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Férias: especialista aponta 5 dicas de como as famílias podem criar experiências educativas e divertidas com os filhos

Férias: especialista aponta 5 dicas de como as famílias podem criar experiências educativas e divertidas com os filhos

Atividades que estimulam o aprendizado, fortalecem vínculos familiares e afastam as crianças do excesso de telas são boas opções

Com a chegada do período de recesso escolar, muitas famílias se perguntam como direcionar o tempo livre dos filhos de forma produtiva, sem recorrer exclusivamente às telas e aos dispositivos eletrônicos, como computadores e videogames. Esse é um desafio importante, uma vez que nem sempre os responsáveis estão com a mesma proporção de tempo disponível nesse período. Ainda assim, respeitando cada realidade familiar, é possível encontrar boas alternativas nas férias para os pequenos. Para a Consultora Pedagógica da Mind Lab, Monise Nascimento, o período de recesso pode ser também uma oportunidade valiosa de fortalecimento dos laços familiares e estímulo ao aprendizado por meio de experiências lúdicas e significativas.

O tempo à frente das telas é um tema em alta no país. Desde fevereiro deste ano, uma Lei federal (Lei nº 15.100/2025) veta o uso de celulares e outros dispositivos portáteis durante as aulas da Educação Básica. O Ministério da Educação também lançou recentemente um guia de uso saudável de telas por crianças e adolescentes. “A mesma lógica deve valer para o período de férias, que consistem em uma oportunidade muito valiosa para o aprendizado e a ludicidade concreta, real. É importante direcionar o tempo das crianças com atividades que colaborem para cultivar o pensamento crítico, a empatia, a colaboração e o raciocínio lógico por meio de jogos físicos e interações em família, atividades que podem – e devem – ser estimuladas pelos responsáveis. Há ainda há a possibilidade de permitir que as crianças fiquem com uma parte do tempo livre, sem excesso de estímulos. É nesse momento que, grande parte das vezes, a curiosidade e a exploração espontânea ganham força, pois a criança para e observa o entorno, o que mais chama a atenção, o que quer explorar. Assim, é importante buscar o equilíbrio entre estímulos direcionados e momentos livres (sempre acompanhados). Essa é uma combinação muito rica para o desenvolvimento”, destaca Monise.

Por isso, a especialista elenca atividades simples e acessíveis, que estimulam o desenvolvimento integral e promovem a interação familiar. Confira:

1. Brincadeiras, jogos de tabuleiro e desafios em equipe
Opções como xadrez, dominó, damas ou os jogos de estratégia são ideais para exercitar a lógica e o autocontrole emocional de forma divertida. “São alternativas que estimulam a capacidade de raciocinar, além de ser um programa agradável em família”, afirma. Um outro exemplo para desafio coletivo é a montagem de quebra-cabeças, atividade cada vez mais buscada também por adultos, que consiste em uma opção que diverte, cria laços e educa, na visão de Monise. “Entre as vantagens estão também a resolução de problemas e cooperação entre os membros da família”. É importante destacar que cada opção tem suas variações mais indicadas por faixa etária.

2. Criação de histórias em conjunto
Estimular a criatividade e a linguagem por meio de narrativas inventadas coletivamente, desenhadas ou encenadas em casa é outra boa opção. As histórias podem ter como personagens e cenários os recursos do entorno, tornando a criação muito mais significativa. Enriquecendo esse momento, a família pode brincar incluindo personagens criados com base no formato das nuvens, com teatro de sombras, com bichos de estimação da casa… tudo para agregar mais ludicidade à história. Para a especialista, esse tipo de atividade cria memórias, estimula o pensamento organizado e a comunicação em todas as idades. “Aqui, além de criar um momento especial de lazer, fortalecendo laços afetivos que podem ser lembrados durante muitos anos, a criança desenvolve e amplia a linguagem e a imaginação”.

3. Preparar uma receita
Convidar a criança para participar da preparação de um prato que ela goste muito, observando como ele é feito, ou mesmo realizar essa proposta com alguma receita mais tradicional da família. “Essa é uma estratégia muito importante que envolve a criança em um cenário de mão na massa, compartilhamento e valores familiares”, afirma a especialista. Vale ressaltar que o tempo de espera da preparação de algumas receitas (como quando vão ao forno, por exemplo), é algo precioso para que a criança perceba que nem tudo é preparado instantaneamente e é preciso esperar, algo muito necessário em uma geração mais acostumada com o acesso imediato a muitos conteúdos e recursos. “Enquanto espera, que tal ouvir música e criar ritmos usando utensílios?”, comenta.

4. Histórias em família
Os familiares podem, sempre que oportuno, se reunir com as crianças para contar situações vividas pela família que sejam interessantes e pertinentes à idade, como a história do nome da criança, os desafios do dia do seu nascimento, ou quando a criança teve alguma primeira conquista – como andar ou falar. Caso tenham objetos, roupas, fotos de momentos marcantes da família, podem ser explorados. As histórias podem ser sobre outras pessoas da família, além da criança. “É interessante que esses relatos ocorram de maneira oportuna, quando pertinentes na rotina, de forma que a criança esteja também curiosa para saber algo sobre a sua própria trajetória e de sua família, ainda que essa curiosidade tenha sido estimulada”, afirma a especialista. Aqui, também vale falar sobre temas variados e sobre sentimentos após episódios familiares, exercitando a escuta ativa e o respeito ao outro.

Para famílias cujos responsáveis ficam longe dos filhos durante o dia, pois trabalham fora, uma boa estratégia é fazer essa conversa no início da noite ao chegar, inclusive contando e ouvindo sobre como foi o dia de cada um, nesse período considerando que o dia a dia das crianças está sendo diferente.

5. Atividades ao ar livre
Caminhadas, passeios em parques e jogos tradicionais como amarelinha ou queimada ajudam a equilibrar o tempo de tela com o movimento e a interação social. “O contato com a natureza é fundamental para construirmos seres humanos cada vez mais saudáveis e responsáveis com o meio ambiente. Programas ao ar livre que estimulam a conexão com a natureza e o pertencimento a ela são necessários e garantem muitas horas de diversão para a garotada”, conclui Monise. Estar ao ar livre também pode ser uma ótima oportunidade de ter o tempo livre, sem excesso de estímulos, deixando a criança descobrir a natureza e interagir com seus recursos espontaneamente. Por fim, vale destacar que o piquenique ao ar livre é uma das ocupações favoritas da criançada.

Segundo a especialista, essas ações reforçam habilidades socioemocionais fundamentais e criam memórias afetivas que acompanham a criança por toda a vida, além de também beneficiarem os adultos. “É uma chance para os pais tentarem sair um pouco da rotina acelerada, se manterem conectados com os filhos e participarem mais ativamente do desenvolvimento deles. É benéfico para ambos”. Essas dicas podem ser consideradas em momentos como finais de semana e feriados, além das férias escolares, priorizando os dias em que a família está reunida.

A Mind Lab, onde Monise atua, é pioneira no desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais, cognitivas e éticas de forma integrada, atua com o Programa MenteInovadora em dezenas de regiões brasileiras, como Recife (PE), Rio Branco (AC), Piracicaba, Osvaldo Cruz, Charqueada e Gavião Peixoto (ambas em SP), Angra dos Reis e Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, Vitória da Conquista (BA), entre outras. O Programa é uma metodologia baseada em três pilares: jogos de raciocínio, métodos metacognitivos e professor mediador, explorando os recursos da metodologia com ações intencionais. Os conteúdos estão alinhados com a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que se agregam à prática pedagógica e auxiliam na aprendizagem integral dos alunos de forma colaborativa.