Belém - O desfile das escolas de samba do Grupo Especial de Belém no Carnaval 2025 começa nesta sexta-feira, 14, às 22h, na Aldeia Cabana, na Pedreira. O desfile será dividido em dois dias: sexta e sábado, com transmissão ao vivo pela TV Cultura do Pará (veja detalhes na página 4). Nesta primeira noite, quatro agremiações vão cruzar a avenida do samba: Mocidade Olariense, Rancho Não Posso Me Amofiná, Deixa Falar e Embaixada. Amanhã, será a vez da Boêmios da Vila Famosa, Acadêmicos de Samba da Pedreira, Quem São Eles, Piratas da Batucada e Bole Bole.
A campeã será conhecida logo no domingo, 16, quando acontece a apuração do concurso, a partir das 16h, na Aldeia Cabana.
“Fazia tempo que não via toda a construção de um Carnaval sendo feita com tanta riqueza e com tanto entusiasmo nos ensaios. Todos os quesitos, ensaiando muito exaustivamente, indo de madrugada para a Aldeia Cabana, por conta de não ter trânsito, para ensaiar na frente das cabines dos jurados”, disse Fernando Guga, presidente das Escolas de Samba Associadas – ESA, que reúne as agremiações do Grupo Especial.
Em clima de COP30, as escolas de samba desfilam este ano com uma temática única: a Amazônia, que norteia os enredos de todas as agremiações, mas cada uma com seu enfoque particular. A partir da proposta sugerida pela ESA, a defesa da floresta, preservação dos rios, lendas e até o potencial científico das matas serão temas dos desfiles.
“A expectativa é muito boa, em especial por outros elementos que estamos trazendo. Além do tema único, todas as escolas vão falar de Amazônia, cada uma na sua abordagem, na sua visão de mundo. Tenho dito que vai ser o abre-alas da COP. Somos o primeiro encontro falando de Amazônia da COP. Vai ser no Carnaval de Belém. A gente fica muito, muito animado”, destacou Guga, que adiantou que as duas noites de desfile vão contar com a presença do carnavalesco e comentarista Milton Cunha.
“É o maior nome hoje do Carnaval brasileiro, indiscutivelmente. Uma celebridade, tanto do ponto de vista intelectual, um homem que é doutor em artes, que foi carnavalesco, mas também da sensibilidade humana. Ele estará nas duas noites, com o Camarote do Milton, recebendo personalidades artísticas, políticas e falando muito do Carnaval de Belém. Ele é paraense, aos poucos volta a viver um pouco em Belém e a gente fica muito feliz de estar proporcionando aí essa ponte de volta do Milton para viver um pouco a realidade de Belém”, contou Guga.
Hoje, 14, primeira noite de desfiles, quem abre é a Mocidade Olariense, com o samba-enredo “A revolta das Icamiabas: um delírio fascinante em defesa do reino das pedras verdes”. Com 1.200 brincantes e 11 alas, a escola vai celebrar na avenida seus 50 anos de existência, voltando ao Grupo Especial.
“Estamos voltando à elite do Carnaval, lugar de onde jamais deveríamos ter saído. Somos a Fênix, ressurgimos das cinzas, demos a volta por cima em alto estilo. Minha responsabilidade é mostrar um lindo desfile, onde nosso trabalho está intenso, porém gratificante. Estamos vivendo um momento marcante para a Mocidade Olariense”, disse Jair Apolo, presidente da escola de samba.
A segunda escola a desfilar será o Rancho Não Posso Me Amofiná, com o enredo “A História do Mascate Amazônico que se tornou Midas do norte”, uma homenagem ao empresário paraense Oscar Rodrigues.
ACOMPANHE OS DESFILES
HOJE, SEXTA, 14 DE MARÇO
l 22h: Escola de Samba Mocidade Olariense
Enredo: “A Revolta das Icamiabas, um delírio fascinante em defesa do reino das pedras verdes”.
Campeã das Escolas de Samba do Grupo de Acesso de 2024, com o samba-enredo “Pelos caminhos da Fé, aos sons dos tambores do meu São Bené”, a Mocidade Olariense retorna ao Grupo Especial depois de 10 anos.
De acordo com o vice-presidente Fábio Ferreira, o tema fala da força da mulher amazônica, desde as Icamiabas, mulheres indígenas guerreiras, que venciam os homens em suas batalhas, até as “Icamiabas” atuais, fazedoras de cultura e líderes dos assuntos sobre meio ambiente, e mulheres indígenas protetoras da natureza.
l 23h15: Rancho Não Posso me Amofiná
Enredo: “A História do Mascate Amazônico que se tornou Midas do Norte”.
Quarta colocada em 2024, a agremiação do bairro do Jurunas faz uma homenagem ao comerciante paraense Oscar Rodrigues, dono de uma rede de supermercados em Belém. O Rancho fará um passeio pelos 80 anos de vida de Oscar, desde a sua infância no município de Igarapé-Miri, crescendo ao lado dos peixes, das árvores, da natureza, até a vinda para Belém.
l 00h30: Grêmio Recreativo Deixa Falar
Enredo: “O Sonho Virou Realidade. Uma gota de amor para salvar a criação”.
A história foca nas religiões de matrizes africanas para revelar as situações que afligem o mundo e, principalmente, a Amazônia. “Oxalá, que é o Deus maior, ao olhar para a Amazônia observa todas essas situações de destruição da nossa terra, os rios secando, os peixes morrendo, as matas sendo roubadas e queimadas, os indígenas sendo dizimados. Então, Oxalá derrama essa gota de amor para salvar a criação e a Amazônia”, explica Esmael Tavares, presidente da agremiação.
l 01h45: Embaixada de Samba Império Pedreirense
Enredo: “As águas dos meus encantos nos cantos dos curimbós”.
A Império Pedreirense dividiu o pódio com a Bole Bole, em 2024, e também se consagrou em 1º lugar com o samba-enredo “Em Belém de Nazaré tem Reza, Batuque e Samba no Pé”. Este ano, contará a história da Amazônia a partir da versão dos encantados que regem as águas da região, como Iemanjá, Exu Maré, Iara, entre outros.
SÁBADO, 15 DE MARÇO
l 21h: Boêmios da Vila Famosa
Enredo: “Sucupira, a Terra do Absurdo”.
O tema traz uma forte crítica ao mundo e à região amazônica em que vivemos, com a destruição dos nossos patrimônios, a falta de união no ambiente cultural e a pouca conscientização sobre o meio ambiente, com cidadãos jogando lixo nas ruas. Esse olhar negativo, no entanto, se transforma com a chegada do Curupira que, na avenida, se transformará em vários animais, como o jabuti, o jacaré, a onça, a borboleta e a coruja. “Essas transformações vão acordar a Cobra Grande, que vai começar a sacudir e organizar os problemas da cidade, para que ela se torne limpa e que tenhamos um carnaval brilhante”, diz Arlindo Júnior, presidente da Vila Famosa.
l 22h15: Acadêmicos de Samba da Pedreira
Enredo: “Rudá: A Explosão de Amor em Defesa da Amazônia”
Vice-campeã em 2023 e 2024, este ano a Acadêmicos quer vencer contando uma história que parte das vidas dos povos indígenas da família Tupi-Guarani e da divindade Rudá, que povoa as nuvens e é o Deus do Amor. Segundo os dirigentes da escola, todas as fantasias e carros alegóricos serão 100% sustentáveis, feitos sem nenhum material que agrida o meio ambiente e tudo será aproveitado para o desfile do ano que vem.
l 23h30: Império de Samba Quem São Eles
Enredo: “O Despertar da Floresta”
Terceiro lugar em 2024, este ano a escola aposta no samba-enredo que fala sobre ecologia e preservação da Amazônia a partir de um lado mítico e lendário. O samba conta que os pajés e os povos tradicionais já têm uma profecia de que, após a devastação que o homem vem praticando no planeta, quatro guerreiros – que são elementos da natureza – vão travar uma luta espiritual e devolver o equilíbrio e a energia para a Amazônia, proporcionando que a natureza desperte a alegria, a felicidade e a saúde.
l 00h45: Piratas da Batucada
Enredo: “O Cantar Caboclo da Amazônia”
O samba-enredo fala sobre as diferentes heranças das musicalidades amazônicas. Primeiro, a música amazônica recebe a herança da natureza, do movimento dos rios, do cantar dos pássaros, do balançar das árvores. Depois, há a herança da musicalidade indígena e africana. Toda essa sonoridade se relaciona com a música que ouvimos hoje na periferia de Belém, como o tecnobrega e as aparelhagens.
l 02h00: Associação Carnavalesca Bole Bole
Enredo: “Amazônia Ensolarada”
A Bole-Bole é bicampeã do Carnaval de Belém, vencedora em 2023 e 2024. Em busca do tricampeonato, apresenta a visão dos ancestrais da Amazônia sobre a região.
FONTE: AGÊNCIA BELÉM