Investigado pela Polícia Civil de Pernambuco, o sertanejo Gusttavo Lima prestou depoimento às autoridades no dia 11 de setembro, por meio de carta, segundo revelou o jornal Diário de Pernambuco, nesta quarta-feira. No documento, ele deu sua versão da relação com os donos da Vai de Bet, casa de apostas alvo do inquérito que apura um esquema de lavagem de dinheiro.
Na carta, Lima respondeu a 11 questionamentos da Polícia Civil de Pernambuco. O cantor diz ter conhecido José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Rocha, casal sócio da Vai de Bet, em junho de 2022. Gusttavo Lima estava em Campina Grande, na Paraíba, para um show, e a dupla o procurou após a apresentação para “celebrar um contrato de uso de imagem e voz” de Lima.
Três dias depois, o contrato foi fechado. Os valores, afirma o cantor, foram pagos com a devida ”correção com seu valor e objeto”, com emissão de notas fiscais. Lima afirmou ainda que a casa de apostas não era alvo de investigações naquele momento.
Na véspera da deflagração da Operação Integration, no início de setembro, José Rocha Neto e Aislla Rocha viajaram com Lima a bordo de um avião até a Grécia, onde o cantor celebrou seu aniversário. No depoimento do dia 11, Lima diz não ter “relação de intimidade” com a dupla, mas profissional, com “momentos de convivência”. Ele também acrescenta ter desfeito o contrato de propaganda com a Vai de Bet, de acordo com o jornal pernambucano.
O sertanejo também falou sobre as suspeitas de que uma de suas empresas, a Balada Eventos, seja usada para lavar dinheiro. Ele disse aos investigadores que a empresa é dona de aviões, helicópteros, ônibus e carros. Segundo Lima, todos os bens foram adquiridos “com dinheiro do seu próprio caixa, dinheiro lícito, oriundo de sua atividade empresarial”
Uma das negociações suspeitas investigadas pela Polícia Civil é a venda de um avião Cessna adquirido pela Esportes da Sorte, empresa de Darwin Henrique da Silva Filho, outro investigado. O montante milionário da transação depois teria voltado à casa de apostas. Após o pagamento de duas prestações, segundo Lima, foi identificada “uma corrosão no motor”, o que levou ao cancelamento do negócio.
O cantor também explicou a venda de outra aeronave. Nesse caso, a compradora era a Vai de Bet. Vendida por R$ 33 milhões, a aeronave continuou em nome da empresa do sertanejo. No depoimento, Lima disse que, inicialmente, o negócio feito seria a venda de um helicóptero à casa de apostas, mas a compra não foi para a frente. José da Rocha disse, no entanto, que precisava de uma aeronave maior. Os valores da venda do helicóptero, no entanto, foram abatidos na aquisição de um jatinho. O contrato só previa a transferência do avião quando todas as prestações fossem quitadas.
“A JMJ Participações não buscava ocultar a propriedade da aeronave que, tão logo recebeu a transferência da propriedade do avião, ela deu entrada na Anac para que fosse publicamente registrado que ela era a dona do avião”, disse Gustavo Lima, segundo o Diário de Pernambuco.
Em junho de 2024, a Balada Eventos foi notificada quando o avião, usado por José Andre e Aislla, apresentou problemas técnicos em uma viagem do casal à Orlando, nos Estados Unidos. Um outro jatinho de Lima, que já se encontrava nos EUA, foi cedido para trazer os donos da Vai de Bet de volta ao Brasil.
(AG)