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Síndrome que afeta as mãos pode causar fraqueza e perda de mobilidade permanente se não for logo tratada

Síndrome que afeta as mãos pode causar fraqueza e perda de mobilidade permanente se não for logo tratada

Dor, formigamento, dormência e fraqueza na região das mãos e dedos. Esses são os principais sintomas da Síndrome do Túnel do Carpo, doença compressiva dolorosa que afeta, segundo pesquisas, de 1% a 10% da população em geral. É uma das doenças crônicas que mais atingem os membros superiores, comprometendo diretamente a qualidade de vida do paciente.

De acordo com o ortopedista e cirurgião da mão, Dr. Rodrigo Lima Gomes, que atua no Hospital Maradei, a síndrome leva esse nome porque tem origem na anatomia do punho, que possui um túnel estreito (carpo), por onde passam diversas estruturas do punho para as mãos. Entre elas, o nervo mediano que, ao ser comprimido, gera dor e muito desconforto.

“O sintoma mais significativo é, sem dúvida, a dormência noturna, que também pode aparecer após o uso das mãos em posições fixas, como segurar um livro para ler, dirigir, digitar e usar o celular.”, destaca o médico.

Mulheres são as mais afetadas

Segundo o ortopedista, a síndrome é mais frequente nas mulheres entre os 40 e 60 anos de idade, nas gestantes e nas que estão na fase da menopausa. Fatores hormonais podem explicar essa maior incidência, como a retenção de líquido durante a gravidez e na menopausa, que pode levar a compressão dentro do túnel do carpo, irritando o mediano e gerando mais dor.

De maneira geral, acredita-se que a possível causa da doença seja a inflamação dos tecidos locais. Há outras doenças que também podem desencadear a síndrome. “Pacientes com diabetes, artrite reumatoide, obesidade e doenças hormonais têm, possivelmente, maior predisposição.”, explica o ortopedista.

Síndrome requer ajuda médica

Dr. Rodrigo Lima Gomes explica que o paciente deve procurar um especialista o quanto antes, caso os sintomas sejam persistentes e afetem as atividades diárias, com perda da qualidade de vida.

“Principalmente quando a dormência e as dores não aliviam com a mudança de posição ou uso de medicações. E também quando os objetos caem das mãos devido à fraqueza.”, detalha.

O ortopedista alerta ainda que, em estágios mais avançados, a doença pode causar a perda permanente da sensibilidade e da mobilidade da mão, por isso, a necessidade de procurar ajuda médica o mais breve possível.

“Felizmente, a síndrome pode ser curada se for diagnosticada e tratada precocemente. Dependendo do estágio da doença, ela pode ser tratada com uso de medicações, órteses (dispositivo que auxilia na cura), fisioterapia, terapia ocupacional, infiltrações ou cirurgia.”, destaca.

Paciente precisou passar por cirurgia nas duas mãos

Em 2015, Maria do Carmo Ferreira, então com 47 anos, começou a sentir dores nas mãos. Ela passava gelo, tomava medicação e não adiantava. Conta que a dor e a dormência começaram na mão esquerda e, pouco depois, manifestaram-se na mão direita. E o problema passou a limitar a execução de suas tarefas diárias.

No mesmo ano, procurou ajuda médica, mas o diagnóstico errado (de hérnia disco) prolongou seu sofrimento e fez com que a síndrome se agravasse. “Isso atrasou o diagnóstico correto e me fez sentir dor por muitos anos!”, lamenta. Nesse período, ela trabalhava como caixa e precisou deixar o emprego.

Em 2021, resolveu, então, procurar outro ortopedista e veio o diagnóstico certeiro: Síndrome do Túnel do Carpo em estágio avançado. O médico ainda tentou a cura com medicação e fisioterapia, mas não houve evolução. Em 2024, Maria do Carmo precisou passar por cirurgias nos dois punhos. A primeira cirurgia foi realizada em fevereiro e a segunda, em maio.

Hoje, ela se sente melhor, sem dor ou formigamento na mão esquerda. A direita está em processo de recuperação. Conta que só depois de nova visita ao médico saberá se precisará de fisioterapia. Mas o que Maria do Carmo quer mesmo é voltar a fazer o que gosta. “Quero dormir bem e voltar a fazer penteados em minha neta.”, ressalta.

Créditos
Com informações da Iva Muniz / NRT
Foto Divulgação