MOSTRA FIXA

Belém sedia primeira mostra fixa dedicada a Tuíre Kayapó

Símbolo mundial da luta pela floresta, Tuíre Kayapó ganha a primeira mostra permanente do Brasil dedicada ao seu legado.

Belém sedia primeira mostra fixa dedicada a Tuíre Kayapó
Belém sedia primeira mostra fixa dedicada a Tuíre Kayapó

Pará - Símbolo mundial da luta pela floresta, Tuíre Kayapó ganha a primeira mostra permanente do Brasil dedicada ao seu legado. A exposição será inaugurada no dia 20 de julho, em Belém, na Casa Ikeuara da Amazônia — o primeiro centro de cultura e memória indígena do Pará, criado e conduzido por indígenas.

A mostra presta homenagem à líder Tuíre Kayapó, mulher que se tornou símbolo mundial da resistência dos povos originários ao erguer um terçado contra um engenheiro da Eletronorte, em 1989, barrando um projeto de destruição no Xingu. A imagem correu o planeta e transformou Tuíre em ícone global da luta pela Amazônia.

Agora, às vésperas da COP30 no Pará, sua memória ressurge como urgência e farol. A exposição reúne registros históricos, vídeos, fotografias e artefatos pessoais, incluindo o cocar e o último facão usado por Tuíre — que ficarão sob a guarda da Casa Ikeuara até sua neta e sucessora, também chamada Tuíre, crescer  e  assumir o legado da avó. 

Um dos grandes destaques da mostra é o painel central com mais de cinco metros de extensão, criado pela artista afro-indígena Alice Hermosa. A obra ocupa o coração da sala e retrata Tuíre em três tempos de sua trajetória: ao centro, com um sorriso sereno e pinturas tradicionais Kayapó, que retrata a mulher doce, simpática e acolhedora; à esquerda, o gesto histórico em que ergue o facão; à direita, a mão levantada, símbolo de sua liderança firme e  resistente em uma audiência com deputados em Brasília. 

“Essa sala não é apenas um espaço de arte, mas um território político, espiritual e ancestral. Receber os objetos de Tuíre é assumir o compromisso com a continuidade da luta das mulheres indígenas pela vida, pela floresta e pelo futuro”, afirma Nice Tupinambá, curadora da exposição, ativista indígena e fundadora da Casa Ikeuara.

Ritual com parentes e força ancestral

A inauguração será marcada por um ritual de abertura com a presença de parentes da líder Tuíre, incluindo sua neta-sucessora hoje com seis anos, e já compreende sua missão como guardiã do futuro.O ritual será um momento sagrado de conexão entre gerações, de fortalecimento da continuidade da luta e de reafirmação do lugar das mulheres indígenas como memória viva e força transformadora do presente.

Para Nice Tupínambá, mais do que um evento cultural, “Tuíre Kayapó” é uma convocação à memória, à ação e ao reconhecimento. “Num momento em que o mundo volta os olhos para a Amazônia, preservar a memória de Tuíre é manter viva uma filosofia de vida que, como ela própria dizia, adiou o fim do mundo”, destaca.

A visitação será gratuita no dia da inauguração. Após essa data, o acesso terá contribuição simbólica, revertida à família de Tuíre e às iniciativas que ela deixou como legado, como a Casa da Costura, espaço de autonomia para mulheres Kayapó.

Serviço:

Exposição Tuíre Kaiapó
Inauguração: 20 de julho (domingo) – Entrada gratuita
De 12h às 19h
Local: Casa Ikeuara da Amazônia, na Tv. Piedade, 638 – Bairro do Reduto, Belém (PA)  Visitação após a inauguração: contribuição simbólica revertida à família de Tuíre