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"Brain rot" é eleita a palavra do ano pelo Dicionário de Oxford

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O termo “brain rot” (“atrofia cerebral” ou “cérebro apodrecido”, em tradução literal) foi eleito a palavra do ano de 2024 pelo Dicionário de Oxford, desbancando concorrentes como “lore” (conjunto de conhecimentos sobre um tema), “romantasy” (gênero literário de romance com fantasia) e “demure” (comportamento reservado). A escolha reflete o impacto crescente do consumo excessivo de conteúdos digitais triviais na saúde mental, especialmente entre as gerações mais jovens.
 

Segundo o Dicionário de Oxford, “brain rot” descreve a deterioração do estado mental ou intelectual causada pelo consumo de conteúdos online de baixa qualidade. A expressão, que ganhou força nas redes sociais, foi amplamente utilizada em 2024, com um aumento de 230% em relação ao ano anterior.

Uma escolha que reflete os desafios da era digital
 

“Não é surpreendente que a expressão ‘brain rot’ tenha sido escolhida como palavra do ano, amplamente usada nas redes sociais por jovens. O Relatório Mundial da Felicidade, da ONU, publicado em março passado, já destacava a fragilidade emocional dessa geração. O livro Geração Ansiosa, de Jonathan Haidt, publicado em julho deste ano, reforça o impacto das redes sociais na saúde mental de crianças e adolescentes”, comenta Rodrigo de Aquino, executivo em felicidade e bem-estar.

O termo “brain rot” não é novo. Ele surgiu há mais de um século e foi utilizado pelo autor Henry David Thoreau em Walden, para criticar a tendência de a sociedade valorizar ideias simples em detrimento das complexas. Contudo, seu significado ganhou um novo contexto na era digital, marcada pelo uso excessivo das redes sociais e sua relação com sintomas como letargia, neblina mental e declínio cognitivo.


Impactos na saúde mental e no bem-estar coletivo

O especialista destaca a relação entre o aumento do uso do termo e os dados sobre saúde mental. “Vivemos uma era de crescente pessimismo e falta de perspectiva, particularmente entre os jovens, cada vez mais impactados pelas redes sociais. Estudos da Lancet, IPSOS e Gallup mostram uma deterioração da saúde mental dessa população, marcada por desesperança e incerteza quanto ao futuro.”

Além disso, ele alerta para o isolamento causado pelas “bolhas online”. “Essas bolhas reduzem a pluralidade, restringem a autonomia emocional e criativa e acentuam pensamentos intolerantes, impactando profundamente todas as idades. Precisamos promover uma cultura de bem-estar que acolha gerações e proteja contra o declínio emocional”, explica.

Soluções para além do detox digital

A escolha de “brain rot” como palavra do ano também acende debates sobre possíveis soluções. O Dicionário de Oxford sugere práticas como detox digital e definição de limites para o uso de redes sociais. Porém, Rodrigo de Aquino argumenta que respostas mais estruturais são necessárias.

“O poder público precisa investir em cinturões verdes e espaços coletivos que incentivem interações entre gerações. Escolas e empresas devem criar ambientes que promovam emoções positivas, como otimismo, confiança e generosidade. Assim, bem-estar e felicidade deixam de ser conceitos teóricos e se tornam práticas concretas”, sugere o executivo.

Ele também reforça a importância de intervenções mais profundas. “Problemas complexos exigem respostas elaboradas. Combinar fatores econômicos, segurança e iniciativas climáticas pode ajudar a restaurar a dignidade humana e criar ambientes que estimulem mentes prósperas e criativas”, diz Rodrigo.

Reflexão sobre o futuro

A escolha de “brain rot” é um alerta para a sociedade repensar seu consumo digital e buscar formas mais saudáveis de interação. Como afirma Rodrigo, “promover uma cultura de bem-estar e de regeneração sustentável não é apenas necessário, mas urgente. É hora de rever a rota e o tempo destinado ao mundo digital, estimulando práticas offline que estimulem o bem-estar e o florescimento humano”.

Com essa escolha, o Dicionário de Oxford não apenas elege uma palavra, mas também chama atenção para os desafios emocionais da era digital e a necessidade de mudanças em diversas esferas da sociedade.

Rodrigo de Aquino

Rodrigo de Aquino é comunicólogo e executivo na área do bem-estar, felicidade e entretenimento com impacto social. Estuda o desenvolvimento humano desde os 14 anos. Com formação em Psicologia Positiva, Planejamento estratégico e Coolhunting , se dedica integralmente a mentorias, palestras e consultorias na área de florescimento humano e felicidade corporativa, incluindo FIB (Felicidade Interna Bruta). É embaixador em São Paulo da ONG Doe Sentimentos Positivos, Climate Reality Leadership Corp 22 e fundador do Instituto DignaMente.

Temas em que é especialista: felicidade, psicologia positiva e desenvolvimento humano.