AGÊNCIA O DIA
Após oito anos de Melim e sucessos como ‘Ouvi Dizer’ e ‘Meu Abrigo’, os irmãos Gabi, Diogo e Rodrigo vão seguir carreira solo. O último show acontecerá no dia 31 de dezembro e, para encerrar com chave de ouro esse ciclo, o trio lançou, na última quinta-feira, o primeiro DVD, intitulado ‘Melhor de Três’. Em coletiva de imprensa, eles falaram sobre o fim da banda, a expectativa para os projetos individuais e a importância dessa produção audiovisual para celebrar a trajetória do grupo.
“Sempre foi um sonho. Acho que todo artista sonha em gravar um DVD e acho que ele veio em um momento perfeito, no momento ideal, porque a gente conseguiu trazer o encerramento que nossos fãs merecem, a gente passeia pelos três álbuns inéditos. Acho que vem como um presente para todas as pessoas que curtem nosso som e para a gente também como realização, porque ficou realmente muito lindo”, diz Gabi.
“A melhor forma de fechar esse ciclo é com um projeto celebrativo e que traduza a intensidade que foi o Melim. Para mim, esse DVD está muito perfeito. É uma sensação de festa, de felicidade, de fechar com chave de ouro. Apesar de estar encerrando um ciclo, a gente sabe que o Melim é eterno em nosso coração e também nos nossos caminhos individuais. Mas poder pontuar esse momento com um DVD foi tudo para a gente”, afirma Diogo.
Para deixar tudo ainda mais especial, Rodrigo ficou à frente da produção musical do DVD, que foi gravado em agosto, junto com o produtor Rafael Castilhol. “Foi uma loucura. Foi incrível. Eu tive a honra de contar com Rafael Castilhol também, grande produtor que me deu toda a liberdade do mundo, me ajudou e foi muito especial. A primeira coisa que eu falei para o Rafa foi que eu queria que fosse como uma celebração, que as músicas dessem um ar de premiação, onde parece que a noite é especial. E acho que os nossos figurinos, o fato de estarem todos os fãs reunidos ali, trouxe essa mágica”, pontua.
Ao olhar para trás, Gabi reflete sobre o que mais sente orgulho na trajetória de Melim. “A gente construiu uma história em cima do que a gente acredita. Eu sei que é clichê falar isso, mas de verdade, a gente sempre deixou a música e a arte falarem mais alto, mais do que o sucesso em si. Tudo veio como uma consequência, a galera ter curtido e se conectado com as nossas canções. A gente nunca se desvirtuou do caminho que a gente acredita. É muito tentador quando você faz sucesso, se deixar levar. E a gente é muito firme no que acredita”, ressalta.
Fim de ciclo
Apesar de terem pegado os fãs de surpresa com a notícia do fim da banda, Diogo conta que esse assunto já vinha sendo falado entre ele, Rodrigo e Gabi. “Já estava conversando da gente, em algum momento, encerrar o ciclo da banda. A gente só não sabia exatamente como seria porque é difícil planejar muito tempo antes porque muita coisa acontece. O que a gente tinha certeza eram quais coisas a gente não abriria mão e a primeira delas eram os fãs. A gente não pode fazer uma coisa impensada porque existem pessoas que se apegaram a essa imagem de nós três”, explica Diogo, que afirma não lembrar como ele era antes de Melim.
Próximos passos
Sobre os próximos passos e carreira solo, o trio conta que deve seguir com o mesmo propósito da banda. “Eu acho que ainda é um pouco cedo para a gente falar o que vão ser as carreiras solo. Mas dá para a gente ter noção um pouco geral. Falando por mim, acho que vai ser feito o mesmo procedimento em que é feita a Melim, onde tudo parte da música. A gente ouve algumas referências, coisas que gosta e ouve nossos próprios trabalhos também, pensa nos próximos passos e a partir das músicas vai começar a se desenhar a parte artística”, diz Rodrigo, que relata que já começou a escrever algumas canções.
Diogo concorda: “É o mesmo sistema de a gente ter que manter a verdade, tentar não deixar o bichinho do sucesso morder ou influenciar. Não se desesperar porque tem muitos artistas por aí que acabam, às vezes por uma imaturidade, se desesperando e falando: ‘O que eu preciso fazer para aparecer?’. E, às vezes, a carreira musical não é tão rápida. Então, você constrói uma base de fãs, constrói uma imagem baseada naquilo que você é, e o que você é permanece por muito mais tempo do que aquilo que você quer parecer”, começa o cantor.
“Acho que agora é o momento também de a gente tentar novas coisas. Porque como estávamos sempre juntos, às vezes, a opinião do grupo prevalece do que a opinião de cada um. Agora não. A gente tem chances para errar e acertar mais de maneiras diferentes. Então, vai ser um processo bem divertido e que vai poder potencializar a criatividade de cada um, agora de uma maneira diferente”, conclui.
Gabi complementa: “Sempre deixar a música falar mais alto. Eu amo compor, tenho escrito bastante. A nossa escrita vai mudando muito. A Melim já tem uma estética e, às vezes, algumas coisas que eu fazia, nem sentia muita vontade de trazer (para o grupo) porque eu achava que não tinha muito a ver com a Melim porque naturalmente a gente vai mudando, mas a gente vai enxergando que algumas coisas não têm a ver com o que a gente construiu. Então, acho que a liberdade artística de poder ousar mais, seguir novos caminhos… Não é um julgamento para os artistas que fazem, mas não tenho vontade de monetizar minha vida pessoal para ter sucesso nem nada assim. Para mim, a música ainda vai ser o que vai guiar”.
A cantora ainda ressalta que, em sua carreira solo, não pretende manter a estética da banda. “Apesar de ter muito orgulho de tudo o que a gente construiu na Melim, me vejo muito mudada para fazer algo próximo do que a gente já faz. E acho que se fosse para fazer, faria com os meninos”, conta.
Medo
Após oito anos juntos, seguir em projetos individuais e arriscar em algo novo pode não ser uma tarefa fácil. Gabi, Diogo e Rodrigo revelam, então, como lidam com o medo nessa nova etapa. “Para mim, qualquer passo novo me dá medo. Eu me acho uma pessoa super medrosa, mas eu sempre enfrento e vou aprendendo com os processos. Sempre falo isso, nada do que eu faço eu estou 100% ‘é isso aí’. É um passo novo, é um recomeço, mas eu não estou me deixando levar pelas cobranças que eu sei que podem até existir, de querer o resultado comercial próximo da Melim, porque não é sobre isso, sabe? Senão a gente continuava com a Melim. Agora é para a gente realmente se realizar artisticamente falando”, ressalta Gabi.
Diogo reforça como a banda e seus aprendizados podem ajudar a lidar com essa insegurança. “Sempre vai existir medo. Ninguém quer trabalhar para ficar menos do que você já foi ou que você pode ser, mas acho que não é sobre isso. Melim chegou em um lugar muito grande, as pessoas não têm noção… É seguir com o objetivo de ser feliz, fazer uma arte relevante e curtir esse processo”, relata.
Já Rodrigo pontua: “No meu coração, a palavra medo não existe. Não sei se é uma ingenuidade ou uma empolgação por poder ter mais independência em todos os quesitos na carreira. Então, é ficar feliz com tudo o que a gente construiu e ficar feliz com as coisas novas que a gente vai construir. É uma continuação de uma forma diferente”.