Segundo a pesquisa Pirls (sigla em inglês para Estudo Internacional de Leitura), a habilidade de leitura de crianças brasileiras está entre as piores do mundo. No ranking, o país ficou na 52ª posição, com uma média de 419 pontos, atrás de países como Albânia, Cazaquistão e Uzbequistão.
Já entre jovens estudantes de 15 a 16 anos, 66,3% afirmam ler até dez páginas de textos durante todo o ano letivo, conforme levantamento realizado pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), com base na análise dos microdados do exame internacional Pisa 2018.
Para Marco Antonio Xavier, especialista em gestão escolar e diretor do Colégio Anglo Leonardo da Vinci, unidade de Alphaville, no Brasil, não há uma cultura letrada amplamente disseminada: “Se os pais não têm o costume de ler, fica difícil esperar que os filhos desenvolvam o hábito. Isso se intensificou ainda mais com a chegada da era digital. As telas coloridas com desenhos animados e games são muito atraentes para crianças e adolescentes, mas não trazem benefícios reais para o desenvolvimento linguístico”.
De acordo com o diretor, pesquisas internacionais mostram que essas tecnologias prejudicam o desempenho escolar e o aprendizado da língua, além de potencializar danos à saúde física e mental de crianças e jovens.
“A leitura desenvolve habilidades importantes para a alfabetização, fortalece vínculos e estimula a empatia e a tolerância. Quando a criança vive histórias, ela compreende as emoções dos personagens e passa a entender os outros de maneira mais rica. Ainda, favorece a interação social e as trocas entre indivíduos diferentes, compartilhando visões de mundo e estímulo à criatividade. Para os jovens, são uma fonte poderosa de repertório para a redação do vestibular, por exemplo”, complementa Marco.
Dentro do ambiente escolar, o diretor ressalta como a escola tem papel importante na construção desta rotina, como uma boa prática de leitura em voz alta para crianças pequenas, que ajuda a desenvolver a leitura independente e a fluência na oralidade. Clubes de leitura, saraus e feiras de trocas de livros são outros pontos que estimulam o hábito coletivo. Para acompanhar a tecnologia, os livros eletrônicos são muito versáteis, com uma oferta imensa de clássicos gratuitos e lançamentos com preços que podem chegar a 10% do valor de um livro físico.
“Ter a leitura presente no dia a dia é a base fundamental para falar bem e escrever bem. Para falar bem, precisa ter vocabulário; para ter boas ideias, precisa ter repertório. E a leitura permite tudo isso. As escolas, pais e responsáveis devem enxergar cada vez mais essa importância para que os nossos jovens voltem a valorizar essa atividade tão significativa para o desenvolvimento”, finaliza Marco.