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Turma da Bola valoriza a diversidade e espírito esportivo

foto: reprodução/ YouTube
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Futebol não é só bola, nem é apenas sobre ganhar. Também é para todos. É nesse espírito que nasce a Turma da Bola, projeto que mistura desenho, música e entretenimento. A primeira fase já está disponível no YouTube e em todas as plataformas musicais.

São três clipes da produção assinada pela Alopra Estúdio, produção musical da Maria Viola e composições de Pedrinho Pimenta e Eric Barata (banda Atitude 67), além de contar com a participação de mais alguns compositores, como Deco Martins (Hotelo). A distribuição é pela GTS e pela Virgin. Ainda durante a Copa, haverá lançamento de faixa gravada com Michel Teló.

A turminha foi desenvolvida pelo relações públicas Guilherme Alf. Em entrevista virtual para o TDB, ele falou sobre o processo criativo e expectativas sobre o lançamento.

Tomar um gol ou perder uma bola durante uma partida é lição difícil para muitos marmanjos. Porém, se definindo como um eterno otimista, o criador da Turma da Bola acredita que essas lições podem ser aprendidas com mais leveza pelas crianças através do lúdico.

Foto: divulgação

Lançado com a Copa do Mundo do Qatar em andamento, o projeto aproveita o clima de descontração que o futebol está trazendo para o Brasil – que há pouquíssimo estava sufocado pelas tensões políticas. Guilherme acredita que os personagens chegam com responsabilidade ainda maior em tempos em que algumas relações estão morrendo. E isso também atingiu o futebol. Sem contar os maus exemplos de violência no futebol que ainda persistem, como brigas de torcidas, xingamentos e desrespeito.

Diante disso, ele acredita que é preciso voltar à essência do futebol: a paixão, o se mexer, o brincar, o jogar. “São todas as lições que o futebol pode nos trazer como adultos e também como crianças – do poder coletivo, da solidariedade que o jogo nos pede, de saber perder, porque a gente não vai ganhar sempre no futebol”, destaca. Nesse sentido, ele acredita que é possível ir além do desenho, ajudando as crianças, através da Turma da Bola, a lidarem com as frustrações, por exemplo.

Guilherme defende a importância de se criar um ambiente de futebol no qual a criança possa se apaixonar pelo futebol desde cedo. Ele avalia que no Brasil ainda é comum encontrarmos pessoas que amam mais o seu time do que o futebol. Isso, segundo ele, contribui para que as rivalidades se acirrem.

Para ele, o ideal é que não houvesse pressa para que uma criança escolhesse o seu time do coração. O conteúdo da turma, conforme ele acredita, “pode ser alternativa para que a criança não reproduza o comportamento dos pais de se apaixonarem pelos times, e sim se apaixonarem pelo esporte, se apaixonem pelo futebol”, avalia.

LIÇÕES
E quais valores e exemplos essa garotada animada nos traz? Um dos personagens é a craque Dedê Defesa. Falta violenta não é com ela – característica que vai contra o estereótipo de que zagueiro tem que dar pontapé em todo mundo.

“Com o lúdico temos a chance de ir contando para as crianças desde pequeninas que o futebol não é essa violência, não é esse xingamento, não é esse monte de palavrão, não é o pontapé, não é a deslealdade”, frisa. Os maus exemplos existem, ele reconhece. Mas ainda assim, ele defende que é possível construir um outro ambiente para que as crianças possam curtir futebol e que seja propício para a idade delas.

 

Além disso, a construção dos personagens foi feita para gerar identificação. Um dos personagens usa óculos: situação que costuma gerar bullying na infância e que o criador conhece bem. Na infância, ele viveu a insegurança de não saber se jogar futebol era coisa para ele. Ao mostrar um menino assim nas canções e histórias, “a gente também está dizendo que aquele é um lugar para todo mundo”.

E mais: “quando a gente tem a melhor jogadora do time que é a Caneta – uma inspiração para todo mundo, sendo uma menina – a gente também está dizendo que futebol é lugar de menina. A gente também está dizendo que futebol é para quem quiser jogar”, aponta.

CRAQUES NA VIDA
As conexões com a realidade também estão presentes no conteúdo da Turma da Bola. O Gogo Goleiro, por exemplo, não tem dois dedos da mão, porém, isso não é impedimento para jogar. O personagem foi inspirado em um amigo famoso de Guilherme: Jakson Follmann, ex-jogador da Chapecoense que atualmente usa uma prótese na perna. “Quis mostrar que, mesmo com algumas dificuldades, o futebol pode ser para todos”, ressalta.

Outros nomes do futebol foram inspiração durante o processo criativo, como Denilson, Marta, Formiga e Richarlison. O criador diz que os personagens também são um pouco dos atletas amadores que são maioria no Brasil. Ele comemora o fato da bola ter um “poder muito grande” e que é algo em comum, independente da região. “É muito Brasil jogar bola na rua”, diz. Ele antecipa que haverá uma leva de episódios na escola, ambiente onde o futebol se propaga com facilidade.

EM FAMÍLIA
Pai de uma menina de dois anos e meio – a pequena Nina – o criador da Turma da Bola encontrou nela uma “consultora” ideal. A família deles respira futebol e até esteve no Maracanã quando tinha um ano, na partida do Brasil contra a Argentina. Guilherme.
Ele adoraria que o brilho nos olhos da filha, ao acompanhar os gols na TV ou no estádio, pudesse ser replicado com colaboração da Turma da Bola. Guilherme acredita que o conteúdo apresenta um futebol de alegria, lições e brincadeira. Aliás, ele avalia que a relação com a bola deve ser desatrelada de objetivos com o futebol profissional – o importante é brincar.

Texto: Marta Cardoso, editora do TDB