Uma audiência pública sobre o inquérito civil instaurado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) foi realizada nesta segunda-feira (27) em Salvador, com o objetivo de apurar um possível caso de racismo religioso envolvendo a cantora Claudia Leitte e sua música “Caranguejo”. A polêmica começou quando a artista alterou a letra da música, substituindo a palavra “Iemanjá” por “Yeshuá”, o que gerou críticas, especialmente dentro das religiões afro-brasileiras.
Entenda o Caso: Alteração da Letra de “Caranguejo” e a Reação da Comunidade Religiosa Afro-Brasileira
Em entrevista ao programa Toda Hora da rádio Salvador FM, o advogado Hédio Silva Jr., que representa a Iyalorixá Jaciara Ribeiro por meio do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), explicou que o pedido de indenização relacionado ao caso gira em torno de R$ 10 milhões. Segundo ele, o objetivo da ação não é apenas a compensação financeira, mas também a garantia de que Claudia Leitte se abstenha de cantar a música com a alteração feita.
“O primeiro pedido é para que ela se abstenha dessa alteração. Se a música a ofende, que não cante mais. Ela tem um repertório amplo. O segundo pedido é uma indenização significativa, para financiar campanhas educativas e publicitárias, a fim de educar a sociedade sobre respeito às diferentes religiões no Brasil”, destacou Hédio Silva Jr.
O Inquérito Civil e o Processo de Investigação
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O Inquérito Civil nº 003.9.651372/2024 foi instaurado para investigar a alteração da letra da música “Caranguejo”, que substitui “Yemanjá”, uma divindade das religiões afro-brasileiras, por “Yeshuá”, um nome relacionado ao cristianismo. A investigação está sendo conduzida pela Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa de Salvador. Para a comunidade religiosa afro-brasileira, essa mudança é vista como uma violação de princípios fundamentais, gerando um debate sobre intolerância religiosa e o respeito às crenças.
Claudia Leitte e as Implicações Legais da Alteração na Música “Caranguejo”
Apesar de o inquérito ainda estar em andamento, o advogado Hédio Silva Jr. alertou que a cantora pode continuar a apresentar a música, já que ainda não há uma proibição legal. Contudo, ele ressaltou que cada vez que Claudia Leitte se apresenta com a letra alterada, ela está, involuntariamente, produzindo provas contra si mesma.
“Ela pode cantar a música enquanto o inquérito estiver em curso, mas cada apresentação é mais uma evidência que pode complicar a situação dela. A ação civil pública foi movida para que, eventualmente, ela se abstenha de cantar essa versão da música”, explicou o advogado.
A situação continua sendo monitorada, com o foco na proteção dos direitos das religiões afro-brasileiras e na promoção de um ambiente mais inclusivo e respeitoso no país.
Diretor de Redação
Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.
