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Caetano Veloso exalta sua Bahia em show de 80 anos

Caetano Veloso exalta sua Bahia em show de 80 anos

Caetano Veloso voltou às origens ao comemorar seus 80 anos em show na noite deste domingo com a irmã, Maria Bethânia, e os filhos, Moreno, Zeca e Tom. A apresentação, restrita a convidados, boa parte deles estrelas da TV Globo, foi transmitida ao vivo da Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, no Globoplay e na Multishow.

Mais comportado e protocolar do que os de sua atual turnê, “Meu Coco”, que percorre o Brasil até o fim do ano, o show não foi marcado pela fervura política que dá o tom de seu último disco, mas por uma exaltação à Bahia em que nasceu e para onde diz querer voltar.

“Quero ir morar na Bahia, cantar no teatro Vila Velha, e quem quiser me ouvir cantar que vá a Salvador”, afirmou à cantora Iza, apresentadora da transmissão, numa entrevista pré-gravada ao ser questionado sobre quais são seus próximos passos e sonhos.

Depois de uma apresentação institucional que atrelava a trajetória de Caetano à da TV Globo, relembrando apresentações por toda a grade de programação da emissora, Caetano assumiu a apresentação com os filhos, exaltando Santo Amaro da Purificação e todo o Recôncavo ao apresentar canções como “Reconvexo” e “Onde o Rio É Mais Baiano”.

O tom melancólico se espalhou ainda pelas homenagens que Caetano fez aos amigos “oitentões”, com “Outros (Doces) Bárbaros”, que cantou em homenagem a Gilberto Gil, o primeiro a chegar aos 80, além de “A Terceira Margem do Rio”, em que celebrou Milton Nascimento, e “Argumento”, direcionada a Paulinho da Viola.

Um dos pontos mais altos se deu quando Bethânia subiu ao palco, descalça como sempre, mas não sem antes o irmão anunciar sua chegada com “Maria Bethânia”, a de Nelson Gonçalves, que Caetano relembrou ter ouvido quando estava prestes a completar quatro anos e que o inspirou a dar esse nome à irmã.

Bethânia não só levou mais animação à plateia, tendo feito todos se levantarem para transformar o palco numa roda de samba ao som de “A Donzela se Casou”, mas foi ainda quem levou o irmão ao único momento politizado da apresentação, com “Maria Bethânia (Betha, Bethânia)”, do seu manifesto “Transa”, que gravou durante o exílio em Londres à época da ditadura militar.

Não que a esta altura alguém não saiba o que Caetano pensa sobre política, Lula ou Bolsonaro, mas fez falta à apresentação mais faixas de “Transa”, clássicos como “Alegria, Alegria” e “Tropicália”, ou até mesmo outras canções de “Meu Coco”, que acabou excluído da comemoração, com só uma de suas faixas, a que dá nome ao disco, tendo sido apresentada.