Um dos principais festivais da região Centro-Oeste e um dos mais antigos do Brasil, o Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá – Cinemato abriu sua 22ª edição nesta segunda-feira (14), com o tema “Decolonizando a Amazônia”. A expectativa é propor uma reflexão contemporânea sobre a construção do importante território e bioma da Amazônia, destacando narrativas e sujeitos que muitas vezes são marginalizados. Além das exibições em Cuiabá até 20 de julho, o festival também disponibilizará no formato on-line, a partir de hoje, uma seleção de seus filmes das mostras competitivas de longas e curtas-metragens em seu canal do YouTube.
Este ano, o festival faz uma homenagem ao cineasta Silvino Santos (1886–1970), reconhecido como o “cineasta da selva” – a abertura do evento contou com uma sessão especial do documentário restaurado “Amazonas, o Maior Rio do Mundo”, com trilha sonora executada ao vivo pelos musicistas Henrique Santian e Jhon Stuart. A paraense Dira Paes também é homenageada ao nomear o prêmio que será concedido para uma personagem feminina de destaque no audiovisual e em causas socioambientais, no encerramento do festival. A atriz estará presente para fazer a entrega.
Neste ano, 21 filmes – 6 longas e 15 curtas nacionais – foram selecionados para concorrer ao Troféu Coxiponé, inspirado na etnia bororo, que habitava as margens do Rio Coxipó, símbolo da resistência cultural em Mato Grosso. A curadoria priorizou obras com diversidade estética e narrativa, protagonismo de grupos historicamente invisibilizados e conexões com o tema da Amazônia decolonial. Mas ao todo, a programação inclui 62 filmes de 19 estados do Brasil.
A 22ª edição do Cinemato é realizada pelo Instituto Inca-Inclusão, Cidadania e Ação, com patrocínio do Governo do Estado de Mato Grosso, via Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), em parceria com a Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência (Procev – UMFT), Primeiro Plano Cinema e Vídeo e Canal Brasil, tendo, entre outros apoiadores, a Cinemateca Brasileira e Sociedade Amigos da Cinemateca, com a cessão de parte do acervo de Silvino Santos para exibição.
“A cada edição enfrentamos dificuldades de produção e outros obstáculos, mas as conquistas e contribuições do evento para o cinema brasileiro e mato-grossense nos motivam a seguir em frente. O CINEMATO impulsionou a realização de filmes em todo o país e especialmente em nosso estado, além de contribuir para a formação de técnicos e profissionais do audiovisual e a construir uma plateia apaixonada pelo cinema brasileiro”, disse Luiz Borges, cineasta e coordenador do Cinemato há mais de 30 anos.
Desde sua primeira edição, em 1993, o Festival de Cinema de Cuiabá formou gerações que hoje atuam no audiovisual mato-grossense e brasileiro. O Cinemato foi palco de primeiras consagrações de grandes nomes. Entre eles, a própria Dira Paes, que recebeu lá seu primeiro prêmio de Melhor Atriz, por “Corisco & Dadá” (1996), e ainda Fernando Meirelles, premiado por “Domésticas” (2001) antes de ganhar o mundo com “Cidade de Deus” (2002), além de Hilton Lacerda, diretor e roteirista de “Tatuagem” (2014), entre outros.
Na programação on-line, o público de casa terá a oportunidade de assistir a obras, a maioria inédita no circuito comercial, que evocam o tema deste ano. Entre os longas, estarão disponíveis on-line Mawé”, de Jimmy Christian (AM), ficção que narra o conflito de uma jovem indígena entre os rituais de sua aldeia e a vida urbana; “Pedra Vermelha”, de Cassemiro Vitorino e Ilka Goldschmidt (SC), documentário que acompanha comunidades impactadas por megaprojetos no Sul do país; “Concerto de Quintal”, de Juraci Júnior (RO), que transforma a música em instrumento de resistência e pertencimento, entre outros.
Já entre os curtas, os títulos confirmados são “Maira Porongyta – o aviso do céu”, de Kujãesage Kaiabi (MT), “Albuesas”, de Glória Albues (MT), “Reagente”, de Bruno Bini (MT), “Cabeça de Boi”, de Lucas Zacarias (MG), “O Enegrecer de Iemanjá”, de Uê Puauet (PR), “Tapando Buracos”, de Pally e Laura Fragoso (AL), “Benção” (BA), “Dandara” (GO), “Coisa de Preto” de Pâmela Peregrino (SE), “Linda do Rosário”, de Vladimir Seixas (RJ), “Marcos, o Errante”, de Thiago Brandão (BA), “O Último Varredor”, de Paulo Alípio e Perseu Azul (MT), “A Nave Que Nunca Pousa”, de Ellen de Morais, (PB), “Arame Farpado”, de Gustavo de Carvalho (SP), e “Mãe” de João Monteiro (RS).