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Por que é tão importante fazer o check-up do cérebro?

Por que é tão importante fazer o check-up do cérebro?

O cérebro é a parte mais importante e sofisticada do sistema nervoso. É responsável pelas nossas ações voluntárias ( falar, comer, tomar banho) e involuntárias (respirar, a batida do coração, do pulso). Por isso, é muito importante dar atenção a esse órgão fundamental para a nossa vida. Nem é preciso sentir algum sintoma para procurar orientação médica. Por vezes, o histórico familiar pode traduzir os riscos que uma pessoa pode carregar ou não ao longo da vida.

“O mais importante é coletar a história clínica detalhada do paciente, o que chamamos de anamnese. É no primeiro contato, por meio de uma conversa. Através dela, conseguimos identificar o risco e direcionar quais exames são necessários, individualizando cada paciente.”, explica o neurocirurgião Thiago Brandão, especialista em neurorradiologia intervencionista.

Foi o caso do engenheiro mecânico, Newton Santos, de 49 anos. Ele jamais havia sentido qualquer sintoma que pudesse indicar algum problema neurológico. Levava uma vida saudável e se sentia muito bem. Até que, em 2019, perdeu a mãe, vitimada por um AVC. Este ano, outro familiar apresentou problema similar. Resolveu, então, buscar orientação médica.

“Fui recomendado a fazer uma angioressonância cerebral por prevenção, e prontamente concordei.”, relata. O exame detectou dois aneurismas de tamanho relevante na artéria carótida, responsável por levar o sangue ao cérebro. “O que me tornava um forte candidato a um AVC, seguido de morte súbita, sem que nunca tivesse sentido qualquer sintoma.”, ressalta.

Após uma investigação mais detalhada do problema, Newton precisou se submeter a uma cirurgia para a implantação de um stent na carótida. “Não senti absolutamente nada de dor. Após o procedimento, passei apenas uma noite em observação na UTI e, depois de um dia, estava de volta à minha família.”, comemora.

Com menos de um mês da cirurgia, Newton assegura que está muito bem. Suspendeu temporariamente as atividades de esforço físico e toma apenas uma medicação para manter determinadas propriedades do sangue. Se antes acreditava que fazer check-up do cérebro era algo longe de sua realidade, hoje pensa bem diferente.

“Me sinto um homem de sorte por ter tido a oportunidade de identificar precocemente um aneurisma com elevado grau de risco. Consultar-se com um especialista para, no mínimo, se informar sobre o tema, é o básico em minha opinião. A partir daí, a pessoa será orientada sobre melhores hábitos, atitudes ou a melhor forma de monitorar um eventual risco.”, ressalta.

O neurocirurgião Thiago Brandão explica que, se o paciente apresentar histórico familiar, doenças como Parkinson e Alzheimer podem ser rastreadas por meio de testes genéticos. No caso de ter um parente de primeiro grau com aneurisma cerebral, é fundamental o familiar passar por uma avaliação por meio de exames específicos de imagem, como a angiotomografia ou angiorressonância, que mostram a situação das veias e artérias.

Para casos de epilepsia, o especialista destaca que é importante realizar um eletroencefalograma (que analisa a atividade elétrica cerebral espontânea), tanto para diagnóstico quanto para acompanhamento. Já para o paciente que apresenta aterosclerose, é imprescindível realizar o exame ecodoppler de carótidas e vertebrais,para avaliar sinais de obstrução do fluxo sanguíneo que possam acarretar em algum evento vascular cerebral no futuro, como o temível AVC.

O neurocirurgião ressalta que não existe uma idade estipulada para iniciar o check-up do cérebro, mas, de uma forma geral, é indicado passar por avaliação a partir dos 50 anos. “É quando alguns sintomas, como perda de memória e dor de cabeça, costumam ser mais frequentes, além do aparecimento de doenças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes.”

No caso da professora Araceli Lemos, 65, o que a levou a fazer um check-up, incluindo o neurológico, foi a preocupação com seu estado de saúde geral após se recuperar da covid-19. No exame, foi diagnosticada com dois aneurismas. O maior precisou de cirurgia tradicional (mais invasiva), o menor foi tratado com a técnica de embolização, que utiliza um cateter na artéria femoral (próximo à virilha) que é direcionado até o aneurisma. O procedimento é todo acompanhado por imagens.

“Eu tive muita sorte! As cirurgias foram um sucesso! Não fiquei com nenhuma sequela. Me sinto bem. Fiz o monitoramento recentemente e o médico me disse que estou curada!”, conta a professora. E destaca a importância de fazer o check-up do cérebro como prevenção.

“É necessário procurar o médico, fazer os exames. A ciência evoluiu muito. Hoje, você pode fazer os mais difíceis tratamentos como forma de garantir a cura de muitas doenças. Há um senso comum que diz ‘quem procura, acha’ e muitos não vão ao médico por conta desse pensamento. É como se essas pessoas preferissem descobrir uma doença quando não tem mais jeito!”.

O neurocirurgião ratifica as palavras da professora e enfatiza a importância de uma ação conjunta das várias áreas médicas em prol da saúde do paciente. “Certamente, é importante a detecção do problema para que possamos atuar precocemente. Eu, como neurocirurgião, procuro ajudar os colegas da neurologia a realizar uma triagem de pacientes com aneurisma cerebral. A cardiologia também atua na linha de frente, ajudando na prevenção do AVC.”, destaca.

Cinco sinais de que é preciso visitar um especialista

1- Dor de cabeça – nunca deve ser ignorada, mesmo que não pareça um problema sério. Se for uma dor aguda, repentina, ou venha acompanhada de vômito ou problemas de visão, é imprescindível procurar ajuda médica.

2- Formigamento e dormência – também podem guardar muitos significados, principalmente quando ocorre com muita frequência e não se sabe a causa. Se for apenas em um lado do corpo, afetando a fala e a visão, pode ser um AVC. Nesse caso, vá ao hospital o mais rápido possível!

3- Confusão Mental e lapsos de memórias – são sinais importantes que podem derivar de estresse e insônia ou não. Podem também indicar demência, o tão conhecido mal de Alzheimer.

4- Alterações no sono – Se houver muita sonolência durante o dia ou insônias intermináveis podem ser sinais de doenças neurológicas. Se o sono não traz repouso, fique atento.

5- Fraqueza dos músculos – o sistema neurológico comanda o corpo, e quando ele não funciona plenamente, ações simples, como mastigar ou andar, não acontecem. Se essa fraqueza for recorrente, busque ajuda médica.

Fonte: https://www.hospitalanchieta.com.br
Por Iva Muniz
Foto: Divulgação