MESTRE DO 'TRUE CRIME'

Beto Ribeiro conquista milhões de seguidores narrando casos criminais

Explorando o mundo sombrio dos crimes reais: conheça Beto Ribeiro e seu canal no YouTube, onde histórias perturbadoras ganham vida.

Explorando o mundo sombrio dos crimes reais: conheça Beto Ribeiro e seu canal no YouTube, onde histórias perturbadoras ganham vida.
Explorando o mundo sombrio dos crimes reais: conheça Beto Ribeiro e seu canal no YouTube, onde histórias perturbadoras ganham vida.

“Diretamente de um dos endereços mais famosos do Brasil, de um dos principais cartões-postais da cidade de São Paulo (…)”. Praticamente todas as produções de sucesso na televisão têm uma chamada marcante e, mesmo sendo um canal na internet, com ele não seria diferente.

Se você já ouviu essa introdução, narrada por uma voz que causa arrepios até nos mais corajosos, sabe que o que vem a seguir são histórias sobre assassinatos, violência e serial killers.

Roberto Ribeiro Severino, 51, é produtor e apresentador de um dos canais mais populares do país entre os fãs de true crime. Com mais de 1.300 vídeos publicados no YouTube, Beto Ribeiro, como é conhecido, acumula milhões de visualizações e seguidores interessados em casos de crimes reais.

Ele conta ao F5 que o que o motivou a criar o canal foi sua própria curiosidade. “Eu me perguntava o que levava alguém a cometer um assassinato, como as vítimas eram escolhidas. Só não imaginava que tanta gente também se interessava por esse tema”, conta ele em entrevista ao F5.

Beto trabalhou no mundo corporativo, atuando em escritórios de grandes empresas do varejo. Apesar do interesse por crimes e suspense, nunca imaginou que poderia transformar essa paixão em carreira. “Sempre gostei de filmes sobre assassinos em série, mas apenas como espectador. Nunca me via falando sobre isso”, diz.

A virada aconteceu em 2010, quando recebeu o convite para dirigir o programa Operação de Risco, exibido na RedeTV!, que retrata a rotina de policiais militares de São Paulo. A experiência o aproximou ainda mais do universo criminal.

“Nunca gostei do corre-corre da polícia, tanto que fiquei apenas dois anos na direção do programa. Foi ali que percebi o enorme público interessado em entender histórias de crimes”, explica.

Desde então, consolidou sua carreira como roteirista e diretor de produções voltadas ao tema, assinando projetos como Caso Pesseghini – Investigação Criminal (2021), Anatomia do Crime (2017) e Divisão de Homicídios (2013).

O SUCESSO NO YOUTUBE
Em 2022, já com um currículo de respeito no audiovisual, Beto decidiu mudar novamente de direção. Após anos trabalhando para emissoras e produtoras, optou por criar seu próprio canal no YouTube.

https://www.youtube.com/@BetoRibeiroCrime

“A plataforma já era gigantesca quando a conheci, e me encantei com o formato. Meu marido sugeriu que tentássemos, porque as pessoas gostavam da minha voz e da forma como eu explicava os casos”, relembra. “Comecei abordando histórias que me interessavam: pais que matam filhos, maridos que assassinam a esposa… O que me fascina é como o amor pode se transformar em um desejo profundo de destruição. O crime é o ápice do ódio e do rancor. Meu foco sempre foi entender o comportamento humano.”
Com o apoio do marido, Aruay Goldschmidt, o canal rapidamente se tornou um sucesso e sua principal fonte de renda. Atualmente, Beto soma mais de 1,5 milhão de inscritos e mantém uma média de 600 mil visualizações diárias. Além dos vídeos gravados, realiza transmissões ao vivo para seus espectadores.

Segundo o youtuber, a participação de especialistas, como a perita Rosangela Monteiro, o psicólogo Carlos Faria e o escritor Ullisses Campbell, agrega profundidade ao conteúdo, oferecendo uma análise detalhada do comportamento criminoso. “Sempre tento me colocar no lugar de quem está assistindo. Mesmo que eu já conheça o tema, pergunto ao especialista como se estivesse ouvindo pela primeira vez. Isso faz toda a diferença”, afirma.

ABORDAGEM SENSÍVEL ÀS VÍTIMAS
Um dos quadros de maior destaque do canal, “Que Crime é Esse?”, investiga casos reais por meio de entrevistas com vítimas e análises dos processos judiciais. Beto destaca o cuidado na abordagem.

“A forma como posicionamos a câmera, o enquadramento, a iluminação; tudo é pensado para que as pessoas se sintam confortáveis ao contar suas histórias. O choro pode vir, mas ninguém deve sair destruído”, explica.

Para manter a produção intensa -são cerca de 12 vídeos por semana-, Beto grava diariamente e estuda cada caso antes de apresentá-lo. Ele admite que precisou aprender a se blindar emocionalmente.

“O crime pelo crime, se você fica assistindo o dia todo, acaba insensível. Agora, analisar um assassinato, tentar entender a cabeça de um serial killer, é mentalmente exaustivo”, reflete. “Por outro lado, quando recebo mensagens de pessoas dizendo que meu canal as ajudou a reconhecer um relacionamento abusivo, por exemplo, sinto que tudo vale a pena.”

Nas redes sociais, não faltam elogios ao ritmo das entrevistas, à clareza das explicações e ao cuidado com a escolha das palavras. “Eu queria que toda mulher em um relacionamento abusivo conhecesse o canal do Beto Ribeiro”, escreveu @Fictional_fer. Outros elogiam a qualidade do conteúdo e a forma como o apresentador conduz as histórias. “A narração do Beto Ribeiro é muito boa”, comentou @canarybamboo.

O público também reage às entrevistas mais impactantes. “Meu Deus, a entrevista do Beto Ribeiro com a menina que foi mantida em sequestro pelos Canibais de Garanhuns é simplesmente a mais pesada que já assisti no canal dele! Essa menina sofreu tanto… e o sofrimento não parou ao sair daquele inferno… Senhor!”, escreveu @gabibso.

O que começou como um projeto em casal se tornou um dos principais canais de true crime do país, com uma audiência fiel e uma equipe de cerca de 10 profissionais. Com uma produção cada vez mais estruturada, o sucesso do canal reflete a demanda por conteúdos que vão além da notícia, aprofundando a compreensão sobre crimes e seus desdobramentos.

ADRIELLY SOUZA/SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)