Wal Sarges/Diário do Pará
Com uma abordagem diferenciada da técnica de impressão botânica em suas peças, a artista visual paraense Suelle Paixão Reis foi selecionada para participar da exposição “Vivermos arte” no maior museu do mundo, o Louvre, em Paris, na França. O evento está previsto para este ano, e a paraense lançou campanha na internet para arrecadar recursos para cobrir as despesas da viagem.
A mostra será no Carrousel du Louvre, galeria comercial que faz parte do complexo do museu. A artista recebeu o convite via e-mail, mas diz que até agora está surpresa. “Assim que fiquei sabendo era tanta felicidade que parecia impossível. Participar de uma exposição assim, no Louvre, é maravilhoso. ”
Suelle enviou seu portfólio para a galeria assim que viu a chamada para a exposição. Depois, passou por uma entrevista com uma das curadoras. “Não sei qual o critério que utilizaram, mas acredito que meu trabalho é diferente, que é a impressão botânica feita a partir de folhas naturais. É diferente do carimbo, por exemplo, que se passa tinta na folha. Na impressão, eu amasso a folha, dando batidinhas e sai uma tinta no próprio tecido”.
TÉCNICA
A artista já trabalha com biojoias desde 2008, com as quais participa de eventos e feiras de artesanato. No ano passado, ela foi diagnosticada com tuberculose. Mas não parou, pelo contrário, passou a fazer uma nova pesquisa, experimentando técnicas das chamadas folhas tintórias.
“Fui fazendo testes e tenho as folhas catalogadas, porque cada região tem suas folhas que soltam uma espécie de tinta após o processo. Desde a década de 1970, essa técnica já era usada, mas outros artistas fazem geralmente a partir da fervura da folha. Passei a fazer essa técnica da impressão botânica para o quadro”.
Urucum, folha do mamão, acácias e flor de cosmos são algumas das plantas utilizadas pela artista. Suelle diz que pode enviar quatro obras com essa técnica, mas apenas duas serão selecionadas à mostra.
“Fiz a imagem da Sônia Guajajara e da dona Mirani, que é uma erveira do Ver-o-Peso. Elas estão em um tamanho superior a um metro e para a exposição, terei que reproduzi-las em tamanho menor”, detalha.
Durante sua pesquisa em campo, a artista encontrou personagens fundamentais que a ajudaram a elaborar formas de usar os elementos da Amazônia com sua técnica.
“Escolhi a Dona Mirani para um dos quadros porque foi alguém que conheci logo no início das minhas pesquisas e nessa relação tive a oportunidade de conhecer mais sobre as ervas atrativas e os saberes empíricos. Retratá-la mostra não só a história do meu trabalho e das ervas, mas todo um contexto regional de saberes”.
Todos os quadros produzidos por Suelle são de mulheres. “Delas é que vem o conhecimento e toda essa tradição oral relacionada às plantas”, justifica a artista.
Ela encontrou seu caminho com as tinturas botânicas ao pesquisar mais sobre o material das biojoias em Cachoeira do Arari, onde sua família mora. “Percebi que aquelas mulheres tinham muita história para contar sobre cada folha. Isso contribuiu bastante para a ideia da pesquisa para os quadros”, conta Suelle, que quer aprofundar seus conceitos da impressão botânica em um mestrado.
Lançada neste mês, a campanha para a viagem da artista a Paris pretende alcançar uma meta de R$ 25 mil, para custear as despesas com passagens e estadia.
COMO AJUDAR
Vaquinha online – Suelle Paixão Reis
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