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Belém recebe programa de formação de gestores de música

Regente e maestro criou o “Gestores em Movimento” para dividir suas próprias experiências, como a de diretor da Sala Cecília Meireles.
Regente e maestro criou o “Gestores em Movimento” para dividir suas próprias experiências, como a de diretor da Sala Cecília Meireles.

Trinta estudantes de música selecionados no Pará participam da terceira edição do programa “Gestores em Movimento”, criado e coordenado pelo compositor e regente João Guilherme Ripper. A imersão formativa ocorrerá no período de 25 a 30 de julho, na Fundação Amazônica de Música (FAM), em Belém. O evento permite o acesso a palestras e interações com maestros renomados de todo o país.

O programa tem como objetivo a capacitação de estudantes de música na gestão de salas de concerto, de teatros, de orquestras e até na própria gestão de carreira. De acordo com o compositor e regente João Guilherme Ripper, o programa é composto de três módulos. “O primeiro módulo, que ocorre a partir do dia 25, na FAM, acontece com uma série de palestras com especialistas em determinadas áreas, desde a organização institucional de instituições culturais, por exemplo. Os participantes têm palestras comigo, com o maestro André Cardoso, palestras com especialistas na área da comunicação digital e na área de projetos incentivados”, explica.

No segundo módulo, eles são divididos em grupos que se constituem em salas-oficinas e nelas os alunos vão aplicar todos os conhecimentos que aprenderam no primeiro módulo. “Nessa etapa, nós dividimos os alunos em salas-oficinas e cada uma delas escolhe um nome e uma visão artística sobre que tipo de sala de concerto eles querem constituir. Eles ganham uma identidade visual e depois começam a montar uma temporada de três concertos”.

“Dentro de determinadas regras, eles devem escolher repertório, nomes de convidados e recebem uma simulação de contrato artístico, com o qual precisam fazer liberação do Ecad [entidade responsável pela arrecadação de direitos autorais no Brasil] e todo planejamento de programação, que são ações que acontecem numa sala de um teatro real. Eles recebem um orçamento para realizar os concertos”, detalha João Guilherme Ripper, que acompanha virtualmente esse módulo com reuniões com cada uma das salas, ajudando os participantes na elaboração de planilhas e afins.

O terceiro módulo é o “Festival Gestores em Movimento”, que será de 30 de agosto a 1º de setembro, em Belém. “Nesta fase, cada sala apresenta um concerto diferente, em um dia, como se fosse uma temporada de concertos. Os estudantes têm a experiência de colocar no palco tudo o que eles aprenderam desde o primeiro módulo”, descreve o compositor.

REQUISITOS

Os participantes foram selecionados pelo próprio João Guilherme Ripper, a partir de requisitos que devem ter, como vivências na música e um conhecimento musical. “Porque eles terão que criar uma programação em cima de um repertório que eles têm de ter conhecer, como por exemplo, Bach, Beethoven e Mozart, e conjugar isso com o que eles trazem do conhecimento de música popular, caso queiram acrescentá-la dentro da programação”, ressalta.

Além de compositor e regente, João Guilherme Ripper atuou como gestor cultural, enquanto diretor da Sala Cecília Meireles (RJ) em duas ocasiões, entre 2004-2015 e 2019-2023, que somadas totalizam 15 anos. Desde 1988, Ripper é professor da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instituição que dirigiu entre 1999 e 2003. Foi presidente da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro entre 2015 e 2017. É membro da Academia Brasileira de Música, instituição fundada por Villa-Lobos em 1945.

O programa “Gestores em Movimento” possui o patrocínio do Instituto Cultural Vale e surgiu a partir da inquietude do próprio João Guilherme Ripper. “Quando assumi a Sala de Cecília Meireles pela primeira vez, eu fui buscar uma formação específica na área de gestão cultural, com curso na França. Lá eu tive contato com diretores de salas de concertos e diretores administrativos de teatros e isso foi muito enriquecedor, e eu percebi o quão é importante a experiência que a gente tem e que passa adiante”, conta.

“Eu fiquei com essa vontade de trazer isso para o Brasil. Esse é o exemplo e o impacto que tive ao dirigir importantes teatros e salas de concertos na minha carreira, que culminou com a vontade de criar um programa que pudesse transmitir esse conhecimento. A partir do momento que recebemos o patrocínio do Instituto Cultural Vale recebemos asas para que circulássemos pelo país, com duas ou três edições ao ano em diferentes lugares”.