DONA DE MIM

Carol Marra: 'É maravilhoso ver o Tony atuar'

Atriz interpreta Natara, chefe da supervisão de controle de qualidade da fábrica liderada por Abel, personagem de Tony Ramos em ‘Dona de Mim’.

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A atriz ao lado de Tony Ramos
A atriz ao lado de Tony Ramos

Nada passa despercebido por Natara, interpretada por Carol Marra, em ‘Dona de Mim’, da TV Globo. Chefe da supervisão de controle de qualidade da fábrica de lingerie Boaz, a personagem é rígida com as funcionárias da empresa, principalmente com as costureiras Kami (Giovanna Lancellotti) e Pam (Haonê Thinar). Ela não tolera atraso, nem mesmo uma fofoquinha no meio do expediente.

“A Natara é muito dura na fábrica com as suas funcionárias, até porque elas têm uma meta diária de peças para checar o padrão de qualidade, para entregar o trabalho, então não pode dar bobeira. Ela é enérgica e, às vezes, meio chata. Mas fora do ambiente de trabalho será uma outra Natara e essa o público ainda vai conhecer. É uma Natara que sai com as colegas para o forró, é uma pessoa mais amável, então tem muita coisa para rolar ainda”, adianta a atriz, que na vida real agiria diferente da personagem. “Ali na fábrica eu estaria brincando, cobraria de uma outra forma das minhas colegas de trabalho”, destaca.

Um ponto em comum entre elas, contudo, é a força de vontade. “Importante dizer que ela é de origem humilde, vem de uma família evangélica, de São Cristóvão, e os pais não a aceitaram por ser uma mulher trans, então ela saiu de casa, e para não cair na prostituição como a maioria das meninas trans que ocorrem no Brasil, ela foi trabalhar na fábrica. E ali, por ela ser esforçada, foi crescendo até atingir o posto de chefe do setor de qualidade. O ponto comum comigo acho que é essa força de vontade dela de correr atrás dos seus sonhos e de não fazer parte das estatísticas”, comenta Marra.

Para dar vida à Natara, Carol fez laboratório em uma fábrica de lingeries, assim como Giovanna e Haonê. “Fomos conhecer a fábrica, todo o modo de operação, como é o processo de fabricação de uma lingerie. Foi muito interessante essa vivência lá para descobrir como essas meninas trabalham. Então, como chefe do controle de qualidade, tenho que supervisionar todo um time de meninas que estão ali, olhando minuciosamente peça por peça, justamente para ter um controle de qualidade. Não pode ter uma linha sobrando, uma costura torta, um furinho, um rasgo, um corte desencontrado. Por isso, tem que estar focada. Não pode ter conversa paralela, porque se passar uma peça com defeito, depois ela volta. A gente teve ali uma vivência”, explica.

A atriz também conheceu mais sobre o bairro de São Cristóvão, já que sua personagem vive na região. “Fui até a feira de São Cristóvão, almocei, passei o dia, conversei com os comerciantes, vi um showzinho de forró e até dancei (risos). Depois andei pelo bairro para ouvir os sons, os chiados, os trejeitos daquelas mulheres, observar como elas se vestem…”.

Intérprete da funcionária da fábrica de Abel (Tony Ramos), a artista celebra a oportunidade de contracenar com o ator veterano e Cláudia Abreu: “É maravilhoso ver o Tony atuar. É uma aula. Ao mesmo tempo, ele é muito generoso, bondoso e extremamente carinhoso com toda a equipe no set. Ele é um ícone da televisão brasileira. E tem a Cláudia Abreu também. Ela é de uma simplicidade, de um carinho, carismática com todos. Então, está sendo um presente”, vibra.

Diversidade e Representatividade

DIVERSIDADE

Espaço na novela é motivo de celebração 

Carol celebra o elenco diverso de ‘Dona de Mim’, que traz protagonismo preto e personagens PCDs. No entanto, ela ressalta que a comunidade trans ainda é pouco representada na televisão brasileira. Apesar disso, a atriz mantém o 

otimismo e acredita na mudança dessa realidade.

“Acho importante, mais da metade da população do nosso país é preta, então o Brasil quer se ver representado na tela da TV, não só nas novelas, acho que no audiovisual de uma forma geral, na publicidade, nas revistas. E aí eu 

vou além, não só dos pretos também, né? Grande parte do elenco é preto. De trans, somente eu. Em todas as novelas, das seis, das sete, das nove, não tem outra atriz trans no ar. Então, o audiovisual tem uma dívida com essa parcela da população preta, mas também tem com a comunidade trans. (…) A Globo entendeu esse lugar, espero que continue e que nas próximas novelas tenham mais atrizes trans. Eu acho que isso vai ser um caminho natural, que já está acontecendo e está sendo lindo de ver”, aponta.

Trajetória profissional de Carol Marra

TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Atriz e jornalista mineira

Nascida em Belo Horizonte, Carol Marra é atriz e jornalista. Descoberta nos bastidores da semana de moda do Rio, a artista quebrou barreiras ao longo da vida e da carreira. Ela foi a primeira modelo trans a desfilar nas principais passarelas do mundo da moda.

A artista estreou na televisão em 2013 em ‘PSI’, do canal HBO, e fez a primeira aparição em novelas em ‘Boogie Oogie’ (2014), da TV Globo. Na emissora, também integrou o elenco de outras produções como ‘Quanto Mais Vida Melhor’ (2021) e a série ‘Brasil a Bordo’ (2017). No cinema, Marra atuou em ‘A Glória e a Graça’, ‘Berenice Procura’ e ‘O Homem Perfeito’.

Com mais de uma década no audiovisual a atriz anseia explorar outros papéis. “Eu quero muito fazer uma personagem de comédia, como é a Carol na vida real. Quero muito fazer uma personagem engraçada, muito caricata. Eu amo fazer comédia”.