
Segundo a Investigadora Principal do estudo, médica neurologista do Hospital Moinhos de Vento, que conduziu a pesquisa em oito países da América Latina, políticas públicas são essenciais para prevenção dos acidentes cardiovasculares e podem reduzir gastos associados à doença
O artigo “Cost evaluation of acute ischemic stroke in Latin America: a multicentric study”, publicado na The Lancet Regional Health – Americas”, em janeiro de 2025, aponta que o custo médio por paciente no tratamento de AVC na América Latina é de US$ 12,2 mil.
O estudo tem como Investigadora Principal a Dra Ana Cláudia de Souza, que coordenou e conduziu a pesquisa nos 8 países. Atualmente, ela é neurologista do Hospital Moinhos de Vento e Líder Operacional de Projetos PROADI-SUS TRIDENT e ÁRTEMIS. O projeto também contou com a co-autoria da Dra Sheila Cristina Ouriques Martins, chefe do serviço de neurologia e neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, e Responsável Técnica dos Projetos PROADI-SUS RESILIENT TNK e PROMOTE.
A pesquisa extraiu dados de 1.106 pacientes diagnosticados com AVC isquêmico agudo em oito hospitais, centros de AVC na América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Peru e Uruguai. No Brasil, foram incluídos dados de 157 pacientes, e o custo médio foi de US$ 27,4 mil por paciente.
A pesquisa avaliou os recursos consumidos durante toda a internação hospitalar do paciente com AVC isquêmico agudo, incluindo o custo real para cada local como: salários dos profissionais, estrutura física de cada departamento, exames, procedimentos, medicamentos prescritos e procedimentos relacionados aos tratamentos de reperfusão como trombólise endovenosa e trombectomia mecânica.
Os custos mais altos identificados estiveram relacionados ao uso de estrutura hospitalar, impulsionados pela maior utilização de departamentos como setor de angiografia e cuidados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Em todos os países, os custos aumentaram de acordo com o maior risco clínico do paciente, tendo a duração da internação hospitalar como o principal fator de variação de custo entre os países. Os custos relacionados ao trabalho dos profissionais mostraram grande variabilidade entre os países. O centro no Chile teve o maior custo relacionado a profissionais, seguido pelo centro no Brasil.
Uma crescente preocupação global surge em relação à incidência do AVC, principalmente entre pacientes mais jovens e em países de baixa e média renda. Há expectativa de um aumento de 50% no número de mortes até 2035, com proporcional aumento de custos relacionados à doença de US$ 891 bilhões anualmente para US$ 2,31 trilhões.
No Brasil, o AVC é a doença que mais mata e incapacita. Segundo dados do portal da transparência da Associação de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil), foram 109.560 pessoas no Brasil em 2023. Segundo a médica neurologista Ana Cláudia, observamos esse aumento principalmente devido ao crescimento de maus hábitos que contribuem para doenças cárdio e cerebrovasculares, como tabagismo (uso de vapes entre jovens), consumo de alimentos ultraprocessados e pouca atividade física. “É urgente a necessidade de investimentos em conscientização e esforços de prevenção ao AVC, muito poderia ser evitado com campanhas e orientação de saúde pública, o que diminuiria o custo dos acidentes cardiovasculares”, explica Ana Cláudia.
O artigo traz que disparidades na conscientização sobre a doença, à medidas de prevenção, à assistência médica e à infraestrutura entre países de baixa, média e alta renda apresentam obstáculos significativos à ampliação do acesso aos tratamentos de reperfusão no AVC, com potencial redução de custos. “Abordar essas disparidades por meio de iniciativas, como este estudo, é fundamental para garantir acesso equitativo a intervenções essenciais para o AVC, otimizando a alocação de recursos principalmente em sistemas de saúde pública”, diz a neurologista. Segundo ela, a introdução de mudanças em protocolos de atendimento hospitalares, focadas na padronização da utilização de recursos, melhoria em indicadores de qualidade assistencial, também podem reduzir efetivamente custos e aumentar a eficiência no atendimento ao AVC agudo.
“O diálogo do governo local com gestores de saúde e empresas também têm papel fundamental, pois as redes de AVC dependem de alocações orçamentárias para infraestrutura, pessoal de saúde, compra de medicamentos e implementação de programas eficazes e sustentáveis”, explica a neurologista.
Sobre o Hospital Moinhos de Vento
Com o propósito de Cuidar das Pessoas, integrando assistência, pesquisa e educação, o Hospital Moinhos de Vento, fundado em 1927, foi o segundo hospital do país acreditado pela Joint Commission International (JCI), sendo reacreditado pela oitava vez consecutiva em 2023. É um dos seis de referência do Brasil segundo o Ministério da Saúde e o único fora do eixo-SP a integrar o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). Melhor hospital da Região Sul e quarto melhor hospital do País, de acordo com a revista Newsweek, e melhor empresa do País no segmento Saúde no Anuário Época Negócios. Recentemente, o Hospital Moinhos de Vento conquistou mais dois importantes reconhecimentos na América Latina: foi eleito pela Latam Business Conference o terceiro melhor do continente e o segundo melhor do Brasil no Top Ranking Latam Best Hospitals. Em outro ranking, elaborado pela Intellat, Moinhos foi o segundo melhor da América Latina em telemedicina e experiência do paciente. Possui um dos parques robóticos multiplataforma mais diversificados da América Latina. É referência nacional em práticas sustentáveis no setor hospitalar, sendo a primeira instituição do Brasil a construir, em seu complexo, uma Central de Transformação de Resíduos.