sábado das 10h às 20h; e domingos e feriados das 10h às 15h. A última entrada é sempre uma hora antes do fechamento.

Horário de funcionamento especial na semana de abertura: quarta-feira (27) das 12h às 18h30; quinta-feira (28) das 15h30 às 18h30; sexta-feira (29)e sábado (30)das 10h às 20h; domingo (31) das 10h às 15h.

Artistas e coletivos selecionados para a 2ª Bienal das Amazônias

Aileen Gavonel + Máxima Acuña – PERU

Aimemma Uai – COLÔMBIA

Alessandro Fracta – BRASIL

Akha – BRASIL

Amazoniando – BRASIL

Ana Maria Millan – COLÔMBIA

Ana Ruas – BRASIL

Andres Pereira Paz – BOLÍVIA

Angelica Alomoto – EQUADOR

Antonio Paucar – PERU

Astrid Gonzalez – COLÔMBIA

Augusto N. Martinez – EQUADOR

Bárbara Savannah – BRASIL

Brus Rubio – PERU

Buga Peralta – BRASIL

Carla Duncan – BRASIL

Carchíris – BRASIL

Chico Ribeiro – BRASIL

Danilo S’Acre – BRASIL

Dayro Carrasquilla – COLÔMBIA

Delfina Nina – PERU

Emperatriz Plácido San Martín – PERU

Estado Fosil – EQUADOR

Feliciano Lana – BRASIL

Gianfranco Annichini – ITÁLIA/PERU

Gustavo Toaquiza Ugsha – EQUADOR

Gwladys Gambie – MARTINICA

Isabella Celis Campos – COLÔMBIA

Jaider Esbell – BRASIL

Jean-François Boclé – MARTINICA

Jim c Ned – COLÔMBIA

John Lie A Fo – SURINAME

Jose Luis Macas – EQUADOR

Joseca Yanomami – BRASIL

Julia Chambi López – PERU

Julieth Morales – COLÔMBIA

Keisha Scarville – EUA/GUIANA

Kenia Almaraz Murillo – BOLÍVIA

Kuenan Mayu – BRASIL

La vulcanizadora – COLÔMBIA

Linda Ponguta – COLÔMBIA

Lucía Pizzani – VENEZUELA

Mapa Teatro + Nükak – COLÔMBIA

Marajó Estampado – BRASIL

Marcelle Nascimento – BRASIL

Marie-Claire Messouma – FRANÇA/GUADALUPE

Mali Salazar – PERU

Mauricio Igor – BRASIL

Mayro Romero – EQUADOR

Nathalie Leroy Fiévée – GUIANA FRANCESA

Nathyfa Michel – GUIANA FRANCESA

Olinda Silvano – PERU

Osvaldo Gaia – BRASIL

Patty Wolf – BRASIL

Pedro Neves – BRASIL

Peter Minshall – GUIANA

Regina Vater (uma obra em conjunto com Roberto Evangelista) – BRASIL

Remy Jungerman – SURINAME

Rinaldo Klas – SURINAME

River Claure – BOLÍVIA

Roberto Evangelista – BRASIL

Roma Rio – BRASIL

Ronny Quevedo – EQUADOR

Rubén Elías Barrios Rodríguez – COLÔMBIA

Sara Flores – PERU

Silvana Mendes – BRASIL

Simon Speiser – EQUADOR

Simon Uribe – COLÔMBIA

Tawna – EQUADOR

Wilson Díaz – COLÔMBIA

Wira Tini – BRASIL

Zahy Tentehar – BRASILZimar – BRASIL

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.