A leucemia linfoide crônica, também conhecida por LLC, é um dos mais comuns tipos de câncer no sangue1. A doença é mais frequente em pacientes com idade entre 65 e 74 anos2 e costuma não apresentar sintomas iniciais no diagnóstico2. Entre 2020 e 2022, foram diagnosticados 4.890 casos em mulheres e 5.920 casos em homens, que são a maioria em todos os registros de LLC pelo mundo2.
A Dra. Mariane Gennari, médica hematologista pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), especialista em câncer do sangue, afirma: “É muito comum e compreensível o paciente ter um choque ao receber o diagnóstico. Contudo, existem diversas formas que a doença pode ser controlada, garantindo aos pacientes uma expectativa de vida pós diagnóstico sem perda de qualidade, assim como uma grande parcela de pacientes com o diagnóstico será acompanhado por um longo tempo sem precisar de tratamento algum.”
Por conta de seu desenvolvimento silencioso, o acompanhamento dos sinais e sintomas é a principal maneira de evitar a evolução para casos mais agressivos, na tentativa de manter a capacidade de controle da doença, preservando a qualidade de vida mesmo no pós diagnóstico1.
Diagnóstico e sintomas: a constância é o melhor remédio
É importante ter em mente que a LLC é uma doença crônica e que não é herdada geneticamente. Os sintomas da doença – que incluem sensação de cansaço3, infecções repetidas3, perda de peso sem razão aparente3, dores pelo corpo3, dentre outros – são facilmente confundidos com outras doenças comuns que pacientes que estão chegando à terceira idade, ou seja, a população mais frequente entre os pacientes de LLC.3
A Leucemia Linfoide Crônica é acometida pelo crescimento descontrolado de linfócitos B que, geralmente, não impedem o crescimento de células normais3. Por isso, pacientes com essa doença podem demorar meses, ou até mesmo anos, para serem diagnosticados3.
“Isso acontece porque os linfócitos B são originados das células B, que possuem um desenvolvimento lento.” Explica a dra. Mariane.
Os principais sintomas são3:
Perda de peso inexplicável;
Sensação de cansaço;
Infecções repetidas;
Febre;
Suores noturnos;
Hematomas ou sangramentos;
Gânglios linfáticos ou baço aumentados.
“Por isso é de extrema importância estar com as visitas ao médico em dia, em especial com o hematologista, que é o médico responsável por identificar doenças no sangue. Quanto maior a constância de exames de rotina, mais rápido o diagnóstico e o início do tratamento, quando necessário”, adiciona a especialista.
Tratamento: a liberdade de viver não pode parar!
Nos últimos anos, houve um avanço para tratamento de diferentes tipos de leucemia. No caso da LLC, as opções de tratamento envolvem imunoterapias, quimioterapias, terapias alvo e até mesmo a opção de tratamentos finitos. A escolha do tratamento varia e depende de fatores como o estágio da doença, aptidão física, mutações genéticas, condições médicas e outros diversos fatores.3
“O tratamento para LLC precisa ser acima de tudo o mais preciso possível. Dentre as opções disponíveis hoje, conseguimos trabalhar com muita personalização e adaptação das abordagens à cada caso”, comenta a médica. “Um exemplo disso é a opção de tratamentos finitos, ou seja, em que o paciente não precisa fazer o uso de um mesmo medicamento por longos períodos, com alguns intervalos no tratamento sem a perda da eficácia. A ideia é, na verdade, que esse paciente seja exposto a uma menor toxicidade a longo prazo, o que é muito importante se levarmos em conta que a maioria das pessoas que vivem com LLC tendem a estar com a idade mais avançada.”
Em caso de diagnóstico positivo, o conselho da especialista é de manter a calma e conversar com um médico sobre qual o tratamento mais indicado. “Algumas perguntas, sobre como funciona o tratamento, por quanto tempo ele será necessário, quais resultados são esperados, dentre outras, são essenciais para manter um diálogo aberto com o médico, o que sempre impacta positivamente no prognóstico do paciente.”
Por ser uma leucemia considerada crônica, a LLC é um dos cânceres de sangue com a menor taxa de mortalidade.3 “Fazer acompanhamento médico e manter o tratamento em dia são as maiores ferramentas para um prognóstico positivo e a continuidade de um estilo de vida de qualidade”, adiciona a médica.
“Hoje, falamos cada vez mais de LLC como uma doença crônica, ou seja, que precisará de acompanhamento constante, mas que, junto com tratamento e de um diálogo claro e aberto entre médico e paciente, a doença não precisa nem deve ser considerada uma sentença de morte”, comenta. “Existe muita vida, com qualidade, para quem vive com LLC”, finaliza.