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Exposição na AP é atração deste domingo no Circular Campina Cidade Velha

Exposição na AP é atração deste domingo no Circular Campina Cidade Velha

A exposição “Janela para o rio, espelho de memórias” estará em cartaz na sede social da Assembleia Paraense neste domingo, 04, com visitação aberta ao público das 10h às 15h.

A exposição faz parte da programação do Circular Campina Cidade Velha e contará com 21 obras dos seguintes artistas: Antônio Dias Junior; Bárbara Savannah; Beatriz Paiva; Deia Vich; Igor Oliveira; Lucas Negrão; Matt Sousa; Natália Lobo; Nilson Damasceno; Roberta Damasceno; Ronney Alano; Samir Dams e Raphael da Luz. A curadoria é da artista e pesquisadora Nathália Almeida.

“Só quem passa um tempo na região consegue entender como a dinâmica local gira em torno dos rios, das chuvas. E com inspiração nos poemas do Paes Loureiro e nas imagens cantadas na música popular paraense, no protagonismo dos rios na literatura amazônica, escolhi Janela para o rio como tema da exposição para falar de identidade e memória.”, relata a curadora.

Nathália pesquisa há 10 anos o desenvolvimento e proteção dos conhecimentos tradicionais na Amazônia e diz que, como artista, possui inquietações que a levam a observar os elementos naturais da região, que não são distintos da sociedade, apesar de muito agirem como se fossem.

“As águas sempre foram para mim um símbolo de abundância e potência da nossa cultura. Eu acredito que a arte é um vetor de vivências e conexão com o entorno. E como uma experiência do viver pode nos fazer observar os ciclos e romper com essa desconexão. A arte pode ser esse disparador de consciência e transformações sociais, de mudanças que repercutem o modo de ver a natureza.”, declara.

“Entre os céus existem caminhos” é o título da obra que a artista Deia Vich apresenta na exposição. Ela utiliza uma técnica fotográfica que deixa a imagem mais dinâmica. “O nome do trabalho faz parte de uma série de anos atrás. São construções imagéticas da sutileza das coisas e da natureza que às vezes passam despercebidas aos nossos olhos.”, detalha.

A obra “Amanhecer”, de Igor Oliveira, é outro destaque da exposição. Com a técnica stencil ou molde vazado, o artista forma as imagens com recortes de papel. “É um processo gráfico que pode ser usado para reproduzir de forma manual e artesanal imagens.”, explica.

Igor fala que a obra fala sobre memória e passagem de tempo, tendo a noite como momento retratado. “Trabalho esse tema noite mesmo que de forma sutil na pintura, junto de um conceito do vazio, um tempo de pausa entre as coisas, de calma, contemplação, reflexão. É quando estamos mais introspectivos, nesse momento pausado de pensar e sentir.”

As obras “Palafitas”, que trazem um símbolo da vida ribeirinha, também estarão presentes na mostra. A autoria é do artista Lucas Negrão e faz parte de uma coleção de gravuras de casas que ele documentou entre 2018 e 2020, assim como registrou o movimento dos rios, que fotografa desde 2013, como parte de sua poética artística.

“Quando criança, achava que as raízes de manguezal tinham a ver com essas casas. Quando a maré enche, a casa flutua, quando a maré desce, a área se expande. Os verões amazônicos da minha infância foram na palafita onde meu avô morava. Quando cresci, comecei a compreender que aquela arquitetura fazia parte de algo grandioso, adaptado para se viver próximo aos rios, uma relação equilibrada, jamais tentando afogar rios.”, avalia o artista.

Serviço: Exposição “Janela para o rio, espelho de memórias” estará em cartaz na sede social da Assembleia Paraense (Av. Presidente Vargas, 762) neste domingo, 04, com visitação aberta ao público das 10h às 15h. A atração musical será Jorginho Silva (voz e violão), a partir das 12h.

Créditos da imagem em destaque: Obra “Eu sou o camponês” da Série Eu sou a plebe, Antônio Dias Júnior.