A Nave é um momento histórico para a Amazônia, não só para o
Pará, que reúne artistas dos nove estados da Amazônia, seja na música, artes
visuais, performance e nas vozes de ativistas. É uma porta aberta pioneira no
maior festival de música do mundo”. A afirmação é da cantora paraense Aíla que
assina a direção musical das atrações da “Nave”, instalação que ocupa a Arena 3
durante o Rock in Rio. O festival inicia amanhã e terá ainda programação nos
dias 3 e 4, retornando nos dias 8, 9, 10 e 11 de setembro.
Quem são os paraenses que vão brilhar no Rock in Rio?
Composta
totalmente por nomes da Amazônia, a Nave apresenta artistas expoentes e
consagrados da região como Fafá de Belém, Mestre Solano, Roberta Carvalho,
Rafael BQueer, Uyra, Guitarrada das Manas, Nic Dias, Victor Xamã, Pantera
Black, Keila, DJs do Surreal Crocodilo, Nelson D e Patrícia Bastos, Suraras do
Tapajós, além dos DJs Will Love, DJ Waldo Squash, DJ Méury e a própria Aíla. A
direção artística da Nave é da artista visual paraense Roberta Carvalho e o
argumento da
acreana Karla Martins.
Aíla
fala sobre a importância de ter paraenses no line up da Nave, de forma mais
abrangente neste ano. “Eu fiquei muito honrada de entrar para essa equipe
poderosa que tem direção artística de outra paraense, a Roberta Carvalho, minha
parceira e companheira, que está há mais de dois anos envolvida neste projeto.
Foi uma pesquisa profunda, para além do Pará, levar peculiaridades e ritmos da
tradição contemporânea de vários estados da Amazônia, como por exemplo, a dona
Domingas, que é uma descoberta incrível do Mato Grosso que toca siriri e
cururu. Fiquei muito feliz de poder me conectar com ela”, diz.
De
Roraima, a música parixara, que é indígena para o mundo. “Tem ainda do mesmo
lugar, o poeta maravilhoso, Eliakin Rufino, além de uma apresentação de um trio
de rap, que conecta Maranhão, Amazonas e Pará. Então, a Nave vai trazer muita
diversidade, desde a guitarrada ao tecnobrega e ainda, a música pop e o rap. É
muito legal, a gente poder mostrar essas pessoas que habitam a Amazônia, além
da floresta, é mostrar a Amazônia contemporânea”, analisa Aíla.
Artista paraense leva Amazônia para o Rock in Rio 2022
Especial
e orquestral. É assim que a diretora musical resume a trilha sonora da Nave. “É
importante dizer, no âmbito da música, a Nave vai trazer uma trilha sonora
arrebatadora, que tem o coração na percussão, que a gente gravou com
percussionistas paraenses, como Marcio Jardim, a Loba Rodrigues e construímos
uma trilha em cima, uma equipe de músicos, com direção musical minha,
resultando em uma trilha linda demais. Tem ritmos como marabaixo, batuque,
carimbó, em arranjos de orquestra com percussão”, descreve a curadora musical.
Composta
pelo duo Beá Santos e Renata Beckmann, que tocam guitarras e sintetizadores, a
Guitarrada das Manas se apresenta pela segunda vez no evento. “A gente vai
fazer algumas músicas do nosso disco ‘Guamaense’, de 2019, e vai apresentar um
remix da música título em formato de tecnobrega produzido por nós mesmas”,
conta Beá.
O
bairro onde moram e a Universidade Federal do Pará (UFPa), que foi o lugar onde
a dupla se encontrou, nortearam a música da Guitarrada das Manas. “É uma música
muito especial para apresentar neste Festival de maior destaque do mundo. A
nossa música é inteiramente instrumental, mas os carros, os trios elétricos que
passavam na frente da nossa casa é que nos inspiraram nos timbres, nos
arranjos. Então, é a influência do Guamá que será levada para a Nave, que
precisa ser ouvida pelo mundo. A nossa pauta amazônica é muito urgente e
precisa ser comunicada. A gente precisa dar essa voz para que seja um lugar de
reflexão para outras pessoas sobre as nossas demandas”, diz Beá.
“É
importante dizer, no âmbito da música, a Nave vai trazer uma trilha sonora
arrebatadora, que tem o coração na percussão”, Aíla diretora musical.
A Nave
será experiência multissensorial da Amazônia
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A
cantora Keila, que já esteve na Nave em 2019, retorna este ano. “Estou muito
feliz e cheia de orgulho de mais uma vez estar representando a nossa cultura,
que vem do Norte, da Amazônia, do Pará, em um palco de expressividade como o
palco Nave. Dessa vez, ele vem mais abrangente, homenageando a gigante
Amazônia, esse lugar cheio de cultura, forte, de gente talentosa. Eu tenho
certeza que vai ser apoteótico, muito lindo”, diz ela acrescentando que quem
está fazendo toda a produção musical do show é
Rodrigo Camarão.
BARCO-APARELHAGEM
A
Nave contará com experiências imersivas e grandiosas que vão fazer o público
mergulhar na região amazônica. Uma das atrações imperdíveis são as enormes
projeções que vão do chão ao teto, trazendo a Amazônia em primeira pessoa sob a
voz e ótica de artistas da região. Em todos os dias do festival, os artistas
visuais Denilson Baniwa, Elisclésio Makuxi, Gabriel Bicho, Gê Viana, Keila
Sankofa, PV dias, Rafael Bqueer, Roberta Carvalho, Uýra Sodoma e Yaka Hunikuin
terão suas obras projetadas de forma
imersiva na Nave.
Outra
novidade será a presença da maior aparelhagem já construída por João do Som,
criador das famosas aparelhagens Crocodilo, Tupinambá e reconhecido “arquiteto”
construtor das esculturas das festas de tecnobrega do Pará. A aparelhagem terá
um formato simbólico, de um barco, típico dos rios amazônicos, porém estilizado
pelo olhar de Seu João, e vai transformar a Nave em uma grande festa pulsante,
dançante, contemplando apresentações musicais
e diversas atrações.
“É
uma experiência sensorial. A Amazônia resiste. O seu povo existe e precisa ser
reconhecido como parte desta nação. Acho que essa é a nossa maior luta e a
nossa grande vontade, que a gente seja vista, ouvido, do jeito que a gente
merece ser, com respeito e atenção”, afirma Keila.
A
artista apresentará em seu show a inédita “Dois corações”, gravada em Belém. “É
um melody romântico, que vai entrar nas plataformas no próximo dia 15 através
da Virgin Music. Foi produzida pelo Rodrigo camarão e escrita pelo coletivo de
compositores David Carvalho, Nanda Borges e G Castro”, detalha.
Keila
mostrará no palco suas referências musicais, já que o tecnobrega e a
aparelhagem andam juntos. “É muito lindo ver a cultura original da periferia
chegando tão longe. A estrutura da aparelhagem crocodilo não vai estar
presente, mas os DJ Neto Mt e Marlon Beat vão representar a aparelhagem. Todas
as apresentações serão em cima da estrutura do Barco Aparelhagem que foi
construído pra receber os artistas da Amazônia”, adianta.