Atualidades

Escalada de tensão na fronteira entre Venezuela e Colômbia deveria preocupar o Brasil

South America map
South America map

Desde o dia 21 de março há uma crise silenciosa ocorrendo nas margens do rio Arauca, que fica na fronteira entre a Venezuela e a Colômbia. Apesar de pouco divulgada, a disputa territorial entre os países pode se tornar um problema generalizado para a América Latina e mesmo com diversos alertas enviados por ONGs, pouco tem sido feito pelos países vizinhos e organizações internacionais para amenizar a situação.

 

O conflito começou com bombardeios no município venezuelano de La Victoria, o que forçou os moradores locais a migrarem para o município colombiano de La Arauquita. Essa área da fronteira entre os países é rota estratégica para os narcotraficantes e foi justamente um grupo de dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) que protagonizou a escalada da tensão na fronteira. As FARC já chegaram a ocupar 40% do território colombiano na década de 90 mas, com auxílio dos Estados Unidos, os guerrilheiros perderam espaço e passaram a atuar majoritariamente nas áreas fronteiriças em sequestros e contrabando de drogas.

 

Diante da situação, o ditador Nicolás Maduro está furioso com o fato de oito soldados do seu país terem morrido por conta dos bombardeios, e relata que a Colômbia está protegendo guerrilheiros. O ministro da Defesa da Venezuela alega que será necessário criar uma zona de defesa para garantir a integridade da região diante de um “plano imperial promovido pelos Estados Unidos com o apoio da Colômbia”. Do outro lado da crise, os colombianos alegam cumplicidade entre a Venezuela e os narcotraficantes e o conflito atual nada mais seria que uma disputa interna entre eles.

 

Os dois países estão rompidos diplomaticamente desde o início de 2019, quando o presidente colombiano reconheceu Juan Guaidó como presidente da Venezuela. A inexistência de diálogo entre os dois lados torna ainda mais difícil uma solução sem um intermediador e o secretário-geral da ONU ainda não demonstrou interesse em lidar com o assunto na agilidade que é necessária. Nestes momentos, surge a importância dos próprios países latinos intercederem em prol da estabilidade.

 

O Brasil, sendo um líder na região, deveria estar mais preocupado em buscar assumir este papel de intermediador, porque um conflito desta magnitude seria terrível para a América Latina. Além disso, há indícios de deslocamento de tropas nos estados venezuelanos que fazem fronteira com o Brasil e, por conta da proximidade, nosso país poderia sentir os efeitos da tensão entre os dois países.

 

Este conflito se tornou também uma crise humanitária, já que cerca de cinco mil pessoas (sendo metade delas crianças) tiveram que sair às pressas de suas casas e hoje estão vivendo em acampamentos improvisados sem perspectiva alguma de volta à normalidade. Se os vizinhos e organizações internacionais não agirem com urgência, a escalada da tensão poderá afetar ainda mais a paz na região e agravar a situação migratória na fronteira entre os dois países.