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O povo cubano está disposto a lutar por aquilo que historicamente lhes foi tirado: a sua liberdade

Havana, Cuba - April 2, 2012: Two cuban teenagers sitting near propaganda graffiti
Havana, Cuba - April 2, 2012: Two cuban teenagers sitting near propaganda graffiti

Na última semana aconteceram diversas manifestações ao redor da ilha de Cuba, o que por si só é um espanto, já que no país as críticas ao governo nunca são bem vindas. O que acontece é que uma parcela da população decidiu encarar o medo da repressão e saíram pelas ruas para denunciar o descaso em que se encontra o país e, como esperado, o autoritário presidente cubano culpou os Estados Unidos por tudo o que está acontecendo.

A insatisfação da população cubana vinha se acumulando. O país passa pela sua mais grave crise desde a queda da União Soviética, são frequentes os apagões de energia, o aumento da inflação, além da escassez de alimentos básicos e remédios. Para piorar, Cuba vive um momento extremamente conturbado por conta da pandemia: os hospitais estão superlotados e há diversos relatos de pacientes que morreram sem sequer conseguir atendimento.

Todas as vezes que a atenção internacional se vira para Cuba, o partido comunista cubano sempre termina responsabilizando o mesmo alvo: o embargo econômico dos Estados Unidos. Para quem não sabe, logo após a revolução cubana o então líder do país, Fidel Castro, estatizou diversas empresas americanas estabelecidas no país e que acabaram gerando um prejuízo de mais de 1 bilhão de dólares para os Estados Unidos. Em resposta, o presidente John Kennedy impôs uma série de sanções econômicas a Cuba que foram ampliadas no governo de Bill Clinton. O embargo está em vigor há mais de 60 anos, amplamente denunciado pela ONU, que corretamente alega ser incabível que essas medidas continuem em vigor. O embargo atrapalha Cuba, mas jamais pode ser entendido como único culpado pelo fracasso da ilha.

O país constantemente desrespeita os direitos humanos e viola a liberdade do seu povo em detrimento de uma família que comanda o país desde 1959. Até 2018, a ilha estava diretamente na mão da família Castro, já que Fidel comandou o país até 2008, passando o poder para seu irmão Raúl Castro, que largou de mão da presidência há três anos. Desde então, quem comanda a ilha é Miguel Díaz-Canel, homem de confiança da família Castro e revolucionário ferrenho. Apesar de não estar mais no comando, Raúl Castro continua altamente influente no comando de Cuba.

Para reprimir as manifestações, Díaz-Canel cortou o acesso a internet na ilha, convocou revolucionários para irem às ruas defender o governo e, claro, alegou que os protestos contrários ocorreram por conta de infiltrados americanos. A dura realidade é que, em qualquer regime autocrático, a verdade é sempre difícil de ser aceita, mas ela está lá e não deveria ser ignorada. O povo cubano está cada vez mais cansado, sedento por liberdade e, embora ainda não tenha conseguido conquistá-la, começa a enxergar que o preço de ser livre é algo que vale a pena pagar. Custe o que custar.