Burnout: como identificar os sintomas precoces que podem passar despercebidos

Dificuldade de concentração, lapsos de memória, cansaço excessivo e queda na produtividade são alguns sinais do burnout, síndrome em crescimento no país.

Nos últimos anos, o burnout deixou de ser apenas uma expressão usada para descrever cansaço extremo e passou a ser reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma síndrome ocupacional. O distúrbio está diretamente relacionado ao estresse crônico no ambiente de trabalho que não foi devidamente administrado, impactando não só a produtividade, mas também a saúde física e emocional das pessoas. Embora os casos mais graves envolvam exaustão intensa e afastamento profissional, os primeiros indícios podem ser percebidos muito antes, o que permite agir de forma preventiva.
 

Segundo a Associação Internacional de Gerenciamento de Estresse, o Brasil está entre os países com maiores índices de estresse no mundo, e uma parcela significativa dessa sobrecarga está ligada ao esgotamento profissional. Entre os sintomas mais comuns estão fadiga constante, dificuldade de concentração, irritabilidade, insônia e a sensação de ineficácia ou desmotivação diante de tarefas que antes eram simples.
 

Para o médico Fábio Gabas, fundador da HMetrix, healthtech especializada em predição e promoção da saúde integral, reconhecer os sinais precoces é essencial para evitar que o quadro evolua. “O burnout não acontece de um dia para o outro. Ele é o resultado de um processo de acúmulo de estresse que, quando ignorado, pode levar a consequências graves, como depressão, ansiedade e até doenças cardiovasculares. Por isso, é fundamental que as pessoas aprendam a identificar os primeiros sinais e busquem ajuda o quanto antes”, alerta.
 

Entre os principais alertas estão a dificuldade para dormir bem, a sensação de cansaço mesmo após o descanso, lapsos de memória, irritabilidade acima do normal e queda no rendimento profissional. Outros sinais sutis, como falta de motivação para atividades de lazer, maior tendência ao isolamento social e dores de cabeça recorrentes, também merecem atenção. Quando não são reconhecidos a tempo, esses sintomas podem evoluir para exaustão constante, crises de ansiedade, alterações de humor mais intensas e até problemas físicos, como pressão arterial elevada e desequilíbrios hormonais.
 

No entanto, Gabas ressalta que não é só a demanda de trabalho que causa o burnout e sim a percepção do indivíduo e sua reação a ela. Isso depende do limiar de adaptação de cada um, que, quanto maior, garante mais resiliência diante dos desafios. “Felizmente existem estratégias de autocuidado que aumentam esse limiar de adaptação individual, reduzindo significativamente os riscos do burnout”. A prática de atividade física, a qualidade do sono, uma alimentação equilibrada e técnicas de gestão do estresse, como meditação, mindfulness e respiração consciente, são aliadas fundamentais nesse processo.
 

Mais do que tratar os sintomas, é necessário mudar a forma como se encara a rotina de trabalho e a saúde mental. “O caminho está em buscar equilíbrio tanto na sua fisiologia quanto na percepção emocional. É preciso entender que produtividade não significa trabalhar até a exaustão, mas sim encontrar formas de manter a mente saudável e o corpo em harmonia. Só assim é possível sustentar uma carreira de forma duradoura e saudável”, reforça Gabas.
 

O burnout é um problema crescente, mas pode ser prevenido. Reconhecer os primeiros sinais e agir rapidamente é o primeiro passo para retomar o controle e evitar que o estresse ultrapasse os limites do corpo e da mente.