Entretenimento

A história da Casa Ribalta, em Ananindeua, ganha documentário

O cineasta gravando um dos depoimentos de Mayrla Andrade, filha da idealizadora da Casa Ribalta, Marlene Andrade, e atual cogestora do espaço, que completa 30 anos em 2024. FOTO: DIVULGAÇÃO
O cineasta gravando um dos depoimentos de Mayrla Andrade, filha da idealizadora da Casa Ribalta, Marlene Andrade, e atual cogestora do espaço, que completa 30 anos em 2024. FOTO: DIVULGAÇÃO

Texto: Aline Rodrigues

“É uma declaração de amor à dança, à cidade de Ananindeua e uma declaração de amor com exemplos concretos da realização de sonhos, de você buscar, conseguir e materializar a sua vida em um propósito”, diz o cineasta Alexandre Baena, sobre seu documentário “Casa Ribalta – o nascimento de uma cidade nova”.

O filme conta a história da companhia de dança com destacada atuação no município e que em janeiro de 2024 completa 30 anos. O filme será lançado nesta sexta-feira, 15, às 18h, no Theatro da Paz.

BEM DE CASA

A Ribalta começou na casa da família Andrade, uma unidade habitacional da Cohab, algo que o filme de Baena destaca: “Acabou atingindo centenas de crianças e jovens. E esse projeto de vida acabou se expandindo para além das fronteiras de Ananindeua, do Pará, e do Brasil, reverbera até hoje com frutos cada vez maiores. É isso o que a gente apresenta no documentário”, diz o cineasta.

Com patrocínio do Governo do Estado do Pará, através da Secretaria de Cultura (Secult), realização da Iamazul e Ribalta Companhia de Dança, com coprodução da Led Produções e MAB Comunicação, o filme usa como base a obra “O Habitante-Criador”, de Mayrla Andrade – filha da idealizadora da Casa Ribalta, Marlene Andrade Ferreira, e atual diretora artística do coletivo, além de pesquisadora e professora da Escola de Teatro e Dança da UFPA.

Na obra, ela destaca que no ato de receber um novo habitante dentro da casa para criar junto, passa a compor uma história.

“Essa história entra no mosaico de histórias, de vidas que a Casa Ribalta vai constituindo ao longo desses trinta anos. A gente mostra isso no documentário de uma maneira bem poética, bem visual, com dança, com escrita poética e principalmente com uma narrativa que mostra que a política pública, seja na habitação, seja dentro do segmento cultural, que é importantíssimo, a política pública aplicada e se expandindo, dá frutos onde a gente nem espera”, conta Baena. “A companhia começou na sala, arredando os móveis, e atingiu todo um coletivo. Não tinha como saber dessa história e não reverberar”, acrescenta.

A casa foi entregue à família de Mayrla pelo então governador do Pará, Jader Barbalho, em 1984, ano do nascimento dela. Dez anos depois, iniciou atividades agregando a juventude e as crianças do entorno, sendo uma alternativa artística para quem morava na Cidade Nova, no local até hoje sede da companhia.

“Ver a Casa Ribalta num documentário é a concretização de um sonho. A Casa Ribalta é como minha própria vida, porque a história da casa se confunde com a minha. Nasci nesta casa e ela me deu uma profissão, sou artista e professora de dança. Minha mãe abriu sua casa para que outros sonhos como o dela pudessem se tornar reais, vi cada tijolo sendo colocado, partes da casa se ampliando, o piso sendo moldado, e cada bailarino chegando para habitar nosso espaço e realizar sonhos”, conta Mayrla.

FRUTOS

Além de contar a história da Ribalta, o documentário destaca os frutos desse projeto, que hoje tem bailarinos espalhados fazendo sucesso nacional e internacional.

“A produção foi muito intensa, tivemos como locação o município de Ananindeua, o Theatro da Paz, que foi basicamente o palco para muitas partes que são apresentações de dança, e gravamos também na Argentina. Gravamos em Buenos Aires e em La Plata, sempre buscando depoimentos, intercalando com partes onde eram apresentadas coreografias que foram apresentadas ao público e outras inéditas, feitas para o documentário”, conta Baena.

O filme apresenta depoimentos de pessoas que tiveram relevância nessa história e participam até hoje da Ribalta, e personagens que são frutos desse projeto. Um deles, Fernando Nobre Duarte, que hoje é bailarino no Teatro Argentino de La Plata.

“É um dos bailarinos de destaque na Argentina. Pegamos ainda o Wallace Luz Souza, que também nasceu na Ribalta, está lá desde os sete anos e hoje é a maior nota no norte do Brasil da Escola de Balé Cubano, e a Giulia Nascimento, bailarina da Ribalta premiada tanto no Brasil quanto fora”, destaca o diretor.

HISTÓRIA

Com o documentário, o público terá a oportunidade de conhecer também, a história de vida e superação das idealizadoras da companhia, passando da avó Maria, para Marlene e Mayrla, uma história de amor pela dança.

“A dona Marlene, que foi quem abriu todo esse espaço, tem uma história muito bonita. Ela tinha um sonho de ser bailarina e não conseguiu realizar. Aí ela projetou na Mayrla, praticamente uma missão de vida. E a gente mostra isso numa poética, vamos construindo a narrativa com base na construção e a materialização desse sonho que foi a Casa Ribalta”, diz Baena.

A Casa Ribalta se mantém como corpo coletivo, como uma potencial rede de relações artísticas-culturais-educacionais de Ananindeua, pois é a casa de dança mais antiga da cidade.

“Hoje, nosso sonho coletivo é real, a Casa Ribalta completa 30 anos de existência e sua história poderá ser vista por gerações e gerações através do documentário. Hoje a direção é de três mulheres da família Ribalta, mãe, tia e filha, Marlene, Beth e Mayrla, uma ciranda de mulheres sábias que vem ampliando a arte insistentemente na formação, criação e difusão da dança, e o pertencimento dos artistas da dança em Ananindeua”, diz Mayrla.

LANÇAMENTO

Documentário “Casa Ribalta – o Nascimento de uma Cidade Nova”
Quando:
Sexta, 15, às 18h.
Onde: Theatro da Paz (Praça da República – Campina)
Quanto: Gratuito.