Evento responsável por promover a cultura gastronômica paraense e zelar pela legitimidade da culinária amazônica acontece em setembro em Belém do Pará, com a participação de grandes chefs como Janaína Torres, Carole Crema, Telma Shimizu, Saulo Jennings e Bruna Martins.
O Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense, legado do chef Paulo Martins levado adiante por sua família e oficialmente encerrado na pandemia, em 2020, vai fazer seu grande retorno este ano. Maior e mais antigo evento gastronômico do Norte do Brasil, o Festival acontece em Belém do Pará e fez fama ao mobilizar chefs dos quatro cantos do país e receber o público em peso com diversas atividades em torno da cozinha, dos ingredientes e da cultura alimentar da Amazônia.
Com realização do Instituto Paulo Martins em parceria com a produtora de eventos Origem Justa, a 15ª edição do evento acontecerá no mês de setembro, nos finais de semana de 5 a 7 e de 12 a 14, com o Grande Festival, uma das novidades dessa edição, no Shopping Bosque Grão-Pará. Nos moldes dos principais festivais gastronômicos da atualidade, a programação será rica e diversa, incluindo degustações, aulas e uma série de atividades que contarão com a presença de chefs de todo o Brasil. Entre as atrações estará também o lançamento do livro “Memórias de um filho do fogão”, biografia de Paulo Martins assinada pela jornalista paraense Lorena Filgueiras, previsto para chegar ao público em 9 de setembro.
Para o Grande Festival, já estão confirmadas as participações de nomes de referência da gastronomia brasileira como as chefs Janaína Torres, eleita a Melhor Chef Mulher do Mundo pelo The World’s 50 Best Restaurants 2024 e detentora de uma série de prêmios nacionais e internacionais, e Carole Crema, cuja presença nos realities de TV ‘Que Seja Doce!’ e ‘Bake Off’ foram fundamentais para aproximar o espectador brasileiro da confeitaria nacional. Também estarão presentes a chef do restaurante paulistano Aizomê, Telma Shimizu, que carrega o título de Embaixadora para Difusão da Cultura e Culinária Japonesa cedido pelo governo do Japão, a mineira Bruna Martins, premiada chef de Belo Horizonte conhecida pelo trabalho nos restaurantes Birosca S2, Florestal e Gata Gorda, e Saulo Jennings (Casa do Saulo +: Tapajós, Onze Janelas, Quinta das Pedras, Museu do Amanhã, Bangalôs da Selva, São Paulo e Belo Alter), um dos principais embaixadores da culinária amazônica no Brasil e no mundo.
Do time paraense, o Festival contará com chefs de forte expressão que se dedicam a propagar o legado da cultura gastronômica local, como Thiago Castanho, que está à frente do Puba em Belém e do Sororoca em São Paulo, Paulo Anijar (Santa Chicória e Com’é?! Ristorante) e Daniela Martins, que comanda a cozinha do É pra Levar. Juntam-se ao grupo ainda Esther Weyl, chef do restaurante Celeste e idealizadora do Festival Belém no Prato, e o chef consultor e instrutor do Senac Pará Felipe Gemaque.
Outro destaque da programação será o tradicional Jantar das Boieiras, em que essas grandes representantes da cozinha paraense fazem os pratos principais e os chefs convidados criam complementos. “Elas foram o principal motivo para a volta do evento, que tem a importante missão de valorizar a cozinha local, desenvolver sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis e transformar pessoas e comunidades através da comida”, revela Joanna Martins, diretora do Instituto Paulo Martins.
“Não tínhamos como não fazer parte desse festival e desse momento de retorno, e neste ano especialmente”, acrescenta Jorge Bentes, diretor de comunicação da Origem Justa e da Plataforma 091. “Faz parte de tudo em que acreditamos. É um evento que carrega valores e propósitos bem definidos que enaltecem a cultura local. Vamos cuidar de tudo nos mínimos detalhes para oferecer uma experiência rica e de qualidade aos participantes.”
Legado de uma vida
Criado pelo visionário chef Paulo Martins em 2000, o Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense é um grande intercâmbio cultural gastronômico que proporciona uma mistura única de pessoas, conhecimento e culturas, com base no alimento amazônico. Apaixonado por sua terra, Paulo sempre enxergou o valor imensurável dos ingredientes da região e quis apresentá-los ao mundo. Para isso, entendeu que, em vez de levar os produtos em suas viagens, teria que fazer conexões por todo o Brasil e trazer os chefs amigos para o Pará, para viverem a experiência in loco, onde tudo contribui para a imersão no ambiente nativo – a atmosfera, a temperatura, a cidade, a cultura e as pessoas. Já participaram do evento grandes nomes da gastronomia como Alex Atala, Jefferson Rueda, Manu Buffara e Roberta Sudbrack.
A partir de 2015, com a criação do Instituto Paulo Martins, o Festival cresceu. Identificando o enorme potencial das trocas com os profissionais que iam para Belém e difundiam essa cultura gastronômica para o restante do Brasil, ao mesmo tempo que deixavam um pouco de seu próprio conhecimento, o VOP passou a se espalhar pela cidade para que toda a população pudesse vivenciar a experiência. Ao longo de quase 20 anos, o evento impactou mais de 150 mil pessoas – e a expectativa é que a nova edição, que acontece no momento em que a capital paraense recebe a COP 30, atinja sozinha mais 150 mil.
“Esse ambiente gastronômico de Belém é muito rico, tem reconhecimento internacional pela Unesco como Cidade Criativa da Gastronomia”, Joanna afirma, lembrando que o Festival movimenta não só o setor gastronômico, como também o turismo, o comércio e muitos outros negócios e serviços na região. “Quando um festival coloca um holofote sobre o alimento, as técnicas, o olhar acontece de outra forma. Isso é importante tanto para os turistas que vêm para Belém por causa do evento quanto para nós que vivemos aqui, porque a mensagem chega a mais pessoas. Que a cidade viva o Ver-o-Peso porque nosso alimento é mesmo muito especial.”