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Adaptação de livro de Edyr Augusto “Pssica” vai virar série da Netflix

Os cineastas Quico Meirelles e Fernando Meirelles, respectivamente diretor geral e diretor/produtor da minissérie baseada em “Pssica”. No detalhe, o escritor Edyr Augusto. FOTOs: DIEGO FORMIGA/NETFLIX/DIVULGAÇÃO E RONALDO ROSA/DIVULGAÇÃO
Os cineastas Quico Meirelles e Fernando Meirelles, respectivamente diretor geral e diretor/produtor da minissérie baseada em “Pssica”. No detalhe, o escritor Edyr Augusto. FOTOs: DIEGO FORMIGA/NETFLIX/DIVULGAÇÃO E RONALDO ROSA/DIVULGAÇÃO

Aline Monteiro

editora do você

Uma história que relata rapto de mulheres, estupros, tráfico de drogas, prostituição infantil, corrupção e outras mazelas sociais está entre as novas produções de séries da Netflix. O romance “Pssica”, do escritor paraense Edyr Augusto, vai virar série na plataforma, colocando na plataforma mundial cenas da Belém urbana que caracterizam a obra do escritor.

A novidade foi anunciada na última quarta, 5, durante a Rio2C, maior evento de criatividade e inovação na América Latina, que segue até domingo na capital carioca. Foi citada como um dos destaques num painel sobre as novas produções brasileiras da Netflix.

Com produção de Andrea Barata Ribeiro, da O2 Filmes, e direção de Fernando Meirelles e Quico Meirelles, a obra baseada no livro “Pssica” será uma minissérie que entra em produção em breve, no Pará. “Nela, acompanhamos as histórias de Janalice, Preá e Mariangel. Permeadas de drama, ação e violência, as vidas desses três estranhos entra em rota de colisão enquanto navegam pelos rios da Amazônia atlântica. Janalice é raptada pelo tráfico humano, Preá precisa fazer as pazes com seu destino como chefe de uma gangue de “ratos d’água” e Mariangel parte em missão para vingar o assassinato de sua família. Os três tentarão sobreviver à ‘pssica’ (maldição) que acreditam ter sido lançada sobre eles”, diz o resumo anunciado sobre o thriller policial.

Em Belém, Edyr Augusto festejou o anúncio e o peso que a produção terá, a cargo de grandes nomes do audiovisual nacional. Mas especialmente a amplitude que uma plataforma como a Netflix dará não só à sua história, mas ao Pará e à literatura e às artes feitas aqui, e os talentos locais.

“Talvez essa série sirva para chamar atenção para tudo o que a gente faz. Temos uma terra muito rica, mas estamos muito apartados do Sudeste”, diz Edyr, lembrando que nunca precisou sair de Belém para ver seus livros publicados em outros países e premiados internacionalmente. Mas acha que ainda falta os olhos do Brasil se virarem para nós.

“Isso vai passar adiante, as pessoas vão ver nossa terra, isso desperta para todos. Temos excelentes escritores jovens, muito cantor, músico, artista plástico. A gente tem muita coisa para mostrar. Essa série pode abrir os olhos para cá”, avalia.

A adaptação para o audiovisual de “Pssica” não é uma ideia recente. Os direitos foram comprados pela empresa de Fernando Meirelles há pelo menos quatro anos, e a ideia era render um longa-metragem dirigido pelo dele, Quico Meirelles. “O cinema tem um outro tempo, é uma arte que demanda muito dinheiro”, diz Edyr, lembrando que o projeto estava, até então, em busca de recursos.

A Netflix não dá mais informações do que o pequeno briefing divulgado na Rio2C, mas por aqui, já se comenta a movimentação de produtores em busca de elenco, locações e início da produção do projeto.


Talvez essa série sirva para chamar atenção para tudo o que a gente faz. Temos uma terra muito rica, mas estamos muito apartados do Sudeste”
Edyr Augusto, escritor

Edyr está curioso para ver como algumas cenas de seu livro serão transpostas para a tela. “Eu acho que um grande choque vai ser a ação dos ratos d’água, porque o paulista, o carioca médio, não têm muita noção dos rios daqui”, diz ele, que no entanto não se preocupa com possíveis mudanças que possam ser feitas na história.

“Ainda não li o roteiro, mas é do Bráulio Mantovani, um dos grandes nomes do Brasil. Claro que é outra linguagem, a história pode mudar em alguns pontos. Mas as perspectivas são as melhores possíveis”, diz o autor.

“Penso que vai ser muito bom. Mas eu também não me preocupo com isso. O filme é o filme e o livro é o livro”, completa.