UM SENHOR ATOR

Relembre papéis marcantes de Francisco Cuoco, morto aos 91 anos, no teatro

O ator, um dos grandes galãs da teledramaturgia brasileira, morto nesta quinta-feira (19), aos 91 anos, passou um período afastado dos palcos.

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Sua estreia profissional no teatro aconteceu em 1958, na peça "A Muito Curiosa História da Virtuosa Matrona de Éfeso"
Sua estreia profissional no teatro aconteceu em 1958, na peça "A Muito Curiosa História da Virtuosa Matrona de Éfeso"

Antes de seguir carreira estrelada na televisão, Francisco Cuoco teve papéis elogiados no teatro. O ator, um dos grandes galãs da teledramaturgia brasileira, morto nesta quinta-feira (19), aos 91 anos, passou um período afastado dos palcos, mas retornou a eles nos anos 2000.

Cuoco estudou na tradicional Escola de Arte Dramática de Alfredo Mesquista, na época ainda não pertencente à Universidade de São Paulo. Ele morava no bairro do Brás, em São Paulo, trabalhava como feirante durante o dia —ajudava o pai numa barraca de biscoitos e massa— e fazia teatro à noite.

Sua estreia profissional no teatro aconteceu em 1958, na peça “A Muito Curiosa História da Virtuosa Matrona de Éfeso”, com texto de Guilherme Figueiredo e direção de Alberto D’Aversa. Ao lado de Fernanda Montenegro e Sérgio Britto, ele interpretava um gladiador que já entrava morto em cena —não tinha falas.

O ator disse à Folha de S.Paulo em 2013 que o papel foi, para ele, uma premiação, apesar de já ter estudado o ofício por quatro anos. “É uma escada necessária. O jovem acha que não precisa dela, não tem paciência, principalmente porque a TV o pega e já o bota, no ano seguinte, como protagonista.”

Cuoco começou integrando o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), mas em 1959 acompanhou Montenegro e Britto na formação do Teatro dos Sete. A companhia contava ainda com o diretor Gianni Ratto e o ator Ítalo Rossi, entre outros profissionais.

Em 1961, ele chamou atenção como protagonista de “O Beijo no Asfalto”, de autoria de Nelson Rodrigues, em que deu vida ao personagem Werneck, sob direção de Fernando Torres. Cuoco ganhou ainda mais destaque no teatro em 1964, mesmo ano em que começou a fazer teleteatro na TV Tupi e que estrelou sua primeira novela, “Redenção”, seguida de “Marcos Pelo Amor”, na TV Record.

Naquele ano, o galã saiu vencedor do prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), na categoria melhor ator coadjuvante, pelo trabalho na peça “Boeing-boeing”, que estreou no ano anterior. O texto do francês Marc Camoletti teve direção de Adolfo Celi, e Cuoco contracenou com Eva Wilma, Jardel Filho e Sebastião de Campos.

A trajetória de Francisco Cuoco nos palcos

A partir da segunda metade da década de 1960, o ator começou a ter mais papéis na TV e foi gradativamente deixando os palcos. Em 1982, estrelou “Hedda Gabler”, de Ibsen, em uma montagem que rodou o país, com direção de Gilles Gwizdek a partir da tradução de Millôr Fernandes.

Passou muito tempo, sobretudo a década de 1990, fazendo praticamente só novelas e filmes antes de decidir retornar ao teatro, em 2004, com “Três Homens Baixos”, de Rodrigo Murat, um besteirol em que amigos debochavam da impotência sexual de um deles, da saída do armário de outro, da vida secreta dos machos.

O ator ainda fez outra comédia, “Circuncisão em Nova York”, de 2008, com texto de João Bethencourt, antes de seguir um caminho menos comercial. Em 2009, ele atuou na montagem “Deus é Química”, a estreia como dramaturga da atriz Fernanda Torres, que teve como inspiração o conto “A Química da Ressurreição”, de Jorge Mautner.

Seu último papel de destaque no teatro foi “Uma Vida no Teatro”, de 2013, com direção de Alexandre Reinecke e texto do americano David Mamet. A peça contornava fórmulas tradicionais e flertava com o teatro do absurdo.

À Folha de S.Paulo, Cuoco afirmou que aquela era uma peça “muito complexa”. “Achei que, para mim, era confusa. É fundamental para o ator entender o que ele tem que estudar.”