Sabe-se abertamente que os brasileiros não têm o hábito de ler. Segundo os dados da 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró Livro (IPL) em parceria com o Itaú Cultural, apenas metade da população lê livros com regularidade. Com a ascensão de redes sociais como Tik Tok e Instagram, com conteúdos curtos e hiper estimulantes, a leitura tende a ser deixada ainda mais de lado. Para o escritor Uranio Bonoldi, autor da saga “A Contrapartida”, a melhor saída para esse problema é oferecer obras com elementos narrativos que despertem as emoções e prendam a atenção do leitor.
Ganchos em cada capítulo que só se fecham mais adiante, quebras na cronologia para instigar o mistério, revelações surpresas em momentos inesperados, são algumas das estratégias que o autor têm usado na elaboração de suas obras. Essas estratégias quebram a previsibilidade, estimulam a imaginação e geram respostas emocionais, que fazem com que o leitor se engaje na obra. “Especialmente nos livros de ‘A Contrapartida’, que são do gênero thriller, essas técnicas são fundamentais. Mas acredito que outros gêneros literários também podem se beneficiar, pois ajudam a fazer com que o leitor se mantenha interessado a cada página”, opina.
Abordar temas relevantes e contemporâneos também pode contribuir para despertar a atenção dos jovens. “Não precisa, necessariamente, falar daquilo que está no noticiário, até porque certos temas atuais podem envelhecer rapidamente, e livros são feitos para durar por longo tempo. Mas é importante estar atento aos assuntos que vêm sendo discutidos, além de abordar temas mais universais – foi o que eu busquei fazer ao tratar dos dilemas da condição humana em ‘A Contrapartida’”, diz.
Os livros da saga escrita por Bonoldi exploram a complexidade do comportamento humano, revelando como é possível se aproximar ou se afastar da nossa racionalidade por meio de nossas escolhas. O último lançamento, “A Contrapartida III – A Contra-história”, discute o poder do “não”. A trama revisita os livros anteriores para mostrar o que aconteceria com o protagonista se ele tivesse feito uma escolha diferente na história original. “Tentações ou propostas corta-caminhos que as pessoas nos propõem podem induzir e manipular. O ‘não’ tem a capacidade de nos fazer caminhar pela nossa essência, pelos nossos valores”, comenta o autor.
Bonoldi reconhece que hoje as redes sociais têm papel fundamental na divulgação de obras e autores. Contudo, o desafio é expandir o público e fazer com que mais brasileiros adquiram o hábito de leitura. “Nós, enquanto autores, temos também que fazer a nossa parte, reconhecendo os desafios do mercado e buscando estratégias para contorná-los. Pode ser difícil concorrer com as redes sociais na disputa pela atenção dos jovens, mas a nossa parte não devemos deixar de fazer”, defende.
Sucesso no gênero
A saga é considerada uma das mais bem-sucedidas no gênero thriller no mercado nacional, apresentando ambientações tipicamente brasileiras, com conflitos que vão desde a violência de São Paulo ao garimpo ilegal na Amazônia. Em “A Contrapartida” e “A Contrapartida II – O contra-ataque”, a trama gira em torno de Tavinho, um jovem que para não frustrar a mãe e honrar a memória do pai, aceita tomar um elixir para se tornar mais astuto, com o raciocínio mais ágil e uma inteligência acima da média. A escolha, contudo, tem um alto preço: o assassinato de pessoas em série.
Com a boa recepção de público e de crítica, a série atingiu o topo do ranking dos mais vendidos do gênero thriller na Amazon, e já está com a continuação planejada. “Serão cinco volumes no total, abordando os poderes do homem e suas consequências. Muita coisa ainda está por vir”, revela Bonoldi.
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Com informações da Digital Trix
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