Anderson Moyses interpreta Maria Bethânia em show pontuado por convidados

TEXTO: WAL SARGES

Uma das maiores vozes da música brasileira, Maria Bethânia será homenageada no show do cantor e intérprete Anderson Moysés, que ocorrerá nesta quarta-feira, 14, às 20h, no Savieira Cultural, em Belém. Em tom celebrativo pela comemoração de seu aniversário, o artista recebe diversas participações especiais em sua apresentação, tais como Gigi Furtado, Naieme, Allan Carvalho, Mahrco Monteiro e Gabriel Xavier.

“Este é um show que faço anualmente e ele vem sendo construído desde 2017. Para esta edição, estou reformulando algumas coisas, ajustando aqui e ali no repertório para entregar um espetáculo mais bonito a cada apresentação. A gente faz aniversário juntos [Maria Bethânia nasceu em 18 de junho de 1946], também sou geminiano, então são várias questões, sobretudo, emocionais que estão presentes nesta data, no qual completo 28 anos de vida. E não teria nada melhor do que celebrar cantando este repertório lindo, que é uma leveza, com grandes sucessos, como ‘Carcará’, ‘Fera Ferida’, ‘As Canções que Você Fez para Mim’, ‘Gostoso Demais’, ‘Cheiro de Amor’, ‘Reconvexo’”, enumera ele, dizendo que seu pedido especial de aniversário é receber de presente o amor e o carinho das pessoas.

Interpretar significa explorar as diversas dimensões artísticas sem perder a sua própria identidade. Isso traz uma marca única para o cantor, diz ele. “Enquanto intérprete das canções de Maria Bethânia, a técnica é o que mais destaco de aprendizado nesse processo ao longo dos anos, porque é difícil a gente fazer um tributo a algum cantor e ao mesmo tempo imprimir a sua característica pessoal. É aquela linha tênue que pode ocorrer de confundirem a sua apresentação com uma performance cover. Quer dizer, você homenageia um artista, cantando um repertório dele, mas você não é um cover. Eu tenho a minha personalidade musical, então irei cantar nos meus tons, no meu tempo, nos meus arranjos e nas minhas versões, mas também que lembre ela”, diz.

Conhecido por homenagear outro ícone da música brasileira, Elis Regina, Anderson Moysés conta que se debruçou sobre a obra de Maria Bethânia para afinar os detalhes técnicos de sua apresentação. “A Bethânia, para mim, sempre foi um desafio por conta da voz. Eu tenho uma voz muito aguda, então eu trabalhei este repertório dela, tive de trazer a minha voz para os graves, principalmente, acima de toda a minha interpretação, porque para cantar Bethânia tem de ser primeiro intérprete e bom cantor”, constata.

AFETO

O público também foi bem expressivo para que ele se decidisse pela obra da diva brasileira. “As pessoas diziam que quando eu cantava algumas coisas da Bethânia, de forma isolada, por exemplo, ‘Canções que Você Fez pra Mim’ e ‘Conversa Vem Pra Mim’, era maravilhoso, então surgiu a ideia de fazer este tributo à Bethânia até porque eu sempre fui fã dela. É bem íntima a minha relação com ela. Através de Bethânia, comecei a gostar também de Fernando Pessoa e a conhecer a obra de João Cabral de Melo Neto, então eu conheci a poesia, me aproximei mais da palavra, pude perceber por que no palco a gente pode dizer aquilo que sente ou, como ela mesma diz, numa das obras dela: ‘poeta popular deveria estar na boca do povo’. Eu acredito que essa poesia tem de chegar a todo mundo, e a forma de dizer é executar a palavra cantada. Bethânia me faz lembrar da minha mãe, da minha avó, do meu pai que já faleceu e que era muito fã dela também”.