TEXTO: Vitor Moreno/FOLHAPRESS
Após enfrentar um caso de violência doméstica e uma seita religiosa que cometia abusos sexuais, Verônica Torres está de volta para uma caçada final. Ontem, na Quarta-Feira de Cinzas (14), estreou a terceira – e última – temporada de “Bom Dia, Verônica”, série brasileira que alcançou boa repercussão entre público e crítica na Netflix.
Tainá Müller, que interpreta a personagem-título, diz ter ficado impressionada com os rumos que a história tomou. Se a escrivã de polícia começou investigando um caso aparentemente simples e que parecia se encerrar em si próprio, o tempo provou que havia muito mais coisa sob a superfície.
“Me surpreendeu muito”, conta a atriz à reportagem. “Acho que uma das grandes qualidades do Raphael Montes e da Ilana Casoy [criadores da série] é justamente a surpresa. Se eu fizesse uma aposta quando eu estava gravando a segunda temporada sobre o que ocorreria na terceira, jamais falaria que seria tudo isso.”
FECHO DA HISTÓRIA EM TRÊS EPISÓDIOS
Nos novos episódios – são apenas 3, para fechar a história -, Verônica tenta descobrir a real identidade de Doum, cujo nome já havia sido citado anteriormente, mas nunca apareceu. Em tese, trata-se do cabeça por trás de Brandão (Eduardo Moscovis) e de Matias (Reynaldo Gianecchini), os vilões das temporadas anteriores.
“Você vai sacar que ali a doença é um pouquinho mais profunda”, entrega Müller, que elogia os colegas que deram vida ao trio. “São três personagens muito diferentes, e esse é um grande mérito dos atores que interpretaram esses personagens. O desafio agora foi trazer algo novo, do mesmo universo. E acho que está tudo ali.”
Nessa busca, Verônica acaba se envolvendo com o rico criador de cavalos Jerônimo, vivido por Rodrigo Santoro. “É um personagem cercado por um mistério que vai ser revelado”, diz o ator. “Não vou dizer que ele faz os outros serem fichinha porque vou estar sendo benevolente com os outros. São todos terríveis.”
Santoro diz que ele próprio gravou as cenas com os animais – em uma das sequências mais impressionantes, ele deita um cavalo apenas com comandos. “Talvez seja o animal com que eu tenho mais proximidade, até mais do que com cachorros”, conta ele, que monta desde criança e que teve a ajuda de profissionais especializados, além de ter feito uma extensa pesquisa para achar o exemplar adequado para contracenar.
Ele celebra que a série “levanta discussões e provoca o debate sem querer dar um caminho”, citando temas como o feminicídio e o abuso contra a mulher. Desta vez, como esperado, a coisa vai crescendo e se amplificando, além de incorporar novos elementos, como o tráfico humano e o incesto.
RODRIGO SANTORO DESTACA REPERCUSSÃO DA SÉRIE
Acostumado com produções de Hollywood, Rodrigo Santoro diz que se surpreendeu com o alcance da produção. Ele conta que ficou amigo Tainá Müller depois das gravações e que ambos viajaram com as respectivas famílias para o Amazonas e para a Argentina. Em ambas as ocasiões, a atriz foi chamada pelo nome da personagem.
“A primeira foi subindo o Rio Negro e a segunda foi na Patagônia, num lugar completamente ermo”, surpreende-se. “Foi ali que comecei a ter um pouco a noção do tamanho da série e de como a personagem realmente caiu no gosto de todos os tipos de pessoas e classes sociais.”
Müller diz que já foi abordada até por uma taiwanesa que estava acompanhada por um alemão nas ruas de São Paulo, e que ambos lhe disseram assistir à série em seus respectivos países. “A gente levanta esse debate pro mundo”, celebra. “A série fala de algo muito importante, e a gente está levando isso pro mundo inteiro, porque não acontece só no Brasil.”
CATARSE NA CAÇADA FINAL
Sobre o final, ela antecipa que haverá “uma coisa bem catártica”. “Para os fãs da série, eu acho que vai ser importante, porque é isso que se espera de uma caçada final”, afirma. “Estou muito curiosa para ver o que as pessoas vão achar.”
Ela diz que só de falar de se despedir da personagem já fica “emocionadinha”. “São muitas emoções”, resume. “Para mim, foi muito forte e muito importante essa personagem. De fato, foi um divisor de águas não só na minha carreira. Tenho circundado a minha vida ao redor da Verônica desde 2019, então rola um apego. É difícil me despedir.”
Mas e se Verônica Torres fosse convocada para novas investigações no futuro? “Do futuro ninguém sabe”, resigna-se a atriz. “Essa caçada final é para ser um encerramento de ciclo na série, mas vai saber, né?”