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Belchior - Apenas um Coração Selvagem

Belchior - Apenas um Coração Selvagem

Seis anos após sua partida, Belchior continua vivo e eu posso provar! O cantor, compositor e poeta nordestino, eternizado nas vozes de outros grandes artistas de sua geração, como Elis Regina e Erasmo Carlos, ganhou um documentário inédito, batizado de “Belchior – Apenas um Coração Selvagem”, disponível na Globoplay.

O filme, lançado recentemente, é uma homenagem que traz um autorretrato em que são revisitadas imagens de um rico e variado acervo com registros de entrevistas do artista concedidas à imprensa, ao longo de sua carreira, e de algumas de suas principais apresentações em shows, clipes e festivais de música.

Apenas um rapaz latino americano

Com um visual memorável e voz única, Belchior foi muito mais que apenas um rapaz latino-americano, ele marcou a história da música popular brasileira. Por meio desse trabalho-homenagem podemos conhecer um pouco mais de sua origem, as dificuldades do povo nordestino e de sua formação musical, assim como as principais influências no seu trabalho, que iam desde as canções do rei do baião Luiz Gonzaga, de Jackson do Pandeiro e do movimento da Tropicália, até a banda de rock britânica The Beatles.

Algumas passagens contam curiosidades sobre sua música, sua arte e sua maneira peculiar de enxergar a vida e o seu trabalho. “O grande prêmio que eu tenho recebido, ao longo da minha carreira, é a possibilidade de fazer uma arte como eu acho que deve ser feita. Esse é, na verdade, o maior prêmio: o coroamento de todo o vigor e espírito de juventude que um artista possa ter”, declara Belchior em uma de suas entrevistas mostradas no filme da Globoplay.

O novo sempre vem

Belchior é um artista espetacular e sua obra é celebrada por fãs de várias idades, inclusive os muitos jovens. Talvez o segredo deste ressurgimento esteja justamente no encaixe perfeito entre suas letras e a juventude.  A música Sujeito de Sorte se tornou uma espécie de hino para este momento de turbulência social. Somente no Spotify, a música já foi executada mais de 22 milhões de vezes, a mais tocada do cantor. O trecho “ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro” está estampado em camisas e postagens nas redes sociais. Ainda segundo a plataforma, são 794.553 mil ouvintes mensais que acessam a obra de Belchior.

Em 2019, Emicida lançou AmarElo, single em que ele, Majur e Pabllo Vittar cantam  o refrão de Sujeito de Sorte. Na canção ainda tem um emocionante depoimento de um jovem parente de Emicida sobre depressão, medo e a obrigação de demonstrar felicidade o tempo todo, um sério problema nesta era das redes sociais. Casou perfeitamente. É como diz o rapper paulista: “Belchior tinha razão”. Este resgate trazido por novos artistas é um dos fatores para o interesse dos mais jovens.

Fotografia 3×4

O documentário é, segundo seus criadores, uma grande oportunidade para aqueles que conhecem pouco sobre a verdadeira essência de Belchior. Agora, o público pode esperar descobrir Belchior! Esse é um filme em primeira pessoa onde ele conta sua história e onde a gente se depara com uma genialidade, uma crueza de como lidava com a sua própria carreira, com os questionamentos que ele recebia, com a relação com o público e com a imprensa, com o sucesso, com as decisões que ele tomava. A produção conta ainda com a participação especial do ator Silvero Pereira, que recita algumas das principais obras de Belchior. Emocionante!

Só pra vocês terem uma ideia do sucesso do documentário “Belchior – Apenas um Coração Selvagem”, o filme já passou por festivais no Brasil e no exterior, como o É Tudo Verdade, o Festival do Rio, IN-EDIT Brasil, Mostra Ouro Preto de Cinema, Inffinito Brazilian Film Festival – Miami, 17º FestAruanda, XVI NOVOCINE – Madrid, Festival du Cinéma Brésilien de Paris e FESTin Lisboa, onde recebeu Menção Honrosa do Júri.  Vale muito a pena assistir e se emocionar com a vida e obra desse artista singular, provocador e extremamente afetivo.

Crédito/Foto: Divulgação GloboPlay