POLÊMICA

Ciganos denunciam racismo em novela 'Êta Mundo Melhor'

Carmem, cigana vivida pela atriz Cristiane Amorim, negociou a venda de um bebê para a vilã Zulma (Heloisa Périssé).

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atriz Cristiane Amorim
Cigana Carmem, vivida pela atriz Cristiane Amorim

Integrantes de grupos de ciganos do Brasil acusam a Globo de anticiganismo e racismo após cenas da novela “Êta Mundo Melhor” supostamente reforçarem um estereótipo contra a comunidade. Procurada, a emissora ainda não se manifestou.

O motivo do repúdio tem a ver com cenas já exibidas no primeiro capítulo da trama de Walcyr Carrasco nas quais a personagem Carmem, uma cigana vivida pela atriz Cristiane Amorim, negocia a venda de um bebê para a vilã golpista Zulma (Heloisa Périssé).

Em carta pública compartilhada por alguns desses grupos pelas redes sociais, eles pedem uma resposta da emissora.

“O que vimos não foi arte, foi reprodução de estereótipos cruéis e coloniais, como o mito da ‘cigana que rouba ou vende crianças’. Isso não tem base na realidade, apenas reforça o imaginário que já causou dor, perseguição e exclusão aos povos ciganos“, diz trecho do documento.

Em outra parte, afirma que o Estado deveria agir diante da propagação de imagens que, segundo eles, marginalizam a comunidade.

Os membros exigem uma retratação pública, inclusão real dos povos ciganos nas narrativas e “o fim da romantização da nossa dor como entretenimento”. “Anticiganismo é racismo e a Globo precisa responder”, completa o documento.

Ciganos no Brasil: Distribuição e Identidade

Conforme o site do Ministério da Saúde, os ciganos são um povo de origem desconhecida, mas a teoria mais aceita os identifica como um grupo originário da Índia, membros de uma casta militar. Por volta do ano 1.000, essa comunidade teria iniciado uma grande dispersão em razão de uma série de invasões islâmicas ocorridas na Índia.

No Brasil, existem grandes grupos que estão distribuídos em todos os estados e no Distrito Federal, espalhados tanto por endereços mais sofisticados como nas periferias e atuantes em diversas áreas. De 800 mil a um milhão de pessoas se identificam como ciganos, de acordo com IBGE. Os estados da Bahia, Minas Gerais e Goiás apresentam as maiores concentrações.