Texto: Wal Sarges
O legado de dois mestres da composição paraense está registrado no álbum “A Música de Paulo André e Ruy Barata”, cuja versão física será lançada oficialmente nesta quinta-feira, 23, às 19h, com um show para convidados no Teatro Estação Gasômetro, em Belém. O jornalista Tito Barata, irmão de Paulo André e filho de Ruy Barata, que dirigiu o projeto, conta que o CD duplo sai pela gravadora Biscoito Fino, em tiragem limitada.
“Ter o disco nas mãos é a confirmação de que o trabalho foi feito com muito carinho e de qualidade comprovada, pois senão não seria editado e lançado pela Biscoito Fino, uma das maiores gravadoras do Brasil e a gravadora de maior bom gosto deste país. Foi produzida uma tiragem de mil cópias. Quem quiser adquirir, ele está à venda em todas as lojas do Brasil ou no site da gravadora”, diz Tito Barata.
O álbum foi planejado para reverenciar o centenário de nascimento Ruy Barata (1920-1990), e começou a ser produzido ainda com Paulo André Barata, que morreu no último dia 25 de setembro, mesmo dia em que completou 77 anos. O disco reúne as vozes de 25 intérpretes que dão vida às canções da dupla, entre eles Fafá de Belém, Leila Pinheiro, Vital Lima, Jane Duboc, Pinduca e Dona Onete, além de Mônica Salmaso, Maria Rita, Zé Renato, Joyce Moreno, Áurea Martins, Zeca Baleiro, Zeca Pagodinho, Lia Sophia e a dupla Alexandre Gois e Joaquim Pessoa, entre outros intérpretes. Contou ainda com arranjos e regências de Cristóvão Bastos, Jacinto Kahwage, Luiz Pardal e Rildo Hora.
“Eu me senti prazerosamente satisfeito por ter trabalhado para lançar este disco”, conta Tito Barata. A realização é da Universidade Federal do Pará, com a Pró-Reitoria de Extensão e a Escola de Música, Fadesp, Associação Ruy Barata e da gravadora Biscoito Fino. “Nós trabalhamos duro durante dois anos. O importante é que o Paulo André participou ainda de todo o processo da seleção de repertório. Tem um crédito no disco, que é exatamente da consultoria do Paulo André Barata. Ele deu sugestões, mas ele gostaria mesmo era de ser surpreendido. E disse isso ao produtor José Milton Albuquerque, que é um dos grandes produtores do Brasil”, acrescenta.
“José Milton é um cara talentosíssimo, de muito bom gosto. Da música popular brasileira, ele já produziu mais de 800 álbuns, de Chico Buarque e Caetano Veloso a Nana Caymmi – só dela, foram 14 discos. De Nelson Gonçalves, ele produziu também os 10 discos dele. José Milton tem um gosto da porra, como dizem os pernambucanos. E por falar em Pernambuco, o disco tem a participação de Alexandre Góis e Joaquim Pessoa, uma dupla sensacional; temos o Ceará com Marcos Lessa”, destaca Tito Barata.
E não foi problema ter o “sim” dos parceiros na hora de fazer um projeto sobre a obra de Paulo André e Ruy Barata – muito respeitados entre artistas e a crítica musical nacionalmente. “Quando nós decidimos que íamos gravar metade do disco aqui e metade no Rio de Janeiro, rapidamente vieram os intérpretes e nós tivemos a oportunidade de escolher. Foi muito bom e eu acho que é uma grande mostra da obra do Paulo André e do Ruy Barata. É a síntese porque, se você for observar, no disco tem merengue, valsa, lundu, bolero, ou seja, todos os ritmos que o Paulo André percorreu. Ele é um melodista muito bom e realmente não se limitou a fazer canções de um único estilo. Até samba tem”, avisa Tito.
Para a cantora Lucinnha Bastos, uma das intérpretes que integram o álbum, fazer esta homenagem dá vazão a uma emoção sem igual após a partida de Paulo André Barata. “Foi maravilhoso poder participar dessa grande homenagem a esses dois gênios, Paulo André e Ruy Barata. Gravei ‘Enchente Amazônica’, uma das minhas músicas favoritas. Uma união perfeita de letra e música: o texto é forte, rico e tocante. Retrata uma história muito própria da nossa Amazônia”, relata Lucinnha Bastos.
A cantora conta que conviveu muito mais com Paulo André, realizando shows juntos, além de gravar muitas músicas da dupla. “São dois gênios que retratam a cultura amazônica de uma forma ímpar. O nosso desejo enquanto artista é que a gente consiga divulgar esse trabalho para as crianças, para os jovens, para que eles conheçam um pouco mais da nossa rica cultura”, diz Lucinnha, que já gravou canções como “Porto Caribe”, “Pauapixuna”, “Foi Assim” e “Paranatinga”.
Além de terem marcado a sua carreira artística, as composições da parceria entre pai e filho proporcionaram experiências pessoais a Lucinnha. “Participei ainda do disco do Paulo André, ‘Para Sempre Ruy’, um disco fantástico. Foi maravilhoso. Foi gravado também no Rio de Janeiro, por mim, o Quarteto em Cy, a Leila Pinheiro, MPB4, além de muitos artistas. Fiz um show maravilhoso também no Rio de Janeiro, quando eu estava no início ainda da minha gravidez, ou seja, há 23 anos, com o Paulo André, no Circuito Cultural Banco do Brasil, mostrando a obra de Paulo André e Ruy Barata”, relembra.
ADQUIRA
CD Duplo “A Música de Paulo André e Ruy Barata”
Onde: www.biscoitofino.com.br
Quanto: R$ 65,09 (valor promocional de lançamento)