Todo mundo conhece alguém que já teve crise de ansiedade. Isso é fato. O que antes era tratado como casos isolados, tornou-se assunto corriqueiro, especialmente no ambiente corporativo. A pandemia, de certa forma, serviu como gatilho para muitas pessoas, e o burnout passou a ser uma condição diagnosticada com maior frequência. Trata-se de uma exaustão física e mental provocada pela exposição a altos níveis de estresse, pressão, competitividade ou responsabilidade no ambiente de trabalho, que pode desencadear crises de ansiedade e até depressão profunda.
Dentro desse contexto é importante avaliar como o ambiente corporativo pode contribuir para evitar ou desenvolver a síndrome. “As empresas devem sempre oferecer um espaço seguro para todos os seus colaboradores,” afirma Daniela Luiz, especialista educação corporativa. O trabalho ocupa grande parte do dia das pessoas e, consequentemente, exerce um impacto direto em suas vidas. São diversos os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do burnout, incluindo uma carga excessiva de trabalho, prazos apertados, falta de autonomia, pressão por resultados, ambiente competitivo e até mesmo a ausência de apoio emocional e recursos para lidar com o estresse. “É fundamental que as empresas compreendam seu papel na prevenção do burnout e disponibilizem as ferramentas necessárias para promover o bem-estar mental de seus colaboradores.”
Em uma pesquisa realizada em 2021 pela Universidade de São Paulo (USP), foi revelado que 18% dos brasileiros já sofreram com a síndrome do esgotamento profissional. No mesmo ano a condição foi incorporada à lista de doenças ocupacionais reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os efeitos do burnout não se limitam apenas à vida pessoal; as empresas também são impactadas negativamente por ele. Isso se manifesta através do aumento do absenteísmo, da queda na produtividade e na motivação da equipe, da alta rotatividade de funcionários e, consequentemente, na criação de um ambiente de trabalho tóxico. “É importante que as empresas invistam em treinamentos de desenvolvimento de soft skills, especialmente quando se trata das lideranças. Os líderes precisam estar por dentro do assunto para que consigam identificar essas situações, oferecer o suporte necessário ao profissional e desempenhar um papel ativo na prevenção do burnout”, conta Daniela.
Papel da empresa
As motivações que levam uma pessoa a ter picos de estresse, chegando até mesmo ao burnout normalmente são complexas, mas ter uma postura empática é essencial. O combate ao burnout é um trabalho coletivo. É necessário que todos estejam vigilantes para, caso identifiquem os sintomas em algum colega de trabalho, possam se solidarizar e incentivar que busque ajuda profissional. “As empresas também podem ir além, e desenvolver iniciativas para promover um ambiente saudável e prazeroso para o trabalho”. Confira 5 dicas elencadas pela especialista:
Promover uma cultura de equilíbrio
Incentivar o equilíbrio entre trabalho e a vida pessoal deveria ser algo cultural nas empresas. Na prática, isso pode incluir flexibilidade de horários, regras para férias, não permitindo que os colaboradores fiquem muito tempo sem períodos de descanso. Incentivar que as pessoas façam pausas regulares durante o dia para relaxar e recarregar energias também pode ser positivo.
Comunicação com transparência
Estabelecer canais de comunicação abertos para que os funcionários possam expressar suas preocupações, problemas ou necessidades. Certifique-se de que os gerentes estejam dispostos a ouvir e apoiar os membros da equipe.
Gerenciar as expectativas
É importante que as empresas estabeleçam expectativas claras em relação ao trabalho e ao desempenho de cada colaborador, evitando sobrecarregar com tarefas excessivas ou prazos difíceis de cumprir. Permitir que o colaborador entenda de maneira clara o que é esperado de resultado em relação ao trabalho dele também é importante, para que expectativas estejam alinhadas.
Promover o autocuidado
A empresa incentivar de forma mais incisiva que as pessoas se cuidem. Isso pode ser feito através de palestras, cursos ou mesmo convênio com academias e desenvolvimento de programas para promover bem-estar.
Olhar atento sempre
Empatia e atenção são essenciais em qualquer ambiente. Estar atento aos sinais de burnout, como faltas frequentes, queda no desempenho, mudanças de comportamento é uma forma de identificar o problema antes que ele se torne mais complexo.
Créditos
Com informações da Agência BC Biz
Foto: Divulgação